A CAPA - Conselho Regional de Medicina do Estado do Paraná
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fecções bacterianas recentes ou uso <strong>de</strong> drogas en<strong>do</strong>venosas;<br />
imunossupressão);<br />
PACIENTES COM SINTOMAS DE SÍNDROME DA CAUDA<br />
EQÜINA (anestesia em sela; disfunção <strong>de</strong> esfíncter; <strong>de</strong>ficit<br />
neurológico <strong>de</strong> membros inferiores). Note-se que, no caso<br />
em questão, apesar <strong>de</strong> existir diminuição <strong>de</strong> reflexos tendinosos,<br />
essa não é uma alteração que possa ser atribuída à<br />
compressão radicular. A diminuição é generalizada e po<strong>de</strong><br />
ser explicada por neuropatia diabética. Lembre que ela<br />
também tem sintomas <strong>de</strong> <strong>do</strong>r parestésica em mm ii...<br />
• • • • • • • • • • • •<br />
2. Na prescrição <strong>de</strong> um AINH.<br />
Embora os AINHs, por serem bons analgésicos possam<br />
ser <strong>de</strong> valia em casos <strong>de</strong> <strong>do</strong>r lombar como a da D.<br />
Maria, não se po<strong>de</strong> esquecer <strong>de</strong> que ela também é hipertensa<br />
e tem diabetes <strong>de</strong> longa duração. Esses pacientes,<br />
mesmo com creatinina normal, têm função renal residual<br />
diminuída, a qual po<strong>de</strong> vir a ser prejudicada pelo uso <strong>do</strong><br />
antiinflamatório. Os AINHs, mesmo os inibi<strong>do</strong>res seletivos<br />
<strong>de</strong> COX-2, diminuem taxa <strong>de</strong> filtração glomerular e<br />
po<strong>de</strong>m agravar a situação.<br />
Pacientes com <strong>do</strong>r lombar crônica necessitam <strong>de</strong><br />
analgesia – que po<strong>de</strong> ser conseguida com analgésicos<br />
puros, que não têm efeito in<strong>de</strong>seja<strong>do</strong> sobre a função renal.<br />
No caso específico <strong>de</strong> D. Maria, que é diabética e<br />
tem sintomas que sugerem neuropatia diabética, o uso<br />
<strong>de</strong> tricíclicos po<strong>de</strong>ria ter si<strong>do</strong> associa<strong>do</strong>.<br />
AINHS po<strong>de</strong>m ser usa<strong>do</strong>s em pacientes jovens e sem<br />
as comorbida<strong>de</strong>s mencionadas. Nesse último caso, após<br />
constatar-se a falha <strong>de</strong> um AINH toma<strong>do</strong> em <strong>do</strong>ses a<strong>de</strong>quadas<br />
e por tempo a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>, po<strong>de</strong>-se, sim, tentar um<br />
segun<strong>do</strong>, visto que a resposta ao AINH é muito individual.<br />
• • • • • • • • • • • •<br />
3. Na prescrição <strong>de</strong> um medicamento para tirar <strong>do</strong>r,<br />
sob <strong>de</strong>manda, ou seja, se necessário.<br />
Analgesia é melhor conseguida em uso <strong>de</strong> medicamento<br />
em horários fixos e não sob <strong>de</strong>manda. No caso<br />
<strong>de</strong> D. Maria, a <strong>do</strong>r gera tensão muscular, que por sua<br />
vez, gera mais <strong>do</strong>r. Além disso, pacientes com <strong>do</strong>res não<br />
tratadas a<strong>de</strong>quadamente por perío<strong>do</strong>s mais prolonga<strong>do</strong>s<br />
po<strong>de</strong>m, pelo fenômeno <strong>de</strong> neuroplasticida<strong>de</strong>, aumentar<br />
sua sensibilida<strong>de</strong> a esse sintoma.<br />
• • • • • • • • • • • •<br />
4. Na falta <strong>de</strong> orientações quanto à diminuição <strong>de</strong><br />
peso, exercícios e postura.<br />
Parece incrível, mas muitos pacientes esperam resolver<br />
o seu problema <strong>de</strong> <strong>do</strong>r nas costas engolin<strong>do</strong> pílulas... É fundamental<br />
que seja explica<strong>do</strong> que o medicamento utiliza<strong>do</strong><br />
é apenas um analgésico que não muda o problema subjacente.<br />
D. Maria <strong>de</strong>veria ter si<strong>do</strong> informada que, para que a<br />
<strong>do</strong>r não volte, ela necessita educar a sua postura, diminuir o<br />
peso e fazer exercícios que fortaleçam a musculatura ab<strong>do</strong>minal<br />
e procurem corrigir a sua hiperlor<strong>do</strong>se lombar.<br />
• • • • • • • • • • • •<br />
5. Ao pedir que D. Maria faça repouso absoluto.<br />
Outrora em moda, não tem si<strong>do</strong> prova<strong>do</strong> que o repouso<br />
seja eficiente no manejo da <strong>do</strong>r lombar. Têm si<strong>do</strong><br />
constata<strong>do</strong>, sim, alguns prejuízos com o seu uso. O primeiro<br />
<strong>de</strong>les é o <strong>de</strong>scondicionamento da musculatura. O<br />
segun<strong>do</strong>, a sensação <strong>de</strong> "invali<strong>de</strong>z" gerada por essa recomendação.<br />
Muitas das <strong>do</strong>res lombares sofrem influência<br />
psicossomática. Muitas estão intimamente ligadas à<br />
falta <strong>de</strong> satisfação com o trabalho. Poucas perspectivas<br />
<strong>de</strong> progresso, incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão sobre as ativida<strong>de</strong>s<br />
laborativas e litígio trabalhista têm si<strong>do</strong> reconheci<strong>do</strong>s<br />
como fatores importantes <strong>de</strong> "não" melhora <strong>de</strong> <strong>do</strong>r<br />
lombar. Uma or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> repouso absoluto <strong>de</strong>ve ser substituída<br />
pela <strong>de</strong> repouso relativo, procuran<strong>do</strong>-se manter o<br />
paciente o mais ativo possível.<br />
Drª. Thelma Skare (PR).<br />
Para ler mais: MCCANEY K., EVANS P. Low Back Pain. Primary Care: Clinics in Office Practice, 2007, vol. 34(1): 71-82<br />
testes clínicos<br />
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