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A CAPA - Conselho Regional de Medicina do Estado do Paraná

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testes clínicos<br />

<br />

<br />

D. MARIA , 56 ANOS, COM DOR NAS COSTAS.<br />

D. Maria, uma cozinheira <strong>de</strong> 56 anos, vem ao ambulatório<br />

consultar por causa <strong>de</strong> <strong>do</strong>r nas costas. Após ser<br />

apresentada ao resi<strong>de</strong>nte que irá atendê-la, D. Maria<br />

conta que está à espera daquela consulta há seis meses,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que foi encaminhada pelo posto <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua<br />

região. Falan<strong>do</strong> apressadamente, conta que a sua <strong>do</strong>r<br />

começou cerca <strong>de</strong> 15 anos atrás, que é pior quan<strong>do</strong> tem<br />

muito serviço na cozinha <strong>do</strong> restaurante e que melhora<br />

nos dias <strong>de</strong> folga. Tem, também, <strong>do</strong>res nas duas pernas<br />

em agulhadas que parecem pior à noite, mas nunca viu<br />

aumento <strong>de</strong> volume articular. Já usou vários medicamentos<br />

da<strong>do</strong>s pelo médico da unida<strong>de</strong> básica, como paracetamol,<br />

dipirona e diclofenaco, que, segun<strong>do</strong> ela, "não resolvem<br />

nada" porque a <strong>do</strong>r continua voltan<strong>do</strong> assim que<br />

o efeito <strong>do</strong> medicamento passa. Expressa sua esperança<br />

<strong>de</strong> receber, agora, um medicamento diferente que resolva<br />

to<strong>do</strong>s os seus problemas.<br />

Na anamnese dirigida, o resi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>scobre que D.<br />

Maria é diabética e hipertensa há aproximadamente 10<br />

anos e que faz uso <strong>de</strong> metformina e captopril, mas que<br />

não respeita muito as restrições dietéticas. "Sabe como<br />

é, não?" diz ela... "A gente prepara tanta comida boa...<br />

Tem que experimentar um pouquinho..."<br />

Ao exame fisico, o resi<strong>de</strong>nte observa que D. Maria é<br />

uma se nhora obesa com PA <strong>de</strong>150 X 100 mm Hg. No exame<br />

da coluna hiperlor<strong>do</strong>se lombar e Lasègue negativo. Não<br />

existe artrite, mas encontra-se e<strong>de</strong>ma <strong>de</strong> + nos <strong>do</strong>is membros<br />

inferiores. A força muscular <strong>de</strong> membros inferiores é<br />

normal; to<strong>do</strong>s os reflexos tendinosos estão diminuí<strong>do</strong>s.<br />

O resi<strong>de</strong>nte requisita, então, uma radiografia <strong>de</strong> coluna<br />

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lombar AP e perfil e prescreve nimesuli<strong>de</strong> a ser toma<strong>do</strong> se<br />

necessário, solicitan<strong>do</strong> que ela retorne em duas semanas.<br />

Duas semanas <strong>de</strong>pois, D. Maria retorna com um RX<br />

que mostra diminuição <strong>de</strong> espaços discais, principalmente<br />

em L5-S1 e osteofitose generalizada, e reclama que<br />

suas <strong>do</strong>res pioraram muito na última semana. Dói tanto<br />

que ela não consegue trabalhar. Acha que o novo medicamento<br />

não aju<strong>do</strong>u absolutamente nada e quer saber a<br />

causa <strong>do</strong> problema. O resi<strong>de</strong>nte explica a D. Maria, então,<br />

que suas <strong>do</strong>res são causadas por artrose da coluna com<br />

lesão em disco intervertebral. Pe<strong>de</strong> que faça repouso absoluto<br />

até que a <strong>do</strong>r melhore e troque o uso <strong>de</strong> nimesuli<strong>de</strong><br />

por naproxeno.<br />

ONDE ESTÃO OS ERROS ?<br />

1. Na solicitação da radiografia.<br />

Pacientes com <strong>do</strong>r lombar crônica <strong>de</strong> características<br />

mecânicas não necessitam <strong>de</strong> radiografias. Acha<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

artrose e <strong>de</strong>generação discal são freqüentes, principalmente<br />

em pacientes mais velhos, os quais não justificam<br />

a <strong>do</strong>r apresentada. O diagnóstico é basea<strong>do</strong> em acha<strong>do</strong>s<br />

clínicos. Estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> imagem em coluna lombar só estão<br />

justifica<strong>do</strong>s em situações nas quais existem as chamadas<br />

red flags. São elas:<br />

SUSPEITA DE FRATURA (história <strong>de</strong> trauma maior;<br />

história <strong>de</strong> trauma menor em i<strong>do</strong>sos ou pessoas c/osteoporose);<br />

SUSPEITA DE TUMOR OU INFECÇÃO (<strong>do</strong>r <strong>de</strong> início<br />

recente em pessoas com mais <strong>do</strong> que 50 anos; história<br />

pregressa <strong>de</strong> câncer; <strong>do</strong>r noturna; presença <strong>de</strong> sinais e<br />

sintomas constitucionais como febre, perda <strong>de</strong> peso; in-

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