1-102 - Universidade de Coimbra

68
«rarão a pé quedo e se deixarão morrer entre seus
«fregueses» (i).
Frei Bartholomeu visitava diariamente os enfermos,
procurava as informações dos médicos, inquiria
dos recursos dos empestados e suppria com as sobras
da mitra as necessidades dos doentes. Mandou vigiar
as portas de Braga para que a gente defóra não continuasse
o inficionamento; e, no intuito de purificar o
ambiente da cidade, aconselhou a remoção de todas as
immundicies, prohibiu a entrada dos gados e ordenou
que se accendessem grandes fogueiras em toda a circumscripção
infecta (2).
O bispo nada temia, diz um escriptor contemporâneo,
porque á sua alma desolada pelo ascetismo bastava
a satisfação dos deveres cumpridos. Estes buscava-os
para tranquillidade do espirito — em bem da
Fé. Da sua pessoa nada se importava.
A nação seguia-o, porque no tormentoso perpassar
das extranhas vicissitudes d'esta epocha pretendia
salvar-se perante a historia e só no heroísmo
confiava.
Este salienta-se bem. Se confrontamos as medidas
que então se tomaram com aquellas que posteriormente,
em momentos correspondentes, foram adoptadas
em alguns fócos epidemicos, relativamente importantes,
distanciamo-nos das vergonhas de Marselha e
dos terrores burlescos de Moscow. Houve a perfeita
consciência dos effeitos que o seguimento do mal po-
(1) Carta do Arcebispo Primaz a Sua Alteza Real, de 4 de
Março de 1570. Fr. Luiz de Souza. Obr. cit.
(2) Vieira de Meirelles — Loc. cit.