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D - PEREIRA, LUIS FERNANDO LOPES.pdf - Universidade Federal ...

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mesmo realizada pelos paranistas João Turin, João<br />

Ghelfi e Lange de Morretes. O próprio Lange descreve<br />

como chegaram a tal feito,<br />

No ateliê de Ghelfi, em roda mais íntima, três artistas discutiam arte: Ghelfi, Turin e Lange de Morretes. Ghelfi, de<br />

saudosa memória, autor de alguns ótimos retratos, havia estado algum tempo em Paris, mas foi o primeiro a<br />

regressar da Europa. João Turin estudara escultura em Bruxelas e eu, artes plásticas na Alemanha. Quando um<br />

artista paranaense está só ele pensa no pinheiro; quando está em companhia de outro artista, fala do pinheiro; e<br />

quando os artistas reunidos são mais de dois, discutem sõbre o pinheiro. Não era pois de se estranhar a conversa ter<br />

se encaminhado para o pinheiro. Discutíamos as suas qualidades, as suas dificuldades e as suas novas possibilidades<br />

para o campo da arte. Ghelfi, sempre, sempre entusiasmado e sonhador, tomou de um pedaço de carvão e na parede<br />

de seu atelier traçou, do tronco do pinheiro, um fragmento de fuste, sôbre o qual compôs um grupo de pinhas como<br />

capitei. (...) Depois seguimos cada um para a sua casa, com um pinheiro na cabeça envolto na bruma do chope.<br />

Turin e eu estávamos com uma semente no peito a germinar. E, curioso, o semeador Ghelfi contentou-se com a<br />

semeadura. Talvez, devido a sua morte prematura (...) Há sementes que não brotam ao cair da primeira chuva.<br />

Levam tempo. Assim a estilização do pinheiro não nascera da noite para o dia. Turin matutou muito, eu não menos.<br />

No começo nossos trabalhos tinham sido meramente empíricos. Turin, como escultor, dedicou-se à fatura de capiteis.<br />

Eu, como pintor e desenhista, conhecendo as artes gráficas, encaminhei-me para o problema pictórico e o lado<br />

ilustrativo. 71<br />

Esta descrição de Lange de Morretes que se<br />

refere à estilização do pinheiro (figura 18. Anexos)<br />

mostra como havia a preocupação em tornar a utilização<br />

deste grande símbolo paranaense mais fácil para o<br />

horizonte artístico. Embora o próprio Lange tenha<br />

destacado a dificuldade que existia para se desenhar<br />

tal árvore, vemos que a partir da semente de Ghelfi, os<br />

outros dois, em particular Lange, chegariam a um<br />

resultado tão satisfatório que o mesmo está nas ruas da<br />

capital paranaense até os dias de hoje.<br />

Lange salienta ainda o fato de que Ghelfi teria<br />

ficado satisfeito somente com a semeadura, mas o mesmo<br />

viria a morrer, prematuramente, segundo suas biografias<br />

de acidente familiar; o mesmo teria sido morto por sua<br />

esposa a machadadas, devido a seu espirito boêmio.<br />

71 MORRETES, Lange de. O pinheiro na arte. In: Revista Illustração Brasileira,<br />

dez.1953.<br />

170

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