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versão pdf - Livraria Imprensa Oficial

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vistados. Era só imaginar depois a montagem: a<br />

autoridade institucional olhando para baixo<br />

para ver o povo. E o povo, subalterno, visto de<br />

cima, olhando para cima para ver a autoridade.<br />

Era uma postura altamente ideológica, quase<br />

que uma representação mesma das relações políticas<br />

vigentes no país naquele momento. De<br />

onde vinha aquilo?<br />

Em vão tentei desvendar. Os cinegrafistas não<br />

sabiam explicar, embora fosse uma postura<br />

usual entre eles. Na verdade, achavam aquilo<br />

natural. A partir desse dia eu ditei a regra da<br />

democracia nas reportagens: a câmera estaria,<br />

salvo ordem em contrário, sempre à mesma altura,<br />

ou seja, à altura do ombro do cinegrafista.<br />

Nessas reportagens, feitas sempre com o olhar<br />

de cineasta, o material era colhido em 16 mm<br />

com banda magnética, usando uma câmera CP,<br />

sonora. E muito raramente usávamos a moviola,<br />

que exigia a transferência do som para uma fita<br />

magnética 16 mm. O material filmado (em filme<br />

positivo) era montado num visor com uma<br />

cabeça magnética, o que dificultava incrivelmente<br />

o uso da montagem como elemento de<br />

criação na estrutura do filme. Dificultava, mas<br />

não impedia - e a habilidade do editor (Lalau),<br />

ajudava, montando o que era qualificado como<br />

“Sonoras” (entrevistas) e “Mudinhas” (imagens

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