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Do amanhecer ao pr-do-sol - Igreja Metodista de Vila Isabel

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Por coincidência, na manhã em que seguia <strong>de</strong> trem<br />

para a cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Porto, realizavam-se as exéquias <strong>do</strong><br />

<strong>pr</strong>ofessor Antônio <strong>de</strong> Oliveira Salazar, o ilustre político<br />

que governou Portugal durante cinqüenta anos. Estivera<br />

<strong>do</strong>ente nos últimos tempos. Nunca tive ocasião para<br />

visitá-lo, embora residisse <strong>pr</strong>óximo à Torre <strong>do</strong> Tombo e à<br />

Assembléia Nacional. Agora o que via mal-e-mal era o<br />

caixão mortuário meti<strong>do</strong> num comboio especial a<br />

caminho <strong>de</strong> Santa Comba Dão, terra natal <strong>do</strong> extinto.<br />

Findas as cerimônias nos Jerônimos, o cortejo dirigiu-se<br />

à estação <strong>do</strong>s Caminhos Férreos. Multidões<br />

acompanhavam a passagem <strong>do</strong> féretro, enquanto aviões<br />

sobrevoavam nos céus. Mas o meu trem logo tomou a<br />

dianteira. Todavia, passamos pelas estações que o digno<br />

morto haveria <strong>de</strong> passar; em todas, havia grupos<br />

numerosos aguardan<strong>do</strong> o féretro. Em Coimbra, on<strong>de</strong><br />

Salazar exercera o magistério na universida<strong>de</strong>, foi,<br />

naturalmente, a paragem <strong>de</strong> maior <strong>de</strong>staque, segun<strong>do</strong><br />

bem noticiou a im<strong>pr</strong>ensa.<br />

Afinal, encerradas as pesquisas no Porto e em<br />

Lisboa, regressei <strong>ao</strong> Brasil <strong>de</strong>ten<strong>do</strong>-me <strong>pr</strong>imeiro em<br />

Recife para rever os filhos e os amigos; matei sauda<strong>de</strong>s.<br />

Outros me aguardavam em São Paulo. Tinha <strong>de</strong>veres a<br />

cum<strong>pr</strong>ir aqui, acrescentan<strong>do</strong> a redação <strong>de</strong> nova obra,<br />

graças <strong>ao</strong>s apontamentos colhi<strong>do</strong>s até então e o<br />

atendimento às aulas que me fossem exigidas. Todavia,<br />

continuava no pastora<strong>do</strong>.<br />

Logo que cheguei, quis saber qual a paróquia<br />

<strong>de</strong>stinada a mim pelo Gabinete Episcopal, pois me fora<br />

dito pelo bispo, antes da viagem, que eu já estava<br />

nomea<strong>do</strong> e que no regresso seria notifica<strong>do</strong> oficialmente.<br />

Suce<strong>de</strong> que as <strong>de</strong>signações foram alteradas em minha<br />

ausência, sem levar em conta meus direitos. Como<br />

<strong>pr</strong>oce<strong>de</strong>r então? Admiti as explicações. Contu<strong>do</strong>, exigi o<br />

meu lugar no pastora<strong>do</strong>, que vinha exercen<strong>do</strong> há<br />

<strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> anos e no qual nada constava contra a minha<br />

atuação e pessoa. Afirmou-me o Revmo. Bispo que<br />

restavam duas igrejas à minha escolha, a saber: vila <strong>de</strong><br />

São João Clímaco, já atendida por um estudante da<br />

Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Teologia, casa<strong>do</strong> recentemente, e, cida<strong>de</strong><br />

da Cunha, ainda vaga, on<strong>de</strong> teria que fixar residência, ou<br />

para lá viajar todas as semanas. Optei pela segunda<br />

alternativa, embora per<strong>de</strong>sse, sem<strong>pr</strong>e, muito tempo nas<br />

ro<strong>do</strong>viárias, pois era obrïga<strong>do</strong> a tomar duas conduções:<br />

uma em São Paulo e outra em Guaratinguetá. Preferi<br />

<strong>de</strong>ixar em paz o seminarista-pastor <strong>de</strong> São João <strong>de</strong> <strong>Vila</strong><br />

Con<strong>de</strong>.<br />

Cunha é cida<strong>de</strong> antiga. Foi o caminho natural das<br />

Minas Gerais para a vila <strong>de</strong> Parati, no litoral. Situou-se no<br />

planalto. Poucas ruas; lojas mo<strong>de</strong>stas. Seus mora<strong>do</strong>res<br />

têm costumes simples; a vida rural <strong>pr</strong>e<strong>do</strong>mina. Os<br />

metodistas <strong>pr</strong>oce<strong>de</strong>m como os vizinhos, mas diferem<br />

<strong>de</strong>stes por seguirem o Evangelho. Nos fins <strong>de</strong> semana,<br />

as pessoas que têm sítio ou fazenda, reúnem-se no<br />

templo que lhes é comum, o qual comporta,<br />

a<strong>pr</strong>oximadamente, quatrocentos fiéis. Existe muita<br />

consi<strong>de</strong>ração para com o pastor, por isso me senti bem<br />

entre eles, embora seja mais citadino. Permaneci como<br />

seu guia espiritual cerca <strong>de</strong> seis meses, pois, no começo<br />

<strong>do</strong> ano seguinte, fui nomea<strong>do</strong> para Rudge Ramos, e<br />

<strong>de</strong>pois para Santo Estevão, no bairro <strong>de</strong> Tatuapé.<br />

Completei 37 anos <strong>de</strong> pastora<strong>do</strong> e re<strong>sol</strong>vi, então,<br />

aposentar-me. Mas continuei no magistério, a serviço <strong>do</strong><br />

Instituto <strong>Metodista</strong> <strong>de</strong> Ensino Superior.<br />

O convite que me fez o diretor, rev. Clory, <strong>pr</strong>olongouse<br />

pelo tempo a<strong>de</strong>ntro. No regresso <strong>de</strong> Portugal, passei a<br />

ministrar duas novas matérias: Problemas Brasileiros e<br />

Antropologia Cultural. Algumas vezes aju<strong>de</strong>i a <strong>pr</strong>eparar

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