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Do amanhecer ao pr-do-sol - Igreja Metodista de Vila Isabel

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ficará a autorida<strong>de</strong> eclesiástica?”. Tive, em<br />

conseqüência, que recorrer a evasivas e <strong>sol</strong>icitar à<br />

re<strong>pr</strong>esentação portuguesa a transferência da bolsa para<br />

o ano seguinte, o que, felizmente, consegui.<br />

Sen<strong>do</strong> assim, iniciei a tomar <strong>pr</strong>ovidências para viajar<br />

em 1970. Re<strong>sol</strong>vi, antes <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, que iria sem qualquer<br />

ônus para a <strong>Igreja</strong>. Solicitei o auxílio da Fundação <strong>de</strong><br />

Amparo à Pesquisa <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo (Fapesp) e<br />

<strong>do</strong> Ministério da Cultura <strong>de</strong> Portugal, no que fui atendi<strong>do</strong>.<br />

Abri mão <strong>do</strong>s meus direitos na <strong>Igreja</strong>, exceto o <strong>de</strong> pastor<br />

metodista, escolhi<strong>do</strong> por mim há longos anos. A TAP<br />

(Transportes Aéreos Portugueses), concor<strong>do</strong>u que eu<br />

pagasse a viagem em <strong>de</strong>z vezes.<br />

Entrementes, <strong>de</strong>fini o tema para as novas pesquisas.<br />

Seria a participação <strong>do</strong>s cristãos-novos no povoamento e<br />

na conquista <strong>do</strong> Brasil. Procurei evidências em São<br />

Paulo, Rio <strong>de</strong> Janeiro e Pernambuco. Escrevi a respeito<br />

para quem pu<strong>de</strong>sse dar-me informações. Tratei minha<br />

saú<strong>de</strong> com o dr. Brickmann, médico homeopata, amigo.<br />

Instituí e entreguei a medalha “Elias Gonçalves Salva<strong>do</strong>r”<br />

<strong>ao</strong> melhor aluno forma<strong>do</strong> pelo Instituto Americano <strong>de</strong><br />

Lins. Mantive correspondência com a Linei<strong>de</strong>, minha<br />

filha, enquanto esta se achava em estu<strong>do</strong>s na França.<br />

Tu<strong>do</strong> em or<strong>de</strong>m, parti em 28 <strong>de</strong> fevereiro com <strong>de</strong>stino<br />

a Recife, pela Vasp. Esperavam-me no aeroporto local,<br />

meu genro <strong>Do</strong>mingos e a esposa Linei<strong>de</strong>, agora<br />

<strong>pr</strong>ofessora comissionada na Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong>.<br />

A<strong>pr</strong>oveitei então para visitar as instituições culturais<br />

nessa capital, efetuar algumas pesquisas e travar<br />

relações com <strong>de</strong>terminadas pessoas, como os<br />

<strong>pr</strong>ofessores José Lourenço, diretor <strong>do</strong> Instituto <strong>de</strong> Letras,<br />

José Tarbosa, dr. José Antônio Gonçalves <strong>de</strong> Melo, que<br />

me recebeu em seu lar, o poeta e crítico literário Cesar<br />

Leal e outros. Fui à Cida<strong>de</strong> Universitária, <strong>ao</strong> Hospital das<br />

Clínicas, à <strong>Igreja</strong> <strong>do</strong>s Guararapes, <strong>ao</strong> Arquivo Público e à<br />

Biblioteca. Fin<strong>de</strong>i as andanças com uma visita muito<br />

necessária à histórica e venerável cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Olinda, da<br />

qual tirei algumas fotos.<br />

Ao fim da semana, ou seja, no dia 6 <strong>de</strong> março,<br />

levantamos asas, pela Varig, com <strong>de</strong>stino à Lisboa.<br />

Altura <strong>de</strong> 11.200 metros. Chegamos às 10h40 pelo<br />

horário local. Segui direto para a Pensão Morais, na av.<br />

Liberda<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> me hospedara tantas vezes no passa<strong>do</strong>.<br />

Ato contínuo, dirigi-me <strong>ao</strong> Instituto <strong>de</strong> Alta Cultura para<br />

noticiar a minha chegada e receber o <strong>pr</strong>imeiro cheque<br />

alusivo à bolsa <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s, o qual importou em 5.000<br />

escu<strong>do</strong>s. À tar<strong>de</strong>, passei bons momentos com o queri<strong>do</strong><br />

casal Pedro Jaime Mourão, agora resi<strong>de</strong>nte perto, na rua<br />

<strong>do</strong> Carrião. Eu os conhecera há <strong>do</strong>is ou três anos, em<br />

Rudge Ramos, no Brasil.<br />

Na segunda-feira, 9 <strong>de</strong> março, “entrei <strong>de</strong> <strong>sol</strong>a”, como<br />

se diz, na execução <strong>do</strong> meu plano <strong>de</strong> trabalho; o tempo<br />

não espera. Teria muito que pesquisar e que andar, <strong>de</strong><br />

arquivo para arquivo; uma <strong>de</strong>zena no mínimo. Na<br />

monumental Torre <strong>do</strong> Tombo, relicário <strong>do</strong>s valiosos<br />

<strong>pr</strong>ocessos individuais da Inquisição, li numerosos,<br />

<strong>de</strong>stacan<strong>do</strong> especialmente o <strong>de</strong> Miguel Car<strong>do</strong>so, cabeça<br />

<strong>do</strong>s cristãos-novos no Rio <strong>de</strong> Janeiro; o <strong>de</strong> Duarte da<br />

Silva, capitalista, operoso merca<strong>do</strong>r e influente homem<br />

<strong>de</strong> negócios no reino <strong>de</strong> Portugal, Brasil e nações da<br />

Europa; o <strong>de</strong> Maria da Costa, judia natural <strong>de</strong> Beja, que,<br />

após enviuvar, casou com Fernão Vieira Tavares, pai <strong>do</strong><br />

conheci<strong>do</strong> sertanista Antonio Vieira Tavares, eminente<br />

ban<strong>de</strong>irante <strong>de</strong> São Paulo.

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