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Do amanhecer ao pr-do-sol - Igreja Metodista de Vila Isabel

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XVI<br />

XVI<br />

NOSSA RESIDÊNCIA NO<br />

CONJUNTO COSTA DO SOL<br />

Suce<strong>de</strong>n<strong>do</strong> que os nossos recursos financeiros em<br />

Lisboa estavam <strong>de</strong>cain<strong>do</strong> dia-a-dia, achamos por bem<br />

limitar o tempo <strong>de</strong> que ainda dispúnhamos. O CNPq<br />

<strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> nos enviar parte da verba com que<br />

contávamos, embora o tivéssemos cobra<strong>do</strong> por mais <strong>de</strong><br />

uma vez. E daí, outrossim, o nosso <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> regressar<br />

<strong>ao</strong> Brasil o quanto antes, mesmo porque não<br />

<strong>pr</strong>etendíamos ficar em Portugal. Por outro la<strong>do</strong>, a Pátria<br />

nos aguardava, pois tínhamos obrigações a cum<strong>pr</strong>ir.<br />

Devíamos, antes <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, enfrentar a imperiosa<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> organizar uma nova residência, porque a<br />

minha, tanto quanto a da Anídia, estavam <strong>de</strong>sfeitas. Em<br />

vista disso, <strong>de</strong>cidimos ir morar em Santos até que o<br />

inquilino em Rudge Ramos me <strong>de</strong>volvesse o apartamento<br />

que possuo ali.<br />

Portanto, alugamos um imóvel no bairro da<br />

Aclimação, na rua Topázio, <strong>pr</strong>óximo <strong>ao</strong> local on<strong>de</strong> moram<br />

meu genro <strong>Do</strong>mingos, Linei<strong>de</strong> e filhos. Fomos, <strong>de</strong>pois,<br />

para Rudge Ramos e ocupamos o apartamento no<br />

Conjunto <strong>do</strong> Sol, em que nos achamos até o <strong>pr</strong>esente.<br />

Gostamos, naquela contingência, <strong>de</strong> ter vin<strong>do</strong> para cá<br />

por uma série <strong>de</strong> razões. Estávamos obriga<strong>do</strong>s a<br />

entregar o imóvel da Aclimação; ficaríamos, assim, livres<br />

<strong>do</strong> escorchante aluguel. Minha filha Marinei<strong>de</strong> e família<br />

resi<strong>de</strong>m nas <strong>pr</strong>oximida<strong>de</strong>s. Já conhecíamos numerosos<br />

mora<strong>do</strong>res no bairro, pois vivemos aqui no passa<strong>do</strong>.<br />

Tínhamos telefone <strong>pr</strong>ó<strong>pr</strong>io. Bons <strong>pr</strong>ofissionais aten<strong>de</strong>m a<br />

população: <strong>de</strong>ntistas, médicos, advoga<strong>do</strong>s, laboratórios e<br />

diversos outros. O fato <strong>de</strong> estarmos à pequena distância<br />

<strong>do</strong> centro <strong>de</strong> São Bernar<strong>do</strong> e <strong>de</strong> São Paulo, bem como<br />

<strong>de</strong> to<strong>do</strong> o ABC, foi, também, <strong>de</strong> muito significa<strong>do</strong>. Não<br />

obstante, optamos por freqüentar a <strong>Igreja</strong> <strong>Metodista</strong> em<br />

<strong>Vila</strong> Mariana, on<strong>de</strong> possuímos amigos e parentes. Mas a<br />

minha assistência às aca<strong>de</strong>mias e <strong>ao</strong>s institutos tiveram<br />

que ressentir-se.<br />

Aos poucos vamos <strong>de</strong>scobrin<strong>do</strong> as boas qualida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> nossos vizinhos <strong>do</strong> Costa <strong>do</strong> Sol, alguns <strong>do</strong>s quais já<br />

conhecemos pessoalmente. A síndica atual é uma<br />

<strong>pr</strong>ofessora aposentada. Os i<strong>do</strong>sos <strong>pr</strong>e<strong>do</strong>minam entre os<br />

adultos. Contam-se algumas viúvas. Crianças e<br />

a<strong>do</strong>lescentes em gran<strong>de</strong> número espalham a sua graça.<br />

Como o espaço <strong>de</strong> lazer é largo, às vezes, <strong>sol</strong>tam<br />

papagaios, batem bola ou andam <strong>de</strong> bicicleta. O bateboca<br />

e as richinhas são comuns, exceto quan<strong>do</strong> vão à<br />

escola. De resto, tu<strong>do</strong> vai bem. Se, porém, acontece algo<br />

<strong>de</strong> anormal, cada mora<strong>do</strong>r aco<strong>de</strong> sem tardança.<br />

Vivemos, portanto, numa verda<strong>de</strong>ira comunida<strong>de</strong>,<br />

embora haja diferenças étnicas, sociais, religiosas e<br />

econômicas. Isto aqui é como um vilarejo em miniatura.<br />

Somente à noite é que o movimento se <strong>de</strong>staca porque<br />

regressam <strong>ao</strong> lar os que trabalham fora.<br />

Entre as reminiscências que colhi nos arquivos <strong>de</strong><br />

Lisboa, figura uma inesquecível alergia ocular. Percebi<br />

que a tinha adquiri<strong>do</strong> <strong>ao</strong> <strong>de</strong>spertar certa manhã com os<br />

olhos ensangüenta<strong>do</strong>s e sem po<strong>de</strong>r enxergar as coisas.<br />

Era mais um motivo para voltar <strong>ao</strong> Brasil o quanto antes.<br />

Também não convinha <strong>pr</strong>osseguir nas pesquisas.<br />

Embarcamos <strong>pr</strong>ontamente, e, em aqui chegan<strong>do</strong>, fui <strong>ao</strong><br />

oculista. O mal foi sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>bela<strong>do</strong> <strong>ao</strong>s poucos, <strong>de</strong> sorte

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