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A CAPA - Conselho Regional de Medicina do Estado do Paraná

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Imagine hoje alguém que pratique a Clínica<br />

Médica, especialida<strong>de</strong> extensa e <strong>de</strong><br />

longo amadurecimento profissional. Se o clínico não tiver<br />

também uma subespecialida<strong>de</strong>, terá como grosso <strong>de</strong><br />

seus pacientes, afeta<strong>do</strong>s por problemas emocionais, por<br />

poliafecções (ex. diabético, hipertenso, gotoso, com manifestações<br />

crônicas <strong>de</strong>ssas <strong>do</strong>enças), ou orgânicos com<br />

dificulda<strong>de</strong>s emocionais ou francos distúrbios psiquiátricos.<br />

Ou seja, pacientes que estão numa zona cinzenta<br />

que poucos se sentem confortáveis ou interessa<strong>do</strong>s em<br />

aten<strong>de</strong>r. Pacientes difíceis.<br />

Ocorre que a maioria profissional é treinada para a<br />

organicida<strong>de</strong> (alterações estruturais) e não para a funcionalida<strong>de</strong><br />

(enten<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-se funcionalida<strong>de</strong>, na maioria<br />

das vezes, como síndromes que envolvem distúrbios neuroquímicos<br />

com predisposição genética).<br />

Útil seria que o clínico <strong>de</strong>vesse ter a supervisão <strong>de</strong><br />

um colega mais experiente para que não se angustiasse<br />

e não sobrassem dúvidas em situações clínicas pouco<br />

claras quanto aos aspectos emocionais, isto é, aos alvos<br />

passíveis <strong>de</strong> ser atingi<strong>do</strong>s e não às impossibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

cada um, paciente e assistente. Para que pu<strong>de</strong>sse atuar<br />

com conforto, sem se sacrificar, e trazen<strong>do</strong> algum ganho<br />

existencial ao paciente. A supervisão objetiva essa troca<br />

<strong>de</strong> idéias, que também po<strong>de</strong> ser com colegas ou profes-<br />

HERMANOS, PERO NO MUCHO<br />

Entreouvi<strong>do</strong> num jogo Brasil x Argentina joga<strong>do</strong><br />

no Brasil, é claro:<br />

– Você sabe como os portenhos se suicidam?<br />

– Não! Como?<br />

– Sobem no alto <strong>de</strong> seu ego e se jogam.<br />

• • • • • • • • • • • • • • •<br />

No mesmo jogo um psicoterapeuta comenta com<br />

outro:<br />

– Colega, estou com um caso <strong>de</strong>veras difícil.<br />

– Ah, é? Qual?<br />

tema<br />

<br />

sores, sobre as experiências <strong>de</strong> cada um no exercício<br />

profissional, ten<strong>do</strong> como foco problemas específicos.<br />

Na Residência Médica em que atuamos, temos uma<br />

sessão semanal curta, <strong>de</strong>nominada "Essências", em que o<br />

médico-resi<strong>de</strong>nte apresenta em poucos minutos uma dificulda<strong>de</strong><br />

que tenha ti<strong>do</strong> no manejo <strong>de</strong> algum paciente ou<br />

com seus familiares, que passa a ser discutida sob ângulos<br />

diversos e pertinentes. O objetivo é reduzir o seu grau <strong>de</strong><br />

incertezas e elaborar melhor a experiência vivida e que tenha<br />

trazi<strong>do</strong> algum grau <strong>de</strong> angústia ou insegurança.<br />

Quan<strong>do</strong> um paciente está <strong>do</strong>ente lida com limitações<br />

que não tinha e com a expectativa <strong>de</strong> superá-las. Vai ao<br />

encontro <strong>de</strong> um profissional para que o mesmo restabeleça<br />

a or<strong>de</strong>m das coisas, mas que, às vezes, não é possível,<br />

pelo menos in totum. Atuar sobre essas limitações,<br />

a<strong>de</strong>quá-las às possibilida<strong>de</strong>s da ciência médica, variáveis<br />

para cada <strong>do</strong>ença, e fazer com que veja mais claramente<br />

o que é possível ser feito e ajudá-lo nessa compreensão<br />

e elaboração é o papel <strong>do</strong> médico. Difícil e nem tão<br />

transparente assim, daí a utilida<strong>de</strong> da supervisão. Mas<br />

quem po<strong>de</strong> a ela se submeter? Carece <strong>de</strong> profissionais<br />

propensos <strong>de</strong> tempo, dinheiro e, principalmente, <strong>de</strong> boa<br />

vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> se superar a si mesmo, isto é, <strong>de</strong> crescer. Tarefa<br />

a que poucos se propõem. Pelo menos sob o ângulo<br />

emocional.<br />

– Estou aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> um argentino com complexo<br />

<strong>de</strong> inferiorida<strong>de</strong>...<br />

– Que coisa estranha, o meu analista didata também<br />

é argentino e sofre muito <strong>de</strong> complexo <strong>de</strong><br />

superiorida<strong>de</strong>...<br />

• • • • • • • • • • • • • • •<br />

Em tempo: Escutei as coisas acima e, como sou<br />

um brasileiro honra<strong>do</strong>, tenho que contá-las. Não<br />

conto o resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> jogo porque foi rouba<strong>do</strong>.<br />

Também com aquele juiz paraguaio...<br />

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