1-102 - Universidade de Coimbra
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<strong>de</strong>ria trazer, mas esse facto não prescreveu evasivas<br />
torpes ou medidas ridiculas. Muito pelo contrario veio<br />
attestar que a nação se i<strong>de</strong>ntificára com os seus males,<br />
que só á fatalida<strong>de</strong> foram <strong>de</strong>vidos; e a medicina chamada<br />
a intervir—-em momento tão <strong>de</strong>cisivo—-soube<br />
librar-se bem alto, <strong>de</strong> fórma a extinguir a moléstia, á<br />
custa d'uma <strong>de</strong>dicação que tocou o fanatismo.<br />
E, estes esforços não se assignalaram só na área<br />
bracarense. O exemplo do prelado tinha-se feito ouvir<br />
atravez das provincias e cida<strong>de</strong>s do reino.<br />
Em pouco tempo em cada povoação se levantára<br />
um hospital; a abnegação prelaticia levára toda a gente<br />
a esquecer que a moléstia era contagiosa; e, a meio da<br />
epi<strong>de</strong>mia pô<strong>de</strong> dizer-se que ella empregára a todos,<br />
pois em Portugal, os que por este tempo, não eram<br />
empestados foram naturalrqente enfermeiros.<br />
E, <strong>de</strong> tal modo se empenharam na lucta, diz o<br />
chronista, que o flagello per<strong>de</strong>u terreno, <strong>de</strong>rivou n'um<br />
mal vulgar e <strong>de</strong>clinou <strong>de</strong> vez a partir <strong>de</strong> 1571.<br />
Da origem pouco se conhece.<br />
Esta não ficou suficientemente <strong>de</strong>vassada, como<br />
pô<strong>de</strong> vêr-se da divergencia dos escriptos. Imaginam<br />
uns que fosse proveniente do contagio <strong>de</strong> Sevilha, que<br />
então caminhava em Hespanha. Suppõem outros que<br />
viesse dltalia trazido a Lisboa por embarcações, vindas<br />
<strong>de</strong> Veneza — on<strong>de</strong> pela mesma epocha reinava<br />
também a peste.<br />
Ora a primeira fonte não nos parece bastante natural<br />
em vista dos escriptos que nos ficaram; sabe-se<br />
que o flagello que então grassou em Hespanha se circumscreveu<br />
á cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que tomou o nome.<br />
Resta a segunda .causa : —- é a mais provável.<br />
Quando Portugal se viu a braços com a peste <strong>de</strong> 69