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A CAPA - Conselho Regional de Medicina do Estado do Paraná

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<strong>do</strong>entes graves, ditos orgânicos. Raramente aten<strong>de</strong>ria simula<strong>do</strong>res,<br />

a não ser que elaborassem uma gran<strong>de</strong> produção<br />

no próprio corpo e, por isso, fossem interna<strong>do</strong>s.<br />

A maioria <strong>do</strong>s médicos em evolução prematura (nada<br />

como um bom eufemismo), acreditam que seus pacientes<br />

tomam os remédios prescritos. Ainda não leram nada<br />

sobre a<strong>de</strong>são terapêutica e suas dificulda<strong>de</strong>s. Então vale<br />

um caso verda<strong>de</strong>iro recente. Paciente hipertensa grave<br />

<strong>de</strong> longa duração, <strong>de</strong> muitas consultas e muitos médicos,<br />

por óbvio não a<strong>de</strong>rente, vai a novo facultativo que, como<br />

outros, lhe explica a necessida<strong>de</strong> <strong>do</strong> tratamento para<br />

evi tar morbimortalida<strong>de</strong>, e craneia um único comprimi<strong>do</strong><br />

com mais <strong>de</strong> uma substância ativa e em <strong>do</strong>se única<br />

para facilitar a<strong>de</strong>rência. Ao chegar em casa, à espera,<br />

velha amiga que ao saber da nova consulta lhe pergunta<br />

como foi. Tiran<strong>do</strong> o remédio da bolsa, já compra<strong>do</strong>, diz<br />

que o médico foi simpático e até a examinou, e falou que<br />

o novo medicamento controlaria sua pressão, mas não<br />

po<strong>de</strong>ria pará-lo. A amiga olhou os comprimi<strong>do</strong>s, fez uma<br />

cara <strong>de</strong> espanto, e disse-lhe: –"Você não <strong>de</strong>ve tomar, é<br />

comprimi<strong>do</strong> muito gran<strong>de</strong>, vai baixar <strong>de</strong>mais sua pressão!"<br />

Adivinha se não continuou o "shopping <strong>do</strong>ctor"!... O<br />

que House faria se intuís-<br />

"O QUE HOUSE FARIA SE INTUÍSse<br />

a non-compliance? Se<br />

SE A "NON-COMPLIANCE"? SE<br />

possível, claro que <strong>do</strong>saria<br />

POSSÍVEL, CLARO QUE DOSARIA<br />

a substância no sangue e,<br />

A SUBSTÂNCIA NO SANGUE E, SE<br />

se <strong>de</strong>scoberto o embus-<br />

DESCOBERTO O EMBUSTE, NÃO<br />

te, não mais aten<strong>de</strong>ria a<br />

MAIS ATENDERIA A PACIENTE. "POpaciente.<br />

"Ponha-se daqui<br />

NHA-SE DAQUI PARA FORA", PARA<br />

para fora", para gáudio<br />

GÁUDIO DOS INTOLERANTES."<br />

<strong>do</strong>s intolerantes.<br />

E os pacientes prolixos. Os populares bobinas. Noway.<br />

É feito perua. Não tem solução, é da natureza. Uma<br />

vez prolixo, só com muita arte, engenho e esforço, o cara<br />

se atenua. Manja, <strong>de</strong>sbasta um pouco. E não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

classe, educação ou inteligência. As últimas só refinam<br />

house<br />

a prolixida<strong>de</strong>. Por isso, os benditos sintetiza<strong>do</strong>res – não<br />

confundir com instrumento musical –, esses sim, <strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s<br />

da mais nobre função cerebral, a nobilíssima síntese, são<br />

aprecia<strong>do</strong>s por toda a categoria. E pelo House, claro.<br />

Banho é bom, não? Inda mais num patropi. Estamos<br />

to<strong>do</strong>s <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong>s fracos e oprimi<strong>do</strong>s, respeitamos sua<br />

condição carente, auxiliamos muito a promover sua saú<strong>de</strong><br />

ou a curar suas <strong>do</strong>enças, mas convenhamos: bom<br />

mesmo é um cheirinho bom, tipo "pobre mas assea<strong>do</strong>". E<br />

nada a ver com preconceito. Porque também tem uns riquinhos<br />

que não são nada assea<strong>do</strong>s e pegam forte numa<br />

daquelas essências grifadas. Você diria: mas ser médico<br />

é sobretu<strong>do</strong> saber lidar com o apuro olfatório, sejam<br />

<strong>de</strong>lica<strong>do</strong>s ou nauseabun<strong>do</strong>s. Afinal, quem como nós, observa<br />

e cheira as vertentes <strong>do</strong>s emunctórios humanos<br />

é especialista nessas nuances. Nada a obstar. Agora, o<br />

que é intolerável mesmo, e é o que diria House explicitan<strong>do</strong><br />

essa contrarieda<strong>de</strong>, é um perfume sem qualida<strong>de</strong>,<br />

a<strong>do</strong>cica<strong>do</strong> e excessivo, vulgo <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ante imediato <strong>de</strong><br />

enxaqueca clássica. O intolerável o<strong>do</strong>r <strong>de</strong> essências bárbaras.<br />

Mas também é provável que House não a tivesse.<br />

Já lhe basta uma <strong>do</strong>r crônica, a da perna, e seu vicodin<br />

talvez a prevenisse. Mas que cheiraria torto, não tenham<br />

dúvida.<br />

E aqueles opúsculos <strong>de</strong> frutas exóticas, <strong>de</strong> ilhas paradisíacas,<br />

verda<strong>de</strong>iras panacéias para curas e prevenções?<br />

Tal qual as páginas impressas da Internet que os<br />

pacientes fazem questão que as leiamos no ato da consulta,<br />

ou recortes <strong>de</strong> jornais e revistas cola<strong>do</strong>s a fun<strong>do</strong><br />

firme zelosamente trazi<strong>do</strong>s para beneficiarem outros<br />

pa cientes... Há que ter paciência, muita paciência. Coisa<br />

que certamente House não teria. E, por isso, às vezes,<br />

gostaríamos <strong>de</strong> sê-lo. Sem a tal noblesse oblige. Ou seja,<br />

só com firmeza <strong>de</strong> propósitos.<br />

P.S. Aos incontinentes sugerimos a leitura <strong>de</strong> "Falar <strong>de</strong>mais...<br />

ou <strong>de</strong> menos" ,no Iátrico nº. 9.<br />

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