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Do amanhecer ao pr-do-sol - Igreja Metodista de Vila Isabel

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Alguns dias após a minha instalação tive uma<br />

experiência inesperada e amarga, que jamais esquecerei,<br />

e nem sei como explicar. Eram duas horas da tar<strong>de</strong>,<br />

quan<strong>do</strong>, repentinamente, senti <strong>pr</strong>ofunda tristeza e uma<br />

voz que me dizia: “Aqui não é o teu lugar”. A ex<strong>pr</strong>essão<br />

era bem perceptível. Como reagir? Apanhei a Bíblia e<br />

corri para uma sala <strong>de</strong> aula, no andar térreo. Abri o livro<br />

<strong>ao</strong> acaso, li e orei. E então tu<strong>do</strong> serenou, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>sfrutar <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> gozo, como nunca tivera. Contei <strong>ao</strong><br />

José Rui o que acontecera, e ele confessou-me que<br />

também lhe acontecera fato semelhante. Mas o curioso<br />

comigo foi que a experiência se repetiu <strong>de</strong> igual mo<strong>do</strong> no<br />

dia seguinte. Graças a Deus passou e nunca mais voltou.<br />

Limitei-me a levantar conjecturas. O porque tem-me<br />

acompanha<strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então.<br />

Outra experiência, digna <strong>de</strong> ser relembrada, diz<br />

respeito <strong>ao</strong> meu último encontro com tio Júlio, em Lins,<br />

quase na véspera <strong>do</strong> embarque para Juiz <strong>de</strong> Fora. Fui<br />

me <strong>de</strong>spedir, consoante minha obrigação <strong>de</strong> sobrinho e<br />

afilha<strong>do</strong>. Na ocasião, a<strong>pr</strong>esentou-me a seguinte <strong>pr</strong>oposta:<br />

“Se quiseres diplomar-te em Direito, eu assumirei to<strong>do</strong>s<br />

os gastos”. Contu<strong>do</strong>, <strong>pr</strong>ecisei recusar, explican<strong>do</strong>-lhe que<br />

já estava com<strong>pr</strong>ometi<strong>do</strong>, porém nunca esqueci-me disso,<br />

pois mais tar<strong>de</strong> bacharelei-me pela Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Direito<br />

<strong>de</strong> São Bernar<strong>do</strong> <strong>do</strong> Campo. Acrescento, a<strong>de</strong>mais, que<br />

meu sau<strong>do</strong>so tio aceitara a <strong>do</strong>utrina espírita, enquanto eu<br />

me convertera <strong>ao</strong> <strong>pr</strong>otestantismo evangélico, mas<br />

sem<strong>pr</strong>e fomos bons amigos.<br />

Estranhei que a minha igreja-mãe nunca houvesse<br />

manifesta<strong>do</strong> o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> ajudar-me, nem mesmo durante<br />

o tempo em que permaneci na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Teologia,<br />

embora os seus pastores soubessem o tipo <strong>de</strong> vida<br />

reinante no seminário. Talvez ignorassem a verda<strong>de</strong>ira<br />

situação financeira da minha família, pois eu também<br />

jamais lhes contei.<br />

A<strong>pr</strong>eciei os cursos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o <strong>pr</strong>incípio. Estudava para<br />

saber. Lia o que fosse possível. A<strong>pr</strong>endi a amar os<br />

<strong>pr</strong>ofessores e a <strong>de</strong>sculpar-lhes as <strong>de</strong>ficiências. Descobri,<br />

<strong>ao</strong> fim <strong>de</strong> algum tempo, que possuíam fraquezas,<br />

chegan<strong>do</strong> quase a escandalizar-me, mas livrei-me disto<br />

graças a certo panfleto intitula<strong>do</strong> Regras para o Viver<br />

Cristão, a <strong>pr</strong>imeira das quais dizia: “Nunca mo<strong>de</strong>les o teu<br />

cristianismo pelos outros; lembra-te que foi o Senhor<br />

Jesus que <strong>de</strong>u a vida por ti”. Tal lição valeu-me<br />

consi<strong>de</strong>ravelmente, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a nortear-me os passos dali<br />

em diante.<br />

O que nós alunos mais ansiávamos era concluir o<br />

bacharela<strong>do</strong> e ser nomea<strong>do</strong>s para alguma paróquia.<br />

Queríamos <strong>de</strong>dicar-nos efetivamente <strong>ao</strong> pastoreio das<br />

ovelhas, on<strong>de</strong> quer que fôssemos manda<strong>do</strong>s. Isso sentia<br />

no espírito <strong>do</strong>s colegas. A itinerância metodista andava<br />

consciente em cada um <strong>de</strong> nós, embora discutida às<br />

vezes. Então, nos últimos anos <strong>do</strong> curso teológico,<br />

tínhamos o <strong>pr</strong>ivilégio <strong>de</strong> experimentar o que isso<br />

significava, visto que o bispo e os superinten<strong>de</strong>ntes<br />

distritais nos incumbiam <strong>de</strong> dirigir alguma igreja. Em<br />

1938, fui encarrega<strong>do</strong> <strong>de</strong> pastorear a <strong>de</strong> Três Rios, e em<br />

1939, a <strong>de</strong> Marquês <strong>de</strong> Valença. Segun<strong>do</strong> a <strong>pr</strong>axe, o<br />

titular ia apenas para ministrar os sacramentos e <strong>pr</strong>esidir<br />

as assembléias. Eu viajava nos fins <strong>de</strong> semana e<br />

retornava na segunda-feira. Pagavam-nos Cr$ 100.000<br />

por mês, quantia que julgávamos bastante significativa,<br />

visto não dispormos <strong>de</strong> qualquer serviço.<br />

Entre as obrigações a cum<strong>pr</strong>ir na época, figurava a<br />

exigência militar. Os alunos <strong>do</strong> Granbery, <strong>ao</strong> atingirem a<br />

ida<strong>de</strong> a<strong>de</strong>quada, matriculavam-se no Tiro <strong>de</strong> Guerra, <strong>do</strong>

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