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220<br />

Daí a culpa, como se eu tivesse feito parte de<br />

uma armadilha e ela finalmente tivesse disparado<br />

contra um dos meus melhores amigos. E<br />

essa culpa ainda persiste lá no fundo da alma,<br />

um peso que faz lacrimejarem meus olhos - como<br />

está, de novo, acontecendo nesse instante em<br />

que escrevo - emoção que tantas vezes me<br />

embargou, ao falar do Vlado.<br />

É claro que eu sempre achei, e continuo pensando<br />

assim, que a proposta que nos guiava era<br />

correta. A ditadura haveria de ser derrotada não<br />

pelas armas mas por um processo de abertura<br />

dentro da própria sociedade, com a volta da<br />

circulação das idéias, do debate, a reorganização<br />

da sociedade civil.<br />

O custo de tudo isso é que foi alto demais.<br />

Deixou, insepultos, nossos mortos, nossos desaparecidos,<br />

torturados. E livres, não identificados,<br />

oficialmente limpos de toda a sujeira praticada,<br />

os assassinos, os torturadores, seus cúmplices,<br />

acólitos, financiadores e chefes, tanto civis<br />

quanto militares. Eu quis tratar desse tema em<br />

Os Demônios, partindo de um argumento meu<br />

com roteiro meu e do Lauro César Muniz. No<br />

roteiro, o líder político anistiado, de volta ao<br />

Brasil, tenta levar adiante a identificação de seu<br />

próprio torturador. O resultado é que não só os<br />

militares reagem mas, o que é fundamental no

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