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D - PEREIRA, LUIS FERNANDO LOPES.pdf - Universidade Federal ...

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futuro de gloria e progresso para seu estado, pontos<br />

que também são freqüentes nos contos.<br />

A partir desta lenda inicial, a revista traz uma<br />

série infindável de artigos sobre o pinheiro,<br />

praticamente todos seguindo o mesmo tom de exaltação<br />

desta árvore e de ligação da mesma com os paranaenses,<br />

como em uma intitulada Pinheiro Altivo, também<br />

destinada a uma declamação feita pelas senhoritas Didi<br />

Caillet e Risoleta Pinheiro Lima, em visita ao Centro<br />

de Letras do Paraná. Diz o texto, de autoria do poeta<br />

Pamphilo d'Assumpção,sobre sua queda,<br />

Pinheiro é a mais altiva, a mais inflexível e erecta das nossas arvore. A palmeira real, elegante, esguia, eleva-se também<br />

para o c io em busca de luz e do azulmas é débil e flexuosa.Tem o coquetismo das mulheres elegantes, a graça fragil da<br />

belleza feminina, eterna sedução (...) O pinheiro não. O pinheiro é áspero, perpendicular e serio. Impassível, desdenha<br />

dos golpes rijos dos vendavaes. Nunca se lhe resolve a com a cymetria, nem se move o tronco rude. Se não resiste ao<br />

insulto da ventania, cahe.Cahe por inteiro, por que as raízes não logram rete-lo de pé, como se fora um gigante que<br />

tomba sem se lhe dobrarem os joelhos. Tomba heroica, estrepitosamente! Orgulhoso, até morrendo, mantém ainda<br />

erguidos os braços fortes para o céo, não em gesto de supplica, mas numa attitude digna de orgulhoso protesto 47<br />

Outras destacam ainda suas características,<br />

algumas vezes ligadas a não mais ao principe que<br />

perdera a sua amada, mas a um deus que teria caldo na<br />

terra e que, mesmo depois de mutilado e morto pelas<br />

mãos humanas, ainda assim oferecia ao homem seus<br />

préstimos, dando-lhe abrigo e calor.<br />

Infante de floresta, franco atirador dos descampados, tu que combates sempre erecto, sereno, offerecendo todo o corpo<br />

esguio à furia dos tufões, fronte alta provocando o raio deves ser algum deus antigo desterrado neste mundo. Unido a<br />

teus irmãos em legiões cerradas, de sentínella perdida nas cochilhas desertas, ninguém te veio ainda quebrar esta linha<br />

recta que, subindo sempre, leva tua cabelleira para o céo. Muitas vezes, morto já, calcinado pela labareda das coiváras,<br />

espinho immenso que a travessou a terra, mesmo assin te manténs depé, firme no teu pôsto, esqueleto gigantesco<br />

montando guarda. Como és dadivoso e bom! Quando o homem não te derruba a golpes de machado, e desdobra-te, e<br />

tortura-te nas machinas de aço, tu, que lhe fõste fructo e sombra, dá-lhes o tecto que protege, o berço que accalenta, o<br />

leito que repousa, o ataude que adormece. Rasga-te, dilacera-te as fibras, martyrisa o cadaver, e os teus galhos rijos dão-<br />

lhe o fogo da lareira, o calor do pouso nocturno, a lampada discreta da alcôva rendada. Eu te avistei, num dia lindo,<br />

47 ILLUSTRAÇÃO PARANAENSE. Curitiba, jan.1928.<br />

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