A CAPA - Conselho Regional de Medicina do Estado do Paraná
A CAPA - Conselho Regional de Medicina do Estado do Paraná
A CAPA - Conselho Regional de Medicina do Estado do Paraná
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
house<br />
<br />
<br />
Sabemos que exercemos a cidadania, o<br />
equilíbrio <strong>de</strong> direitos e <strong>de</strong>veres, na vida da<br />
cida<strong>de</strong>. Quan<strong>do</strong> votamos, quan<strong>do</strong> praticamos um preito coletivo,<br />
estamos lá como cidadãos. A pessoalida<strong>de</strong> é diferente.<br />
Somos pessoas únicas, como tal não temos o pertencimento<br />
espanhol <strong>do</strong> cidadão, só nos pertencemos. Únicos e<br />
insubstituíveis, o sujeito se pertence em sua pessoalida<strong>de</strong>.<br />
E é sobre essa pessoa que o médico age, sobre esse ser<br />
inviolável. Então, cabe a pergunta a propósito <strong>de</strong> House: o<br />
profissional que só pensa nos meios para atingir um fim, no<br />
caso o diagnóstico, será útil? Será que não se torna mais<br />
iatrogênico? É sobre isto que <strong>de</strong>vemos pon<strong>de</strong>rar.<br />
Claro que o médico que utiliza to<strong>do</strong>s os meios para<br />
atingir um único objetivo, o diagnóstico, tem que pesar<br />
riscos e benefícios. Utiliza méto<strong>do</strong>s, meios, e isso <strong>de</strong>ve<br />
ser ajusta<strong>do</strong> para alcançar os bons fins. Mas, note, mesmo<br />
que não se importe com a pessoa, e sim com sua competência,<br />
curiosida<strong>de</strong> e vaida<strong>de</strong>, se fizer bem-feito, e <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
que utilize os méto<strong>do</strong>s a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s, chegará a um bom<br />
fim, e, portanto, por via oblíqua estará dan<strong>do</strong> o melhor<br />
à pessoa. Afinal, quan<strong>do</strong> um eletricista vai à sua casa, o<br />
que interessa a si, preza<strong>do</strong> leitor, é sua capacida<strong>de</strong> para<br />
resolver o problema, e não sua simpatia. Claro que se<br />
10<br />
PALAVRAS DE MESTRE<br />
simpático for será muito melhor. No caso médico seria a<br />
empatia. Então está respondida a questão. O médico puramente<br />
técnico po<strong>de</strong>, sim, ser humano. Agora, se você<br />
me perguntar se o mesmo profissional for aten<strong>de</strong>r uma<br />
somatização, para a qual não há técnica disponível para<br />
cura, respon<strong>do</strong> que não. Não terá a necessária arte. Aí,<br />
House sucumbiria. Aliás, nem teria saco!<br />
“Aqui estou com a esperança <strong>de</strong> que é possível começar <strong>de</strong> novo e sanar minha vida pensan<strong>do</strong><br />
em coisas aprendidas, com a tal força que o tempo não apagará as coisas, os lugares, e tu<strong>do</strong> será<br />
mais verda<strong>de</strong>iro <strong>do</strong> que foi.”<br />
Czeslaw Milosz (escritor polonês naturaliza<strong>do</strong> norte-americano; nobel <strong>de</strong> literatura, 1980).<br />
Sobre o aprendi<strong>do</strong> e vivi<strong>do</strong>, no tempo da lembrança e da esperança.<br />
• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •<br />
“Não acredite numa coisa sem ter boa razão para fazê-lo.”<br />
Dr. Mauricio Oscar da Rocha e Silva (1910/1983), <strong>de</strong>scobriu a bradicinina.<br />
Sobre crença indissociada da razão.