1-102 - Universidade de Coimbra

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«A estação em que os invasores chegaram — diz
«Herculano—ás margens do Tejo, e as febres que
«ainda hoje costumam reinar pela Estremadura du-
«rante o ardor da canicula são circumstancias que
«ajudam a aclarar a causa do procedimento ulterior
«de Yacub (i), procedimento que um chronista inglês
«contemporâneo, levado da vaidade nacional, attribue
«ao temor produzido pela vinda dos cruzados e que
«nós cremos ter unicamente nascido do estrago que
«faziam no exercito sarraceno a malignidade do clima
«n'aquella quadra e a falta de victualhas. Acaso, elle
«proprio foi tocado do mal que grassou entre a solda-
« desça».
Ora este mal, que Herculano testemunha com
uma Inscripção do tempo (2), foi para muitos a primeira
peste que invadiu o reino.
Confundindo-a com os acontecimentos coevos,
Christovão Acenheiro pauta-lhe a data de 1228; designa-a
como tendo sido uma característica epidemia do
Levante; e accrescenta-lhe com Ruy de Pina, Nunes de
Leão e outros mais duas invasões congeneres (3). No
anno de 1228 — dizem — tiveram logar a morte de
Fernando de Hespanha, a entrada dAlbozaque e as
febres. Estas — accrescentam desavisadamente — foram
talvez communs á epocha e uma derivação natural
das invernias que na occasião se deram e das guerras
que então nos agitaram (4).
(1) A suspensão das hostilidades.
(2) Herculano — Hist. de Port. Tom. 11, 5." edição.
Inscripc. de Thomar — Vej. R. Hoveden. Ann.
(3) Inedites de Hist. Port. — Chron. dos Senh. Reis.
(4) Meirelles — Epidemol. Portug. Coimbra, 1866.