AS REGRAS DE CORTESIA E DE CIVILIDADE ... - Portal La Salle
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algum mal que nos foi feito. Estas maneiras de<br />
cumprimentar devem ser feitas de maneira natural, sem<br />
afetação e sem que pareçam preparadas. Pois então a<br />
boca fala da abundância do coração e persuade muito<br />
melhor do que tudo o que se poderia dizer com<br />
cuidadosa preparação, que é menos natural, por isso<br />
menos bem recebida.<br />
Outra maneira de cumprimentar é o elogio. Este<br />
exige muito mais circunspeção e jeito do que a<br />
primeira, para persuadir que dizemos a verdade. Para<br />
tornar agradável este cumprimento, é preciso que a<br />
pessoa que elogiamos esteja persuadida de que também<br />
nós o estamos dos méritos dela; então nosso<br />
cumprimento será sincero e obsequioso. Também é<br />
preciso tomar cuidado nesta sorte de cumprimentos<br />
para não exaltar as pessoas muito acima do que são e<br />
não fazer grandes exageros que se destroem por si<br />
mesmos. Para que esta espécie de cumprimentos seja<br />
razoável, é preciso que haja sinceridade e verdade<br />
neles, de maneira que a retidão, a sabedoria e a<br />
moderação que sempre se devem encontrar neles, para<br />
que nem a modéstia do que cumprimenta, nem a de<br />
quem o recebe seja ferida. Por isso, quem os apresenta<br />
deve lembrar-se de que, embora se devam estimar<br />
muito os outros, deve-se elogiá-los pouco e com muita<br />
precaução e reserva, de acordo com o conselho do<br />
Sábio, que nos diz com razão, que não se deve elogiar<br />
ninguém antes da morte 91 , porque nos elogios sempre<br />
91 Eclo 11, 30<br />
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há algo a temer, tanto da parte de que o faz sem<br />
sinceridade, como da parte de quem o recebe porque<br />
pode estimular sua vaidade. Por isso, estas maneiras de<br />
cumprimentar devem ser raras e só feitas com muita<br />
prudência e circunspeção.<br />
Para serem bons os cumprimentos devem ser<br />
feitos sem elogios; e as cerimônias para serem<br />
agradáveis não devem afastar-se do natural; devem<br />
também ser curtos e se forem feitos a pessoa a quem se<br />
deve respeito, é preciso utilizar mais reverência do que<br />
longos discursos.<br />
Ao responder a um cumprimento, deve-se<br />
observar as mesmas regras; se forem feitos em razão de<br />
benefícios recebidos, deve-se minimizá-los, mas não<br />
de tal forma que pareçam ser mais nada, pois isto<br />
pareceria censurar a estima que deles tem aquele que<br />
os recebeu. Também não se deve dizer que faríamos o<br />
mesmo serviço a qualquer outra pessoa. Porque isto<br />
seria manifestar à pessoa, a quem fizemos esse favor,<br />
que não temos grande consideração para com ela, uma<br />
vez que em favor dela não fizemos mais do que<br />
faríamos a qualquer outro.<br />
Ao falar sempre se devem utilizar termos<br />
honestos, ordinários e inteligíveis e próprios do tema<br />
de que se fala e não termos particulares e rebuscados.<br />
Deve-se particularmente evitar as expressões<br />
impróprias que não são francesas e que não<br />
correspondam à pureza da língua. Embora não seja<br />
correto usar no discurso termos e expressões muito<br />
rebuscadas, é preciso evitar um certo francês corrupto,<br />
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