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obsessivo do Vlado, em busca de um caminho<br />

certo, responsável e justo para todos os que o<br />

cercavam.<br />

No início de 75, já na Globo, eu fiz um filme<br />

sobre o lixão de São Paulo, para a série Cinema<br />

de Rua. O filme é Restos que eu mesmo filmei<br />

com uma velha câmera BH-16 mm, de corda e<br />

uma lente 10 mm. O filme se inspira na declaração<br />

de um técnico norte-americano que,<br />

examinando o lixão paulista para eventual<br />

exploração industrial, declarou que “o lixo de<br />

São Paulo é o mais rico do mundo”. Restos<br />

mostra o que é essa riqueza e a miséria dos que<br />

pisam sobre ela, registrando, aliás, a repressão<br />

aos catadores para que deixassem a “fortuna”<br />

à disposição dessa eventual indústria. O filme,<br />

aliás, em branco-e-preto e mudo, foi proibido<br />

pela censura em Salvador, durante a Jornada<br />

de curta-metragem de 75. Antes de terminar,<br />

em fase de montagem, eu mostrei o filme para<br />

o Vlado. No filme, um tanto eisensteiniano, há<br />

uns planos em super-detalhes de um velho<br />

catador de lixo. Alguns letreiros intercalados dão<br />

breves informações do que eles catam e do que<br />

ganham. Quando a câmera sobe de suas mãos<br />

marcadas para seu rosto, o velho fica um tempo<br />

olhando para a câmera e, ao final, seus olhos<br />

lacrimejam. O Vlado achou que eu forçara a<br />

barra.<br />

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