1-102 - Universidade de Coimbra
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cabo <strong>de</strong> doze mezes soffrear-lhe o ímpeto e expulsal-a<br />
da província.<br />
A segunda epi<strong>de</strong>mia da circumscripção do Algarve<br />
suppõe-se uma reviviscencia da antece<strong>de</strong>nte.<br />
Começou em Faro por 1649, sem que no primeiro<br />
impeto fosse bem conhecida; <strong>de</strong>pois fez-se o diagnostico<br />
e tomaram-se as reservas do costume; entretanto<br />
tinha alcançado Silves e Loulé, Lagos e outros pontos<br />
da província. Não houve meio <strong>de</strong> a soffrear no<br />
primeiro embate. Seguiu e cruzou em quasi todas as<br />
direcções o Algarve, terminando <strong>de</strong> vez em I65I.<br />
No anno <strong>de</strong> i65o suppoz-se que o contagio<br />
tinha acabado. Foram, porém, prematuras as manifestações<br />
<strong>de</strong> regosijo do povo algarvio.<br />
Em Junho d'aquelle anno, a calamida<strong>de</strong> voltou —<br />
diz o jesuita Antonio Franco — conduzida por uma setia<br />
vinda <strong>de</strong> Castella, e favorecida pelas chuvas que, em<br />
concurso com a putrefacção d'uma baleia que o vendaval<br />
arrojára á praia, preparou o terreno (1).<br />
Esta origem parece-nos inverosímil. A doença <strong>de</strong><br />
165o foi naturalmente <strong>de</strong>rivada do primeiro contagio algarvio.<br />
Entretanto <strong>de</strong>ve lembrar-se que o espaço intervallado<br />
pelos annos <strong>de</strong> 46 e 5o foi para Hespanha uma<br />
epocha <strong>de</strong> continuas <strong>de</strong>vastações epi<strong>de</strong>micas, talvez<br />
filiadas em Argel, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> se diz que o flagello passou<br />
a Valencia n'uma carregação <strong>de</strong> pelles.<br />
(1) Meirelles. M. <strong>de</strong> Epi<strong>de</strong>m. loc. cit.