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opressão que nada parecia poder segurar. Na<br />

verdade, eu nunca me livrei desse sentimento<br />

de perda.<br />

É um sentimento que marca, em meus filmes, a<br />

dificuldade da política (ou, quem sabe, da consciência)<br />

diante dos fatos, diante da brutalidade<br />

e da manipulação.<br />

Em 1964 eu já havia me iniciado em cinema,<br />

desde um ano atrás. E cursava a Escola Politécnica<br />

de Engenharia, na Universidade de São<br />

Paulo, matriculado no quinto ( e último) ano do<br />

curso de Engenharia de Produção. Muitos me<br />

perguntam, até hoje, como é que fui parar num<br />

curso desses, numa das escolas mais conservadoras<br />

e técnicas da USP, apesar de minha<br />

evidente vocação para as coisas do espírito, a<br />

filosofia, a matemática, a literatura e, ainda na<br />

escola, o cinema.<br />

É uma longa história, coisa de migrante e de<br />

uma época em que as vocações deviam se<br />

adaptar ao mercado: podia-se escolher entre ser<br />

médico, engenheiro ou advogado. A vocação<br />

ficaria para o diletantismo, os espaços vagos no<br />

exercício da profissão. Me lembro, aqui, da<br />

pergunta de meu irmão mais velho quando eu<br />

disse, ainda em 63, que faria cinema: “e vai<br />

trabalhar em quê?”. Eu vinha de uma trajetória<br />

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