A CAPA - Conselho Regional de Medicina do Estado do Paraná
A CAPA - Conselho Regional de Medicina do Estado do Paraná
A CAPA - Conselho Regional de Medicina do Estado do Paraná
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
um substituto <strong>de</strong>sse temor coletivo. Em nenhum momento<br />
na tela há explicação para o fenômeno; a intenção é a<br />
fantasia e a mera especulação. O final, inclusive, é aberto<br />
e mantém os pássaros à espreita; nas palavras <strong>de</strong> Hitchcock:<br />
"Esquentan<strong>do</strong> o motor para dar a partida".<br />
Saben<strong>do</strong> que os especta<strong>do</strong>res iriam ao cinema para<br />
ver pássaros, o cineasta fez questão <strong>de</strong> retardar o aparecimento<br />
<strong>de</strong>les, em um verda<strong>de</strong>iro teste <strong>de</strong> paciência.<br />
A tensão gerada na platéia vai através <strong>de</strong> um crescen<strong>do</strong><br />
proposital. Do mesmo mo<strong>do</strong> que os pássaros se agrupam<br />
aos poucos para sua agressão coletiva; o ataque<br />
subseqüente é sempre mais grave que o anterior.<br />
Diante das limitações <strong>do</strong>s efeitos especiais da época,<br />
Hitchcock, para intensificar o terror no filme, apropriouse<br />
<strong>do</strong> som <strong>de</strong> um mo<strong>do</strong> como jamais fizera. Ele optou<br />
por retirar toda a música e preencher o silêncio com o<br />
uso planeja<strong>do</strong> <strong>de</strong> diferentes sons, com <strong>de</strong>staque para o<br />
barulho <strong>de</strong> asas e para o cuida<strong>do</strong> <strong>de</strong> não haver o chil-<br />
As trilhas sonoras <strong>do</strong> Iátrico são escolhidas<br />
como "pedras <strong>de</strong> toque", metáforas <strong>do</strong><br />
exemplar, <strong>do</strong> que se tornou clássico. Po<strong>de</strong>m até não ser<br />
<strong>do</strong> gosto <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> médico ouvinte, mas como gosto<br />
se discute, têm a pretensão <strong>de</strong> ser referências melódicas<br />
e vocais. A escolha <strong>do</strong> editor é, claro, arbitrária, mas visa<br />
uma pluralida<strong>de</strong> cosmopolita, sem dar chance à banalida<strong>de</strong><br />
ou à grosseria. Como o mesmo não faz parte <strong>de</strong> nenhuma<br />
coterie, nem a revista tem interesses comerciais,<br />
só culturais, o alvo é provação intelectual e <strong>de</strong>leite.<br />
Nesta edição iniciamos a primeira trilha nacional.<br />
Nela po<strong>de</strong>mos encontrar alguns fragmentos poéticos<br />
já publica<strong>do</strong>s no Iátrico. Fragmentos que se diluem na<br />
alma popular como se <strong>de</strong>la tivessem surgi<strong>do</strong>. E não?<br />
"Era o <strong>do</strong>no <strong>do</strong> negócio/ Sem saber que havia um só-<br />
cinema + música<br />
rear (apelativo) <strong>do</strong>s pássaros. Na cena final, os sons<br />
muito suaves <strong>de</strong>ixam o murmúrio tão frágil a ponto <strong>de</strong> o<br />
público não ter certeza <strong>de</strong> ouvi-lo ou imaginá-lo.<br />
• • • • • • • • • • • •<br />
Apesar <strong>de</strong> todas essas virtu<strong>de</strong>s e <strong>do</strong> sucesso <strong>de</strong> público,<br />
os intelectuais norte-americanos permaneceram<br />
reticentes por um tempo à genialida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Hitchcock.<br />
Já os críticos franceses, na década <strong>de</strong> 50, <strong>de</strong>stacaram<br />
o trabalho <strong>de</strong>ste diretor que, mesmo inseri<strong>do</strong> no meio<br />
industrial hermético <strong>de</strong> Hollywood, conseguia imprimir<br />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> às suas obras. A partir daí, sua importância<br />
no Cinema tornou-se unanimida<strong>de</strong> que, aliás, impera<br />
até hoje. Em 1995, a revista Time Out, em comemoração<br />
pelos cem anos <strong>do</strong> Cinema, fez uma eleição para o<br />
melhor diretor <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os tempos. A maioria <strong>do</strong>s cem<br />
cineastas votantes, ao re<strong>do</strong>r <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o planeta, elegeu,<br />
para surpresa <strong>de</strong> alguns poucos, Alfred Hitchcock.<br />
Dr. Vitor Hugo Sambati Oliva (PR).<br />
<br />
cio/ Na firma <strong>do</strong> nosso amor", sai diretamente <strong>do</strong> povo,<br />
<strong>do</strong> compositor popular, com palavras simples e claras<br />
em significa<strong>do</strong>. "Infi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong>" que to<strong>do</strong>s percebem e<br />
que tornam os versos <strong>de</strong> Ataulfo Alves e Américo Seixas<br />
uma con<strong>de</strong>nsação da experiência social com fácil<br />
memorização. Esse o segre<strong>do</strong> da poesia na música popular.<br />
Vir <strong>do</strong> povo e enriquecer a língua. Veja como é<br />
mo<strong>de</strong>rno o verso <strong>de</strong> Lupicínio Rodrigues:"Cá na cida<strong>de</strong><br />
se vê tanta falsida<strong>de</strong>/Que a mulher faz tatuagem até<br />
mesmo na afeição". Como diria Drummond, mais <strong>do</strong> que<br />
mo<strong>de</strong>rno, queria ser eterno. Esse o anseio <strong>do</strong> compositor,<br />
e nós, seus utentes, agra<strong>de</strong>cemos. Momentos <strong>de</strong><br />
prazer e inteligência. E com a cumplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cantores<br />
e instrumentistas enlevamos nossas almas à magia da<br />
música.<br />
43