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Do amanhecer ao pr-do-sol - Igreja Metodista de Vila Isabel

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XV<br />

XV<br />

OBSERVANDO O PÔR-DO-SOL<br />

Eu me aposentei em 1975, há alguns anos portanto.<br />

Mas o evento não alterou radicalmente a minha vida.<br />

Recebi-a como <strong>pr</strong>êmio, em vez <strong>de</strong> julgá-la um castigo.<br />

Agora, sinto-me ainda mais livre e com a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

realizar o que não foi possível no passa<strong>do</strong>. O amanhã<br />

ainda é <strong>pr</strong>eocupante, sem me atemorizar, contu<strong>do</strong>. Sei<br />

que po<strong>de</strong>rão advir enfermida<strong>de</strong>s, além <strong>de</strong> amarguras e<br />

males causa<strong>do</strong>s pela terrível <strong>sol</strong>idão. É natural que seja<br />

assim, caso me restem muitos ou poucos dias. Estou<br />

envelhecen<strong>do</strong> sem, todavia, consi<strong>de</strong>rar-me um pobre<br />

velho.<br />

Às vezes, ponho-me a pensar: o que é a velhice,<br />

senão mais um estágio na vida <strong>de</strong> cada ser? Constitui-se<br />

no <strong>pr</strong>olongamento da meninice, da juventu<strong>de</strong> e da fase<br />

adulta. Não se conta pelo número <strong>de</strong> meses e nem <strong>de</strong><br />

anos, porque é um esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> espírito. As evidências<br />

mostram que existem moços velhos e velhos que se<br />

conservam jovens. Uns atingem a velhice <strong>ao</strong>s 50 anos,<br />

<strong>ao</strong> passo que outros vão <strong>ao</strong>s 80, 90 ou mais. Nem to<strong>do</strong>s<br />

os indivíduos da mesma ida<strong>de</strong> são iguais física e<br />

mentalmente. O que é ser jovem? Li há tempos estes<br />

significativos dizeres: “Enquanto seu coração receber<br />

mensagens <strong>de</strong> beleza, alegria, coragem, majesta<strong>de</strong> e<br />

po<strong>de</strong>r, da terra, <strong>do</strong> homem, e <strong>do</strong> infinito, enquanto isso,<br />

você é jovem..”; é custoso, mas não impossível. Lembrome,<br />

também, <strong>de</strong>stas ex<strong>pr</strong>essões <strong>de</strong> Bastos Tigre no<br />

soneto Envelhecer: “Não te seja a velhice enfermida<strong>de</strong>!<br />

Alimenta no espírito a saú<strong>de</strong>. Luta contra as tibiezas da<br />

vonta<strong>de</strong>! Que a neve caia! O teu ar<strong>do</strong>r não mu<strong>de</strong>!<br />

Mantém-te jovem, pouco importa a ida<strong>de</strong>! Tem cada<br />

ida<strong>de</strong> a sua juventu<strong>de</strong>...”. Ninguém sabe quan<strong>do</strong> a<br />

velhice começa porque, na verda<strong>de</strong>, o dia <strong>de</strong> hoje é<br />

diferente daquele <strong>de</strong> ontem. O corpo se altera a cada<br />

momento e <strong>de</strong> diversas maneiras. Agora são os <strong>de</strong>ntes,<br />

<strong>de</strong>pois os olhos que reclamam óculos, o estômago que<br />

rejeita certos alimentos, os <strong>pr</strong>azeres que mudam, a<br />

memória que se <strong>de</strong>bilita, a resistência física que <strong>de</strong>cai e<br />

assim por diante. No entanto, para alcançar a velhice, ou<br />

melhor, uma ida<strong>de</strong> avançada, <strong>pr</strong>ecisamos evitar vícios,<br />

manter em paz a mente, conservar-nos em permanente<br />

ativida<strong>de</strong> e <strong>pr</strong>osseguir diuturnamente buscan<strong>do</strong> o auxílio<br />

divino. Só <strong>de</strong>vemos nos aposentar quan<strong>do</strong> não<br />

dispusermos <strong>de</strong> forças suficientes, pois o trabalho retarda<br />

a velhice e muito contribui a favor da saú<strong>de</strong>.<br />

Por isso, eu coloco a religião entre os fatores que<br />

mais ajudam a enriquecer a vida. Ela orienta, estimula,<br />

dá segurança e paz. O Evangelho <strong>de</strong> Jesus Cristo, fonte<br />

<strong>de</strong> sabe<strong>do</strong>ria e <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, é uma bênção para quantos o<br />

abraçam. É a minha experiência <strong>de</strong>s<strong>de</strong> menino. Jamais<br />

teria feito melhor escolha. Em to<strong>do</strong>s os momentos e<br />

circunstâncias, tenho-o senti<strong>do</strong> perto <strong>de</strong> mim,<br />

fortalecen<strong>do</strong>-me, esclarecen<strong>do</strong>-me, guian<strong>do</strong>-me,<br />

tornan<strong>do</strong>-me vitorioso porque é real, vivo, abrangente,<br />

enlea<strong>do</strong>r. Assim, por seu intermédio, granjeei amigos em<br />

to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> como evi<strong>de</strong>nciam as viagens que já<br />

realizei. Por exemplo, quan<strong>do</strong> a<strong>do</strong>eci na <strong>pr</strong>imeira ida a<br />

Portugal, um <strong>de</strong>stes veio em meu auxílio, apenas porque<br />

tínhamos em comum a mesma fé cristã. Noutra ocasião,<br />

quan<strong>do</strong> fui à Suíça, <strong>sol</strong>icitei <strong>ao</strong> jovem estudante brasileiro<br />

Kay Yuasa, que só conhecia <strong>de</strong> nome, reservar-me<br />

hospedagem num hotel em Genebra. No aeroporto da<br />

cida<strong>de</strong>, revelei-me exibin<strong>do</strong> apenas <strong>de</strong>terminada revista.<br />

Enquanto caminhávamos, perguntei: para on<strong>de</strong> vamos<br />

agora? Para minha sur<strong>pr</strong>esa, respon<strong>de</strong>u: “o senhor será

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