27.04.2013 Views

Revista nº 5 - Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra

Revista nº 5 - Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra

Revista nº 5 - Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Página48 Licínio Lopes Martins<br />

R E V I S T A D E D I R E I T O P Ú B L I C O E R E G U L A Ç Ã O<br />

certa, correspon<strong>de</strong>nte à realização <strong>de</strong> todos os trabalhos necessários para a execução <strong>da</strong><br />

obra, objecto do contrato.<br />

Será por série <strong>de</strong> preços - também <strong>de</strong>signa<strong>da</strong> por medição - quando a remuneração resul-<br />

tar <strong>da</strong> aplicação dos preços unitários previstos no contrato para ca<strong>da</strong> espécie <strong>de</strong> trabalho<br />

a realizar, às quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>sse trabalho realmente executa<strong>da</strong>s, segundo se comprovar<br />

por medição periódica.<br />

Por último, a empreita<strong>da</strong> é por percentagem quando o empreiteiro assume a obrigação<br />

<strong>de</strong> executar a obra por preço correspon<strong>de</strong>nte ao seu custo, acrescido <strong>de</strong> uma percenta-<br />

gem <strong>de</strong>stina<strong>da</strong> a cobrir os encargos <strong>de</strong> administração e a remuneração normal <strong>da</strong> empre-<br />

sa 1 2 .<br />

Das classificações referi<strong>da</strong>s, as que se afirmaram mais importantes na prática foram, sem<br />

dúvi<strong>da</strong>, as empreita<strong>da</strong>s por preço global e por série <strong>de</strong> preços.<br />

Olhando para ca<strong>da</strong> uma <strong>de</strong>stas classificações do ponto <strong>de</strong> vista do risco, isto é, do ponto<br />

<strong>de</strong> vista <strong>da</strong> repartição do risco entre o dono <strong>da</strong> obra e o empreiteiro, é unânime a conclu-<br />

são <strong>de</strong> que a primeira – a empreita<strong>da</strong> por preço global - é (ou era) aquela que menos ris-<br />

cos transferia ou implicava para o dono <strong>da</strong> obra, uma vez que este ficava a saber <strong>de</strong><br />

antemão – ou seja, no momento <strong>da</strong> celebração do contrato -, o valor/montante <strong>da</strong> remu-<br />

neração que teria <strong>de</strong> pagar ao empreiteiro, sem prejuízo, naturalmente, <strong>da</strong> sua posterior<br />

alteração em virtu<strong>de</strong> quer <strong>de</strong> uma possível revisão <strong>de</strong> preços, quer <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

proce<strong>de</strong>r a trabalhos a mais e/ou a trabalhos <strong>de</strong> suprimentos <strong>de</strong> erros e omissões.<br />

E quanto ao empreiteiro, dizia-se que, por força <strong>da</strong> álea do risco, po<strong>de</strong>ria ficar (ou vir) a<br />

ganhar ou ficar (vir) a per<strong>de</strong>r, tudo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>da</strong> sua diligência em conseguir ganhos <strong>de</strong><br />

economia ao longo <strong>da</strong> execução <strong>da</strong> obra. E porque assim é, esta dinâmica contratual na<br />

empreita<strong>da</strong> por preço global era lapi<strong>da</strong>rmente traduzi<strong>da</strong> por um autor, tantas vezes cita-<br />

do a este propósito, do seguinte modo: o preço aleatório ou à forfait é um preço global e<br />

invariável, apesar <strong>da</strong> variabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s; é uma noção <strong>de</strong> preço e <strong>de</strong> risco, <strong>de</strong><br />

tal sorte que o empreiteiro, nem po<strong>de</strong>rá reclamar aumento <strong>de</strong> preço, se a obra ficar mais<br />

cara do que fora calcula<strong>da</strong>, nem está sujeito à redução, se ela sair mais barata 3 .<br />

Contudo, e continuando a seguir o raciocínio do mesmo Autor, <strong>da</strong>do que, na prática, as<br />

alterações às quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho previstas se traduziam geralmente num aumento<br />

1 Cfr. Marcelo Caetano, Manual <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> Administrativo, 2.º volume, Almedina, pág. 1006.<br />

2 As classificações referi<strong>da</strong>s no texto foram acolhi<strong>da</strong>s na lei pelo menos a partir <strong>de</strong> 1969, tendo tido seguimento<br />

no Decreto-Lei n.º 48.871 (artigo 2.º), no Decreto-Lei n.º 235/86, <strong>de</strong> 18 <strong>de</strong> Agosto (artigo 6.º), no<br />

Decreto-Lei n.º 405/93, <strong>de</strong> 10 <strong>de</strong> Dezembro (artigo 6.º) e no Decreto-Lei n.º 59/99, <strong>de</strong> 2 <strong>de</strong> Março (artigo<br />

8.º).<br />

3 Cfr. Luiz <strong>da</strong> Cunha Gonçalves, Tratado <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> Civil, VII, <strong>Coimbra</strong>, 1934, pág. 613.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!