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A CAPA - Conselho Regional de Medicina do Estado do Paraná

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ta <strong>de</strong> que seria a própria natureza e o tempo que davam<br />

a primazia aos seres casualmente melhores adapta<strong>do</strong>s a<br />

<strong>de</strong>termina<strong>do</strong> cenário.<br />

Segun<strong>do</strong> o próprio Charles,<br />

"CHARLES ROBERT DARWIN ele teria si<strong>do</strong> pouco influencia-<br />

NÃO APENAS DESCOBRIU <strong>do</strong> pelas idéias <strong>do</strong> avô Eras-<br />

A NOÇÃO DO PROCESSO DE mus Darwin (que lhe parecia<br />

SELEÇÃO NATURAL NO EVOLUIR mal fundamenta<strong>do</strong> por fatos<br />

DAS ESPÉCIES. ELE DEDICOU<br />

científicos), e não teve conhe-<br />

TODA A SUA VIDA E ARRISCOU<br />

cimento das fortuitas publica-<br />

SUA REPUTAÇÃO, CONVICTO DA<br />

ções anteriores <strong>de</strong> Wells ou<br />

CORREÇÃO DE SEUS MÉTODOS<br />

Matthew.<br />

E DE SUA CIÊNCIA."<br />

Recean<strong>do</strong> as ferozes reações<br />

que tão revolucionária idéia certamente encontraria,<br />

Charles Darwin permaneceu recolhi<strong>do</strong> pelos próximos<br />

vinte anos apenas coletan<strong>do</strong> e or<strong>de</strong>nan<strong>do</strong> fatos que<br />

corroborassem sua fantástica teoria, sem fazer qualquer<br />

publicação. Era sobremaneira cauteloso e exigia <strong>de</strong> si um<br />

rigor científico incomum.<br />

Em 1844, Charles Darwin redigiu um ensaio sobre<br />

o tema <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> a publicação apenas no caso <strong>de</strong> vir a<br />

morrer inesperadamente.<br />

Sabe-se lá por quantos anos mais Darwin titubearia<br />

em publicar as idéias que sabia serem incendiárias, não<br />

fosse por um curioso inci<strong>de</strong>nte: em junho <strong>de</strong> 1858 chega<br />

às suas mãos um pacote proce<strong>de</strong>nte das ilhas Molucas,<br />

envia<strong>do</strong> pelo amigo e naturalista Alfred Russell Wallace.<br />

A remessa continha nada mais nada menos que um manuscrito<br />

expon<strong>do</strong> sumariamente a mesma convicção: as<br />

espécies evoluem ao serem selecionadas pela natureza!<br />

A carta trazia ainda um pequeno pedi<strong>do</strong>: Charles po<strong>de</strong>ria<br />

fazer a gentileza <strong>de</strong> revisar e provi<strong>de</strong>nciar a publicação<br />

<strong>do</strong> manuscrito?<br />

Foi como se um raio o tivesse atingi<strong>do</strong>. Estavam pedin<strong>do</strong><br />

a Charles Darwin que publicasse sua mais cara<br />

<strong>de</strong>scoberta, em nome <strong>de</strong> outro!<br />

Não, isso não era justo. Charles recorreu então a<br />

evolução<br />

amigos em comum, to<strong>do</strong>s liga<strong>do</strong>s à ciência, para que se<br />

achasse uma solução justa.<br />

O que se seguiu ficou famoso na história da biologia.<br />

No dia primeiro <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1858 – há exatos cento e<br />

cinqüenta anos <strong>de</strong> hoje – o manuscrito <strong>de</strong> Wallace e algumas<br />

afirmações sobre a seleção natural retira<strong>do</strong>s <strong>do</strong> ensaio<br />

<strong>de</strong> 1844 e <strong>de</strong> uma carta <strong>de</strong> Charles Darwin <strong>de</strong> 1857,<br />

foram li<strong>do</strong>s conjuntamente perante a Linnean Society em<br />

Londres. A reunião fora organizada para estabelecer a<br />

priorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Charles Darwin nesta questão. To<strong>do</strong>s os<br />

amigos sabiam <strong>de</strong> suas idéias, sua teoria e da meticulosa<br />

colheita <strong>de</strong> fatos comprobatórios. Como resulta<strong>do</strong>, foi<br />

acorda<strong>do</strong> que a teoria da origem das espécies por meio<br />

<strong>de</strong> seleção natural seria reconhecida como <strong>de</strong> autoria<br />

conjunta <strong>de</strong> Wallace e Darwin.<br />

Curiosamente, mesmo a plêia<strong>de</strong> <strong>de</strong> cientistas que constituíam<br />

a Linnean Society, não <strong>de</strong>u mostras <strong>de</strong> ter se apercebi<strong>do</strong><br />

da gravida<strong>de</strong> e da importância <strong>do</strong> evento pessoalmente<br />

testemunha<strong>do</strong> naquele primeiro <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1858. O<br />

presi<strong>de</strong>nte da entida<strong>de</strong>, ao redigir o relatório <strong>de</strong> encerramento<br />

das ativida<strong>de</strong>s, não via nada <strong>de</strong> memorável naquele<br />

ano; simplesmente assentou: "O ano que se encerra, não<br />

foi marca<strong>do</strong> por quaisquer daquelas <strong>de</strong>scobertas contun<strong>de</strong>ntes<br />

que, por assim dizer, revolucionam <strong>de</strong> imediato o<br />

<strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> ciências a que pertencem".<br />

Ao que parece, se <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>sse da iniciativa da Linnean<br />

Society, a genial <strong>de</strong>scoberta teria uma vez mais<br />

recebi<strong>do</strong> o <strong>de</strong>stino que teve quan<strong>do</strong> animou os espíritos<br />

<strong>de</strong> Wells e Matthew, ou seja, brilha<strong>do</strong> muito pouco e se<br />

<strong>de</strong>stina<strong>do</strong> ao olvi<strong>do</strong>.<br />

Mas <strong>de</strong>sta vez foi diferente. Charles Darwin fora <strong>de</strong><br />

fato atingi<strong>do</strong> por um raio; or<strong>de</strong>nou e alinhavou as incontáveis<br />

notas que reunira no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> tantos anos e,<br />

no dia 24 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1859, publicava um <strong>do</strong>s mais<br />

importantes livros que o espírito humano já produziu: "A<br />

origem das espécies por meio da seleção natural". Os<br />

1.250 exemplares se esgotaram em um dia e, em 7 <strong>de</strong><br />

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