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A CAPA - Conselho Regional de Medicina do Estado do Paraná

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cinema<br />

<br />

<br />

Alfred Joseph HITCHCOCK<br />

O mestre <strong>do</strong> suspense. Tal perífrase está tão atrelada<br />

ao sobrenome <strong>de</strong>ste diretor que se tornou até um clichê.<br />

Do mesmo mo<strong>do</strong>, qualquer programa <strong>de</strong> TV mais<br />

sensacionalista, ao tentar criar alguma expectativa no<br />

público, faz uso da famosa trilha sonora <strong>de</strong> Bernard<br />

Herrmann em Psicose (Psycho), <strong>de</strong> 1960, com aqueles<br />

acor<strong>de</strong>s estri<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> violino. Esses conceitos tão incrusta<strong>do</strong>s<br />

nas pessoas não vêm ao acaso. Afinal, o que<br />

levou Hitchcock a obter o posto que até hoje permanece<br />

ainda inabalável? Entre vários fatores, <strong>de</strong>stacam-se seu<br />

planejamento e sua criativida<strong>de</strong> em utilizar as técnicas<br />

cinematográficas para manipular a atenção e a reação<br />

<strong>do</strong> especta<strong>do</strong>r. Antes <strong>de</strong> iniciar as filmagens, o diretor<br />

repassava minuciosamente com o roteirista o filme<br />

inteiro. Chegava ao set já ten<strong>do</strong> <strong>de</strong>cora<strong>do</strong> as cenas a<br />

serem filmadas, quais posições <strong>de</strong> câmera fazer (<strong>de</strong>cupagem)<br />

e o que exigir <strong>do</strong>s atores. To<strong>do</strong>s esses aspectos<br />

convergiam, conscientemente, para um único objetivo:<br />

envolver o público. Aí está um gran<strong>de</strong> ensinamento para<br />

aos médicos! Assim como o especta<strong>do</strong>r vai ao cinema<br />

em busca <strong>de</strong> arte (reflexão) ou entretenimento (diversão),<br />

o paciente vai ao consultório a fim <strong>de</strong> um tratamento.<br />

Com o princípio <strong>de</strong> Hitchcock em mente, o bom<br />

médico sabe que to<strong>do</strong> o seu arsenal técnico está em<br />

favor <strong>de</strong> uma só pessoa: o paciente. Assim, <strong>de</strong>s<strong>do</strong>brase<br />

para envolvê-lo e "manipulá-lo" em prol <strong>do</strong> objetivo<br />

intenciona<strong>do</strong>. Logicamente, "manipular" aqui, longe <strong>de</strong><br />

intenções escusas, refere-se à capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> planejar<br />

e direcionar.<br />

Tu<strong>do</strong> isso este cineasta fazia e sem <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> la<strong>do</strong> o<br />

bom humor. Des<strong>de</strong> o filme O Inquilino (The Lodger), <strong>de</strong><br />

1926, terceiro <strong>de</strong> sua filmografia, ele passou a rubricar<br />

40<br />

suas obras com uma aparição fugaz na tela, em uma<br />

espécie <strong>de</strong> brinca<strong>de</strong>ira com o especta<strong>do</strong>r.<br />

As biografias <strong>de</strong> Hitchcock contam que sua família<br />

era católica e que ele tinha uma certa hostilida<strong>de</strong> em<br />

relação às mulheres, <strong>de</strong>s-<br />

"O PRÓPRIO CINEASTA SE VALEU<br />

tacan<strong>do</strong>-se a figura repres-<br />

DOS ELEMENTOS DA PSICANÁLIsora<br />

<strong>de</strong> sua mãe. Esse da<strong>do</strong><br />

SE PARA ELABORAR A MAIORIA<br />

ajuda a compreen<strong>de</strong>r, sob<br />

DE SUAS TRAMAS, COM IMPLICAum<br />

prisma psicanalítico, o ÇÕES OCULTAS NOS SIGNIFICAtom<br />

sa<strong>do</strong>masoquista <strong>do</strong>s re-<br />

DOS DO SUBTEXTO."<br />

lacionamentos entre homem<br />

e mulher em vários <strong>de</strong> seus filmes. O próprio cineasta<br />

se valeu <strong>do</strong>s elementos da psicanálise para elaborar a<br />

maioria <strong>de</strong> suas tramas, com implicações ocultas nos<br />

significa<strong>do</strong>s <strong>do</strong> subtexto.<br />

É natural que, ao longo <strong>do</strong>s mais <strong>de</strong> 50 filmes <strong>de</strong> Hitchcock,<br />

alguns sejam menos expressivos. Entretanto,<br />

o esmero técnico e artístico presente em pelo menos<br />

cinco <strong>de</strong> suas obras-primas é suficiente em mostrar a<br />

magnitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste cineasta britânico, que ditou to<strong>do</strong> um<br />

estilo in cessantemente copia<strong>do</strong> em muitos filmes <strong>de</strong><br />

terror psicológico. Seguem-se:<br />

"JANELA INDISCRETA"<br />

(REAR WINDOW) - 1954

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