18.04.2013 Views

Hipólito e Fedra nos caminhos de um mito - Universidade de Coimbra

Hipólito e Fedra nos caminhos de um mito - Universidade de Coimbra

Hipólito e Fedra nos caminhos de um mito - Universidade de Coimbra

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Claudio Castro Filho<br />

acost<strong>um</strong>ado em tempos <strong>de</strong> novas tecnologias não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser <strong>um</strong> alento para<br />

inscrever no futuro o legado <strong>de</strong> <strong>nos</strong>so próprio tempo. Afinal, não já era esse<br />

o intuito dos Antigos? Ou como teriam chegado ao alcance dos <strong>nos</strong>sos olhos<br />

as palavras euripidianas que aqui <strong>nos</strong> inspiram? <strong>Hipólito</strong> e <strong>Fedra</strong>: <strong>nos</strong> <strong>caminhos</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>um</strong> <strong>mito</strong> nasce, assim, da <strong>nos</strong>sa <strong>nos</strong>talgia dos antigos hypomnemata, livros<br />

<strong>de</strong> apontamentos que materializavam memórias <strong>de</strong> leituras, audiências ou<br />

pensamentos. No conjunto, prestavam-se a releituras que conduzissem a<br />

posteriores meditações (cf. M. Foucault 2006: 147).<br />

Consoante tantas indagações, <strong>de</strong>cidimos inserir a montagem <strong>de</strong> <strong>Hipólito</strong><br />

n<strong>um</strong>a ação cultural mais ampla, tendo o espetáculo, claro está, como norte, mas<br />

não como produto único. E foi assim que, paralelamente à estreia do espetáculo,<br />

organizámos, na tar<strong>de</strong> <strong>de</strong> 6 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2010, o ciclo <strong>de</strong> conferências <strong>Hipólito</strong><br />

e <strong>Fedra</strong>: <strong>nos</strong> <strong>caminhos</strong> <strong>de</strong> <strong>um</strong> <strong>mito</strong>, cujo título contraban<strong>de</strong>ámos para o vol<strong>um</strong>e<br />

aqui apresentado. Realizadas nas <strong>de</strong>pendências do Museu Nacional Machado<br />

<strong>de</strong> Castro, em cujo átrio fora apresentado o espetáculo na noite anterior, as<br />

conferências foram enca<strong>de</strong>adas no sentido <strong>de</strong> fornecerem <strong>um</strong> panorama geral<br />

da evolução do <strong>mito</strong> em questão na consciência oci<strong>de</strong>ntal. Na ocasião, Maria<br />

do Céu Fialho, Fre<strong>de</strong>rico Lourenço, Gustavo Bernardo, Mariana Montalvão<br />

Horta e Costa Matias, Marta Teixeira Anacleto e José Ribeiro Ferreira<br />

apresentaram aliciantes reflexões sobre <strong>Hipólito</strong> e <strong>Fedra</strong>, nas quais procuraram<br />

não só dar a conhecer a presença do <strong>mito</strong> em diversos braços da <strong>nos</strong>sa cultura (a<br />

literatura, a filosofia, a psicanálise, as artes), mas que, igualmente, espelhavam as<br />

suas impressões como espectadores (ou, no caso <strong>de</strong> Lourenço, colaboradores)<br />

da encenação que o Thíasos apresentara.<br />

O diálogo entre cena e pensamento teórico, que aquela tar<strong>de</strong> primaveril<br />

a todos propiciou, serviu como <strong>um</strong> incentivo a mais para alinhavarmos o<br />

projeto <strong>de</strong>ste livro. A encenação do Thíasos continua a servir <strong>de</strong> mote: a ela<br />

são <strong>de</strong>dicadas as reflexões da última parte do vol<strong>um</strong>e, assim como as imagens<br />

reproduzidas nas estampas que separam cada <strong>um</strong>a das partes, fotografias <strong>de</strong><br />

ensaio e <strong>de</strong> espetáculo da proprieda<strong>de</strong> do grupo. Os colaboradores, porém,<br />

tiveram total liberda<strong>de</strong> na abordagem dos seus temas <strong>de</strong> estudo, aqui alargados<br />

para além dos já apresentados no ciclo <strong>de</strong> conferências. Assim, bem-vindos<br />

foram os novos integrantes, que se somaram aos participantes do ciclo e<br />

<strong>nos</strong> permitiram aprofundar o <strong>nos</strong>so <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> editar <strong>um</strong> vol<strong>um</strong>e que não só<br />

registasse o processo <strong>de</strong> criação do espetáculo alavancado pelo Thíasos, mas<br />

que fosse manifesto do tom da reflexão sobre esse <strong>mito</strong> antigo no <strong>nos</strong>so próprio<br />

tempo: que fazem <strong>Hipólito</strong> e <strong>Fedra</strong> entre nós, afinal? Dado o entusiasmo com<br />

que cada <strong>um</strong> dos convidados aceitou o <strong>de</strong>safio, não <strong>nos</strong> resta a menor dúvida <strong>de</strong><br />

que os objetivos levados em conta foram mais que conseguidos.<br />

Foi na busca <strong>de</strong> <strong>um</strong> espaço aberto a pensar sobre o <strong>mito</strong> <strong>de</strong> <strong>Hipólito</strong> e<br />

<strong>Fedra</strong>, tanto nas suas matrizes propriamente clássicas (especialmente as obras<br />

8

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!