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Do amanhecer ao pr-do-sol - Igreja Metodista de Vila Isabel

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portos, encontrou <strong>de</strong> imediato valiosa nota em papel<br />

moeda e chutou-a para longe, exclaman<strong>do</strong>: “Esta é<br />

apenas a <strong>pr</strong>imeira”, e foi adiante, convicto <strong>de</strong> achar<br />

outras.<br />

Após a guerra <strong>de</strong> 1914-1918, as oportunida<strong>de</strong>s no<br />

Brasil para trabalhar e ganhar dinheiro reabriram-se,<br />

aliás, com maior amplitu<strong>de</strong>. Suce<strong>de</strong>, outrossim, que o<br />

Velho Mun<strong>do</strong> achava-se <strong>de</strong>smantela<strong>do</strong> e empobreci<strong>do</strong>,<br />

<strong>ao</strong> passo que os países da América careciam <strong>de</strong> gente.<br />

Cessaram os perigos no Atlântico e o tratamento a bor<strong>do</strong><br />

melhorou sensivelmente. O transcurso nas viagens<br />

passou a exigir menos tempo. Assim, cresceu o número<br />

<strong>de</strong> passageiros com <strong>de</strong>stino <strong>ao</strong> Brasil, sobretu<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

jovens e <strong>de</strong> pessoas com algum capital <strong>pr</strong>estes a investir.<br />

Lembre-se, também, que a pacificação <strong>do</strong>s indígenas em<br />

1912-1913, originou boas condições em São Paulo, um<br />

<strong>do</strong>s focos <strong>de</strong> atração, <strong>pr</strong>oporcionan<strong>do</strong> a abertura <strong>de</strong><br />

<strong>pr</strong>o<strong>pr</strong>ieda<strong>de</strong>s rurais e <strong>de</strong> caminhos, incluin<strong>do</strong> vias férreas.<br />

Entre os imigra<strong>do</strong>s enumerava-se meu avô e<br />

homônimo, José <strong>do</strong>s Anjos Gonçalves Salva<strong>do</strong>r, natural<br />

da Tocha, vizinha <strong>de</strong> Coimbra. Porém, a aventura lhe<br />

seria <strong>de</strong>veras amarga, não só por <strong>de</strong>ixar atrás <strong>de</strong> si a<br />

santa terrinha e família, mas igualmente, por vir a adquirir<br />

a terrível febre amarela, que lhe tiraria a vida, antes <strong>de</strong><br />

notabilizar o médico Oswal<strong>do</strong> Cruz, cuja campanha<br />

contribuiu para <strong>de</strong>belá-la e para incentivar novamente a<br />

imigração. Infelizmente, aquele meu ancestral não<br />

conseguiu escapar. Foi sepulta<strong>do</strong> em Campinas ou<br />

Limeira, segun<strong>do</strong> informações.<br />

No encalço <strong>do</strong> <strong>pr</strong>ogenitor chegou logo após o<br />

rapazola Júlio, contan<strong>do</strong> apenas nove anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>.<br />

Nascera em 1897. Seu plano consistia em encontrar o<br />

pai e dar notícias à família, contu<strong>do</strong>, sofreu <strong>de</strong>sdita <strong>de</strong><br />

saber que o mesmo falecera recentemente. Face a tal<br />

<strong>de</strong>sventura, como agiria o pequeno Júlio em terra<br />

estranha? Descobriu, porém, que em Piracicaba residia o<br />

tio Joaquim e para lá se encaminhou, sen<strong>do</strong> recebi<strong>do</strong><br />

satisfatoriamente. Felizmente, também, encontrou<br />

em<strong>pr</strong>ego no comércio local, em cuja ativida<strong>de</strong> se<br />

a<strong>de</strong>straria para o futuro; negócio muito <strong>de</strong> seu agra<strong>do</strong>.<br />

Graças <strong>ao</strong> bom <strong>de</strong>sempenho no trabalho, ali revela<strong>do</strong>,<br />

amigos guindaram-no a encargo mais alto, pelo que,<br />

merecidamente, arranjaram-lhe colocação na firma<br />

Coelho, no Brás, em São Paulo. Entrementes, o tempo ia<br />

corren<strong>do</strong>. O menino fez-se homem, aliás, esbelto,<br />

respeitável e digno <strong>de</strong> confiança, razão, outrossim, para<br />

conquistar o coração da <strong>pr</strong>endada senhorita <strong>de</strong> nome<br />

Isaura, dileta filha <strong>do</strong> comerciante português, sr. Manoel<br />

Pereira <strong>do</strong>s Reis, e com a mesma contraiu matrimônio.<br />

Corria o ano <strong>de</strong> 1913. Optaram para residir no minúsculo<br />

vilarejo <strong>de</strong> Lauro Muller, engasta<strong>do</strong> no ponto inicial da<br />

Estrada Noroeste <strong>do</strong> Brasil, cujos habitantes eram em<br />

gran<strong>de</strong> parte operários <strong>de</strong>ssa via férrea, além <strong>de</strong> alguns<br />

sitiantes e fazen<strong>de</strong>iros que vinham chegan<strong>do</strong> enquanto a<br />

referida estrada caminhava rumo a Araçatuba;<br />

<strong>de</strong>rruban<strong>do</strong> matas, transpon<strong>do</strong> rios e dan<strong>do</strong> lugar a<br />

novos al<strong>de</strong>amentos. Isso <strong>de</strong>u margem a que Júlio, <strong>do</strong>no<br />

<strong>do</strong> armazém, chamasse para virem auxiliá-lo os<br />

sobrinhos Augusto e José Maria, resi<strong>de</strong>ntes na Tocha.<br />

Ambos passaram anos <strong>de</strong>pois para Lins, <strong>ao</strong> seu serviço<br />

ainda.<br />

Evi<strong>de</strong>ntemente, outros elementos da cepa Gonçalves<br />

Salva<strong>do</strong>r seguiram o exemplo e também foram<br />

chegan<strong>do</strong>. No rastro <strong>de</strong> Júlio veio o irmão Elias. Este já<br />

aqui se encontrava em março <strong>de</strong> 1914, pois no dia 25<br />

autografou e enviou à sau<strong>do</strong>sa mãe uma fotografia tirada<br />

em Palmar, vila recém-criada na linha Paulista. Ele havia<br />

<strong>de</strong>ixa<strong>do</strong> há pouco o serviço militar, em que fizera parte da

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