12.06.2013 Views

Do amanhecer ao pr-do-sol - Igreja Metodista de Vila Isabel

Do amanhecer ao pr-do-sol - Igreja Metodista de Vila Isabel

Do amanhecer ao pr-do-sol - Igreja Metodista de Vila Isabel

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

em Lins, o povo o a<strong>do</strong>tou como filho muito ama<strong>do</strong>.<br />

Infelizmente, faleceu <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> trágico em <strong>de</strong>sastre <strong>de</strong><br />

helicóptero, nas alturas <strong>de</strong> Angra <strong>do</strong>s Reis.<br />

O Instituto Americano foi uma bênção para muita<br />

gente. Nunca fechou as portas para quem quisesse<br />

estudar e não tivesse recursos. Mr. Hubbard sem<strong>pr</strong>e<br />

encontrava meios para tanto, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que o candidato<br />

mostrasse interesse e estivesse disposto a <strong>de</strong>sempenhar<br />

algum trabalho. Tais possibilida<strong>de</strong>s se alargaram no<br />

<strong>de</strong>correr <strong>do</strong>s anos. Primeiro concentrava-se no trabalho<br />

<strong>do</strong> edifício <strong>de</strong> aulas, <strong>de</strong>pois juntaram-se sucessivamente<br />

a Chácara lalense, na qual laboravam candidatos <strong>ao</strong><br />

ministério pastoral, e os <strong>do</strong>is internatos — masculino e<br />

feminino. Eu servi <strong>de</strong> auxiliar <strong>ao</strong> <strong>pr</strong>ofessor <strong>de</strong> química,<br />

Francisco Pedutti, no laboratório. No último ano <strong>do</strong> curso<br />

ginasial, recebi a incumbência <strong>de</strong> criar e dirigir uma<br />

classe noturna <strong>de</strong> alfabetização para adultos. Funcionava<br />

das 19 às 21 horas e os alunos pagavam 10 mil réis por<br />

mês, sen<strong>do</strong> 5 mil réis para mim, e o restante para fazer<br />

frente às <strong>de</strong>spesas. A quantia me foi útil <strong>de</strong>veras. Assim<br />

liguei-me cada vez mais <strong>ao</strong> educandário, <strong>ao</strong> ponto <strong>de</strong><br />

exercer a <strong>pr</strong>esidência <strong>do</strong> seu conselho <strong>de</strong> administração<br />

anos <strong>de</strong>pois. Entrementes, instituí a medalha “Gonçalves<br />

Salva<strong>do</strong>r” em memória <strong>de</strong> Elias, distribuída anualmente<br />

<strong>ao</strong> aluno que atingisse o maior número <strong>de</strong> pontos,<br />

segun<strong>do</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> critério. Per<strong>de</strong>u a existência<br />

quan<strong>do</strong> o critério <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser obe<strong>de</strong>ci<strong>do</strong>.<br />

Havia muitas coisas interessantes no Instituto<br />

Americano. A <strong>pr</strong>imeira consistia em permitir o ensino<br />

misto, isto é, para os <strong>do</strong>is sexos reuni<strong>do</strong>s numa única<br />

classe, fato ainda estranho no Brasil, e que lhe custou<br />

calúnias e perseguições. Além disso, sabia-se que<br />

<strong>pr</strong>omovia o culto e as idéias <strong>pr</strong>otestantes. Na verda<strong>de</strong>, o<br />

diretor e as <strong>pr</strong>ofessoras realizavam pela manhã, <strong>de</strong><br />

quan<strong>do</strong> em quan<strong>do</strong>, uma <strong>pr</strong>ática religiosa no referi<strong>do</strong><br />

estilo. Eu mesmo participava <strong>de</strong>ssas reuniões. O ano<br />

escolar não <strong>pr</strong>incipiava e nem era encerra<strong>do</strong> sem o culto<br />

religioso, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que a <strong>pr</strong>esença <strong>de</strong> Deus estava<br />

sem<strong>pr</strong>e na mente <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s. Também o ensino era leva<strong>do</strong><br />

muito a sério. Igualmente sucedia com as letras. Quem<br />

não se lembra <strong>do</strong> Grêmio Sílvio Romero? Os sócios se<br />

congregavam semanalmente para ouvir poesias e<br />

discursos, além <strong>de</strong> uma tese sobre <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s<br />

assuntos. As reuniões eram, às vezes, calorosas,<br />

notan<strong>do</strong>-se a <strong>pr</strong>esença <strong>de</strong> ilustres membros <strong>do</strong> povo. Eu<br />

pertenci à diretoria e foi ali que encontrei a minha futura<br />

esposa. Não me esqueço, outrossim, <strong>de</strong> nossos <strong>de</strong>sfiles<br />

pelas ruas da cida<strong>de</strong>, <strong>ao</strong> som <strong>de</strong> tambores e <strong>de</strong> clarins,<br />

ostentan<strong>do</strong> os garbosos uniformes brancos; à frente, o<br />

coman<strong>do</strong> <strong>do</strong>s <strong>pr</strong>ofessores Belmiro Andra<strong>de</strong> e Ro<strong>do</strong>lfo<br />

Arditti; com aquele fiz <strong>pr</strong>ofissão <strong>de</strong> fé na <strong>Igreja</strong> <strong>Metodista</strong>.<br />

O Arditti, bom amigo, esteve <strong>pr</strong>esente na Aca<strong>de</strong>mia<br />

Brasileira <strong>de</strong> Letras quan<strong>do</strong> recebi o <strong>pr</strong>êmio literário<br />

“Erudição”. Também compareceu o Pedro Worms.<br />

Gran<strong>de</strong> satisfação me causou a <strong>pr</strong>esença <strong>de</strong> ambos.<br />

Juntos tiramos fotos <strong>do</strong> evento.<br />

Entrementes, eu e minha família, curtimos amarguras<br />

e necessida<strong>de</strong>s no começo <strong>de</strong> nossa vida em Lins,<br />

porém, com o <strong>de</strong>correr <strong>do</strong>s dias, o quadro foi se<br />

alteran<strong>do</strong> para melhor. Eu e Manoel encontramos<br />

trabalho. O “pão nosso <strong>de</strong> cada dia” cresceu <strong>de</strong> tamanho.<br />

O leite <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> restringir-se a meio litro apenas.<br />

Ganhamos dinheiro suficiente para ir à costureira e <strong>ao</strong><br />

alfaiate e podíamos, conseqüentemente, a<strong>pr</strong>esentar-nos<br />

à socieda<strong>de</strong> trajan<strong>do</strong>-nos melhor. A mo<strong>de</strong>sta casinha <strong>de</strong><br />

ma<strong>de</strong>ira ce<strong>de</strong>u vez a uma <strong>de</strong> alvenaria. Celina e Judite<br />

também pu<strong>de</strong>ram estudar e vestir-se mais a gosto. Nossa<br />

avó Rosa tinha direito, agora, <strong>ao</strong> <strong>de</strong>scanso que não<br />

<strong>de</strong>sfrutara noutros tempos.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!