18.04.2013 Views

A CAPA - Conselho Regional de Medicina do Estado do Paraná

A CAPA - Conselho Regional de Medicina do Estado do Paraná

A CAPA - Conselho Regional de Medicina do Estado do Paraná

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

house<br />

A consulta é realmente única. E ter acompanhante,<br />

familiar ou não, queren<strong>do</strong> filar, é irritante. Tipo: "– Doutor,<br />

dá para dar uma olhadinha na minha pressão?"<br />

– Minha senhora, estou com um problema, meu aparelho<br />

acabou <strong>de</strong> ficar <strong>de</strong>scalibra<strong>do</strong>! Esta seria uma maneira<br />

elegante. Já House, o incontinente, diria simplesmente:<br />

– Não. Marque uma consulta! Justo, embora boquirroto.<br />

A propósito, o Iátrico nº. 6 revelou o diálogo havi<strong>do</strong> em<br />

seu tempo, lenda ou realida<strong>de</strong> fica a seu gosto, entre o<br />

famoso Dr. Miguel Couto e uma paciente, acompanhada<br />

<strong>de</strong> amiga, enquanto passeavam por Copacabana. Vale a<br />

pena recordar o episódio, saben<strong>do</strong>-se que estavam num<br />

passeio:<br />

– Como vai, <strong>do</strong>utor, bonita manhã, não?<br />

– Bonita e <strong>de</strong> mar calmo, respon<strong>de</strong>u com palavras <strong>de</strong><br />

ocasião.<br />

A amiga, visivelmente excitada com tão ilustre figura,<br />

irrompe:<br />

– Por favor, <strong>do</strong>utor, tenho uma <strong>do</strong>r na barriga aborrecida,<br />

sobe e <strong>de</strong>sce, vai pras costas, incomoda to<strong>do</strong>s os<br />

dias, e ninguém acha o que é, qual sua opinião?<br />

– Minha senhora, fala serenamente o velho mestre,<br />

dispa-se e <strong>de</strong>ite-se!<br />

Quer dizer, tu<strong>do</strong> tem hora, vez e lugar, e a impertinência,<br />

às vezes, <strong>de</strong>ve ser castigada.<br />

Já na renovação <strong>de</strong> prescrição por telefone há que se<br />

ter muito cuida<strong>do</strong>. É uma das maneiras mais freqüentes<br />

<strong>de</strong> filar consulta. Quan<strong>do</strong> não se conhece bem o paciente,<br />

nunca emitir. Quan<strong>do</strong> o paciente tem um seguro médico,<br />

<strong>de</strong>ve-se seguir as regras. Quan<strong>do</strong> é particular e você conhece<br />

sua vida financeira, ter equilíbrio é necessário. Mas,<br />

para potenciais abusa<strong>do</strong>res, o aviso pessoal ou pela secretária<br />

da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nova consulta se faz necessário.<br />

Também é um momento pedagógico. Exemplifico: paciente<br />

com artrite reumatói<strong>de</strong> controla<strong>do</strong> com polifarmácia ten<strong>do</strong><br />

entre os medicamentos um controla<strong>do</strong>. Digamos um com-<br />

8<br />

primi<strong>do</strong> ao dia. Pela regra só po<strong>de</strong>mos receitar 60 comprimi<strong>do</strong>s.<br />

Mas o paciente está controla<strong>do</strong> há <strong>do</strong>is anos, clínica<br />

e laboratorialmente, sem quaisquer alterações <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong><br />

ou toxicida<strong>de</strong>, tem vínculo e personalida<strong>de</strong> estável, e<br />

você resolve programar a nova consulta para três meses.<br />

Ao final <strong>de</strong> <strong>do</strong>is meses precisa<br />

renovar a receita para mais 30 "AH, OS ATESTADOS. CERTO<br />

dias. Nada a obstar. Agora se a AMIGO, NO ANTIGO INAMPS,<br />

<strong>do</strong>ença não estiver controlada, ASSIM QUE O PACIENTE<br />

ou houver discreta alteração nas ADENTRAVA O CONSULTÓRIO,<br />

enzimas hepáticas, ou não hou- CONFORME A ECTOSCOPIA, A<br />

ver vínculo e você não tiver con- PALO SECO PROFERIA: ATESfiança<br />

na paciente, claro que an- TADO OU CONSULTA?"<br />

tecipar a consulta e não renovar<br />

a prescrição é a boa norma. Entenda ou não o paciente. E o<br />

exemplo da<strong>do</strong> não é <strong>de</strong> psicotrópico, o que po<strong>de</strong>ria ensejar<br />

outra leitura. O que faria House? Encaminharia para um<br />

colega. House não faz seguimento clínico, apenas aparece<br />

em momentos <strong>de</strong>cisivos. Seguir o que é conheci<strong>do</strong> para ele<br />

<strong>de</strong>ve ser entediante.<br />

Ah, os atesta<strong>do</strong>s. Certo amigo, no antigo INAMPS, assim<br />

que o paciente a<strong>de</strong>ntrava o consultório, conforme a<br />

ectoscopia, a palo seco proferia: atesta<strong>do</strong> ou consulta? O<br />

susto <strong>de</strong>via ser o mesmo <strong>do</strong> "a bolsa ou a vida". De acor<strong>do</strong><br />

com a reação, já sabia se se tratava <strong>de</strong> um ilícito ou<br />

não. Brinca<strong>de</strong>ira à parte, atesta<strong>do</strong> é coisa séria, e como<br />

qualquer outra coisa, é necessário primeiro conhecer<br />

para <strong>de</strong>pois praticar. To<strong>do</strong> jovem profissional só <strong>de</strong>veria<br />

expedir um atesta<strong>do</strong> <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> saber o que diz a respeito<br />

o código <strong>de</strong> ética médica e tirar suas dúvidas no respectivo<br />

CRM. Quan<strong>do</strong> se conhece bem uma legislação temos<br />

mais convicção para praticá-la e, no caso, negar uma ilicitu<strong>de</strong>.<br />

House diria que o paciente está mentin<strong>do</strong>, aliás<br />

como pensa em relação a to<strong>do</strong>s, e que é um "píssico".<br />

Pensan<strong>do</strong> bem, a situação não se lhe apresentaria, porque<br />

é um hospitalista, pouco aten<strong>de</strong> fora <strong>do</strong> Plainsboro, e

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!