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A CAPA - Conselho Regional de Medicina do Estado do Paraná

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house<br />

às favas e bater <strong>de</strong> frente com os pacientes e com nossos<br />

chefes para chegarmos ao nosso objetivo. É mais ou<br />

menos como se quiséssemos <strong>de</strong>spertar o Maquiavel que<br />

existe <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> nós. Quem, ao assistir House, nunca<br />

teve vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer como ele, fugir <strong>do</strong> plantão estressante<br />

cheio <strong>de</strong> IVAS e GECAs para ir buscar o diagnóstico<br />

daquele caso difícil que está na enfermaria? Quem nunca<br />

teve vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> "invadir" a casa <strong>do</strong>s pacientes para<br />

buscar elementos para sustentar a história clínica <strong>do</strong> paciente?<br />

Ah, e quem nunca teve vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> pedir "MRIs"<br />

(RNM) à vonta<strong>de</strong> como o para<strong>do</strong>xal médico estaduni<strong>de</strong>nse?<br />

No final das contas, House é um pouquinho daquilo<br />

que queremos ser. De não ter limitações e me<strong>do</strong>s para<br />

buscar nossos objetivos.<br />

<br />

Des<strong>de</strong> 2005 na televisão brasileira, Universal<br />

Channel, o Dr. Gregory House é aquele<br />

médico que observa enquanto outros apenas vêem.<br />

Tem ver treina<strong>do</strong>. Com raciocínio rápi<strong>do</strong> e sistêmico<br />

vai comen<strong>do</strong> o diagnóstico pelas bordas, aos boca<strong>do</strong>s,<br />

verda<strong>de</strong>iro piecemeal approach. Vale-se também <strong>de</strong> intuição,<br />

a capacida<strong>de</strong> que o médico experiente adquire<br />

por ir direto ao alvo sem raciocinar. Ou seja, sabe sem<br />

pensar, por já fazer parte <strong>de</strong> seu repertório <strong>de</strong> diagnósticos<br />

e experiências pretéritas e, quan<strong>do</strong> necessário, se<br />

incongruente, sabe voltar atrás, exibin<strong>do</strong> um raciocínio<br />

pendular muito útil no processo <strong>do</strong> diagnóstico. Direito<br />

e avesso analisa<strong>do</strong>s em bloco. É evi<strong>de</strong>nte que isso inclui<br />

armazenamento anormal <strong>de</strong> informações em sua mente,<br />

mas o mais significativo é que sabe processá-las, coisa<br />

não apenas <strong>de</strong> quem lê muito, e sobretu<strong>do</strong> <strong>de</strong> quem tem<br />

rigor na sua seleção – bom grau <strong>de</strong> evidências – e as<br />

submete à reflexão. Nesse senti<strong>do</strong> é médico das antigas,<br />

quan<strong>do</strong> tu<strong>do</strong> tinha que ser memoriza<strong>do</strong>, <strong>de</strong> tabelas a fórmulas,<br />

<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a falta <strong>de</strong> disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos à<br />

12<br />

Na vida real não po<strong>de</strong>mos e não <strong>de</strong>vemos ser como<br />

House. Mas temos que ter um pouco <strong>de</strong> House <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>de</strong> nós. <strong>Medicina</strong>, além <strong>de</strong> arte, é feita <strong>de</strong> inspiração e<br />

intuição. E House, por mais hi-tech que seja, é o amálgama<br />

entre a tecnologia e a arte médica. É a união entre a<br />

tecnologia <strong>de</strong> ponta e a intuição médica, que jamais será<br />

suplantada pela máquina. Afinal, <strong>de</strong> nada adianta termos<br />

o exame mais sofistica<strong>do</strong>, a imagem mais <strong>de</strong>talhada, se<br />

não houver um profissional capaz <strong>de</strong> interpretar e correlacionar<br />

as informações geradas eletronicamente em<br />

seus da<strong>do</strong>s clínicos. Não <strong>de</strong>vemos temer a tecnologia;<br />

<strong>de</strong>vemos sim é adaptá-la à nossa realida<strong>de</strong> para aprimorarmos<br />

a arte, a nossa arte, a Arte da <strong>Medicina</strong>.<br />

Dr. René Santos Neto (PR).<br />

mão. Embora a <strong>Medicina</strong> científica fosse mais estreita, já<br />

Osler em seu tempo tinha-se preocupa<strong>do</strong> com o excesso<br />

<strong>de</strong> informações, pois <strong>de</strong>u forma a um manual <strong>de</strong> bolso a<br />

ser utiliza<strong>do</strong> por médicos-resi<strong>de</strong>ntes (também <strong>de</strong>u forma<br />

ao treinamento prático <strong>do</strong>s médicos.) Hoje não precisamos<br />

usar nosso cérebro para simples informações, coisa<br />

que qualquer assistente pessoal faz. De outra maneira,<br />

quaisquer dispositivos portáteis tipo Palm ou Pocket PC,<br />

po<strong>de</strong>m armazenar o que há <strong>de</strong> importante, e nem precisa<br />

ser assinatura eletrônica <strong>de</strong> um UpToDate. Se você<br />

não sabe, um tradicional Manual Merck atualiza<strong>do</strong>, faria<br />

a maioria <strong>do</strong>s diagnósticos da série House. Embora como<br />

o leitor possa conferir, tenha a bagatela <strong>de</strong> 2.833 páginas<br />

(17.ª edição).<br />

Concluin<strong>do</strong>, preza<strong>do</strong> médico-resi<strong>de</strong>nte que tanto preza<br />

o seria<strong>do</strong>, não se preocupe com tantas informações.<br />

Preocupe-se mais com o raciocínio clínico, a verda<strong>de</strong>ira<br />

gema <strong>do</strong> Dr. Gregory. E que po<strong>de</strong> ser utiliza<strong>do</strong> tanto em<br />

Bororos quanto no hospital Plainsboro. E com quaisquer<br />

dispositivos à mão.

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