Do amanhecer ao pr-do-sol - Igreja Metodista de Vila Isabel
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qual eram encarrega<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is sargentos <strong>do</strong> Exército;<br />
aliás, grosseiros e poucos educa<strong>do</strong>s quanto à linguagem.<br />
Tínhamos aulas e exercícios durante a semana em dias<br />
<strong>pr</strong>é <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s. Eu me divertia intímamente <strong>ao</strong> ouvi-los<br />
exclamar contra a rapaziada: “Seus moleques, vocês<br />
ainda não são batráquios e já querem ser cururus”. Que<br />
disparate!<br />
Entretanto, quan<strong>do</strong> o <strong>pr</strong>ograma já ia bem adianta<strong>do</strong>,<br />
certo militar <strong>do</strong> quartel local veio trazer-me uma<br />
notificação para ser submeti<strong>do</strong> a exame médico, pois fora<br />
sortea<strong>do</strong> em São Paulo para o serviço obrigatório<br />
naquele órgão. Confesso que fiquei embasbaca<strong>do</strong> ante a<br />
exigência, por uma série <strong>de</strong> razões. Comecei a pensar<br />
sobre a maneira <strong>de</strong> livrar-me. Que fazer? Lembrei-me,<br />
então, <strong>do</strong> sargento Aquilino, gaúcho, que freqüentava a<br />
<strong>Igreja</strong> <strong>Metodista</strong> Central, e lhe expus o <strong>pr</strong>oblema,<br />
receben<strong>do</strong> o seguinte conselho: “No dia da sua<br />
a<strong>pr</strong>esentação para o exame, eu estarei lá; o resto ficará<br />
por minha conta”. Realmente, isso aconteceu. Todavia<br />
algo <strong>de</strong> curioso se passou. Ao pesar-me, minha estatura<br />
revelou-se abaixo <strong>do</strong> normal e o médico viu-se obriga<strong>do</strong><br />
a <strong>de</strong>clarar-me dispensa<strong>do</strong>”, com o que não concor<strong>do</strong>u o<br />
cabo que o auxiliava, exclaman<strong>do</strong>: “Eu sou menor que o<br />
candidato, mas aqui estou. Como po<strong>de</strong> ser isso?”.<br />
Contou-me <strong>de</strong>pois o queri<strong>do</strong> Aquilino, que havia chega<strong>do</strong><br />
ce<strong>do</strong> <strong>ao</strong> local da inspeção e alterara a balança, sem o<br />
conhecimento <strong>de</strong> quem quer que fosse. Em to<strong>do</strong> o caso,<br />
eu nunca seria um bom <strong>sol</strong>da<strong>do</strong>. Não estava em mim o<br />
serviço militar, como era <strong>pr</strong>evisto pelo menos. Talvez<br />
como capelão ou enfermeiro, sim.<br />
Por esse tempo, em 1938, eu me encontrava em Juiz<br />
<strong>de</strong> Fora quan<strong>do</strong> se realizou ali o Concílio Geral da <strong>Igreja</strong><br />
<strong>Metodista</strong>, hospeda<strong>do</strong> pelo Granbery. Em vista das férias<br />
escolares, e por <strong>de</strong>sconhecer a natureza <strong>do</strong> conclave,<br />
re<strong>sol</strong>vi assistir às sessões <strong>do</strong> plenário. O ambiente se<br />
caracterizava por a<strong>pr</strong>eensões e inquietu<strong>de</strong>s. Havia no ar<br />
<strong>pr</strong>oblemas sérios a <strong>de</strong>cidir. Pretendia-se extinguir as<br />
faculda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> teologia <strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong> Fora e <strong>de</strong> Porto Alegre<br />
unin<strong>do</strong>-as em uma só, com vigência em São Paulo. E<br />
quem seria o reitor? Sante Uberto Barbieri, ou Derly<br />
Chaves? As paixões se chocavam! O <strong>pr</strong>imeiro foi o eleito,<br />
porém renunciou logo <strong>de</strong>pois, e o segun<strong>do</strong> aceitou o<br />
encargo. Outro caso <strong>de</strong>veras chocante referia-se <strong>ao</strong><br />
em<strong>pr</strong>éstimo <strong>sol</strong>icita<strong>do</strong> pelo Instituto Americano <strong>de</strong> Lins.<br />
Estranhamente, os missionários americanos, membros<br />
ou não <strong>do</strong> Concílio se opunham. As discussões tomaram<br />
vulto. Ouviu-se então, em da<strong>do</strong> momento, alguém<br />
<strong>de</strong>clarar a alta voz: “A igreja não é casa bancária”; <strong>ao</strong><br />
passo que o sr. Hubbard, ali <strong>pr</strong>esente, levantou-se e<br />
retrucou nervoso: “E eu, porventura, sou comerciante?”; e<br />
ato contínuo, retirou o pedi<strong>do</strong> alusivo <strong>ao</strong> em<strong>pr</strong>éstimo.<br />
Meses <strong>de</strong>pois, o <strong>pr</strong>of. Artur <strong>de</strong> Campos Gonçalves, oficial<br />
<strong>do</strong> governo no ensino superior, visitou o colégio e aju<strong>do</strong>u<br />
a re<strong>sol</strong>ver a situação. Pouca gente, contu<strong>do</strong>, sabe disto.<br />
Pouco antes <strong>de</strong> concluir o quarto ano teológico<br />
(1939), quase <strong>ao</strong> término <strong>do</strong> curso, sofri <strong>de</strong> novo um<br />
chocante impacto. Agora <strong>pr</strong>ovoca<strong>do</strong> por minha<br />
namorada. Escreveu-me esta, cortan<strong>do</strong> os laços que nos<br />
<strong>pr</strong>endiam mútuamente. Alegava que não possuía<br />
condições <strong>de</strong> acompanhar-me no pastora<strong>do</strong>, coisa que<br />
eu mal podia enten<strong>de</strong>r, visto que Jamais <strong>de</strong>monstrara<br />
isso e até há pouco vivíamos concor<strong>de</strong>s. Re<strong>sol</strong>vi,<br />
conseqüentemente, escrever à sua mãe e <strong>ao</strong> meu amigo,<br />
Edmo <strong>de</strong> Moura, indagan<strong>do</strong> sobre o que estava<br />
acontecen<strong>do</strong>. A resposta <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is assemelhava-se tal<br />
como cópias <strong>de</strong> xérox, contan<strong>do</strong>-me que aparecera em<br />
Lins certo parente <strong>de</strong>la resi<strong>de</strong>nte em Bauru, e <strong>de</strong>cidiram<br />
casar-se, mas os familiares se opuseram. Então nos<br />
reconciliamos, sen<strong>do</strong> que o nosso matrimônio teve lugar