Do amanhecer ao pr-do-sol - Igreja Metodista de Vila Isabel
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Nos meus quatro anos <strong>de</strong> pastora<strong>do</strong> em Birigüi,<br />
<strong>pr</strong>ecisei envolver-me com a situação, mesmo porque eu<br />
era <strong>pr</strong>esi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Conselho. Como, também, a população<br />
enfrentasse dificulda<strong>de</strong>s, re<strong>sol</strong>vi criar uma cooperativa <strong>de</strong><br />
consumo para minorar a crise <strong>de</strong>corrente da guerra.<br />
Aluguei um salão e o <strong>de</strong>pósito on<strong>de</strong> se efetuaram as<br />
inscrições <strong>de</strong> sócios. Ao eleger-se a diretoria,<br />
escolheram-me como <strong>pr</strong>esi<strong>de</strong>nte. Faltava o capital,<br />
subscrito só em parte pelos recém-admiti<strong>do</strong>s. Suce<strong>de</strong>,<br />
outrossim, que o governo re<strong>sol</strong>veu congelar certos<br />
<strong>pr</strong>odutos, mas liberou-os para as cooperativas e<br />
<strong>pr</strong>efeituras. entre eles, óleo comestível, soda cáustica,<br />
farinha <strong>de</strong> trigo, sabão, teci<strong>do</strong>s e outros, os quais tinham<br />
que ser retira<strong>do</strong>s em São Paulo. Quan<strong>do</strong> o nosso<br />
dinheiro faltava, recorríamos a em<strong>pr</strong>éstimos. Felizmente,<br />
contávamos com o sr. Gregório Ferreira Camargo, e este<br />
nunca falhou. Eu agia, então, como fia<strong>do</strong>r. Na <strong>pr</strong>imeira<br />
vez que o <strong>pr</strong>ocurei, respon<strong>de</strong>u-me: “Rev. Salva<strong>do</strong>r, eu<br />
conheci bem o seu pai: se você não me pagar, ninguém<br />
mais o fará”. O mesmo fato aconteceu <strong>de</strong>z anos <strong>de</strong>pois,<br />
quan<strong>do</strong> quis construir minha casa em Rudge Ramos.<br />
No caso da cooperativa temi a reação <strong>do</strong> comércio<br />
local por lhe fazermos concorrência, porém nada<br />
suce<strong>de</strong>u. Todavia, junto com o dr. Demóstenes Guanáis,<br />
polemizamos com o secretário da <strong>pr</strong>efeitura por ocultar o<br />
óleo a que tínhamos direito. Devo, igualmente, <strong>ao</strong> ilustre<br />
médico as atenções que me <strong>de</strong>dicou visitan<strong>do</strong> comigo os<br />
lares on<strong>de</strong> a<strong>de</strong>ntrava alguma enfermida<strong>de</strong>. A igreja só<br />
pagava o táxi. Nunca nos <strong>de</strong><strong>pr</strong>eciamos, visto revelar-se<br />
comunista invetera<strong>do</strong>, e eu, evangélico convicto.<br />
O jornal da terra, conheci<strong>do</strong> como Birigüiense,<br />
colocou-se à minha disposição <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que lá cheguei.<br />
Escrevia quase todas as semanas um artigo sobre os<br />
mais diversos temas. De uma feita <strong>pr</strong>ecisei enfrentar um<br />
grupo <strong>de</strong> missionários católicos, pois iniciaram as<br />
<strong>pr</strong>egações dizen<strong>do</strong> absur<strong>do</strong>s sobre Martinho Lutero. De<br />
outra feita, necessitei pedir licença <strong>ao</strong> dr. Sud Menucci,<br />
secretário estadual <strong>de</strong> Educação, para colocar a Bíblia<br />
em cada grupo escolar, visto que os nossos <strong>de</strong>safetos<br />
tinham entroniza<strong>do</strong> o crucifixo nesses educandários e no<br />
fórum. Organizei <strong>pr</strong>ogramas especiais e escrevi boletins.<br />
O ora<strong>do</strong>r oficial foi o <strong>pr</strong>ofessor Nicolau Hastenreiter, <strong>de</strong><br />
Lins. Por esse tempo, aceitei o convite para re<strong>pr</strong>esentar<br />
na cida<strong>de</strong> o Jornal <strong>de</strong> São Paulo funda<strong>do</strong> por Guilherme<br />
<strong>de</strong> Almeida. Institui, outrossim, a medalha “Elias<br />
Gonçalves Salva<strong>do</strong>r” em homenagem a meu pai, a qual<br />
atribuí durante anos <strong>ao</strong> melhor aluno forma<strong>do</strong> pelo<br />
Instituto Americano <strong>de</strong> Lins.<br />
Des<strong>de</strong> ce<strong>do</strong>, manifestei espírito contencioso. Em<br />
menino vivia brigan<strong>do</strong> com os colegas da escola, <strong>de</strong> sorte<br />
a chegar em casa sem<strong>pr</strong>e com alguns arranhões. Cresci,<br />
mas continuei a medir forças com outros rapazes. No<br />
ginásio, <strong>do</strong> mesmo mo<strong>do</strong>. Cheguei a apanhar, tal como<br />
suce<strong>de</strong>u uma tar<strong>de</strong> quan<strong>do</strong> nos dirigíamos à escola.<br />
Havia um nissei que eu <strong>pr</strong>ovocava <strong>de</strong>veras, embora ele<br />
fosse mais vigoroso e mais alto. Tanto enchi esse colega<br />
que, impaciente, re<strong>sol</strong>veu dar-me uma lição. Atirou-me <strong>ao</strong><br />
chão e pulan<strong>do</strong> em cima <strong>de</strong> mim ameaçou afogar-me;<br />
caso Manoel, meu <strong>pr</strong>imo, não me houvesse socorri<strong>do</strong>...<br />
No curso ginasial, o meu pen<strong>do</strong>r manifestou-se,<br />
porém, na <strong>de</strong>dicação <strong>ao</strong>s estu<strong>do</strong>s, pois não tolerava que<br />
alguém na classe obtivesse média maior que a minha.<br />
Tanto assim que, a partir <strong>do</strong> terceiro ano, fui geralmente<br />
o <strong>pr</strong>imeiro da classe. O motivo da mudança encontra-se<br />
no fato <strong>de</strong> que, por esse tempo, re<strong>sol</strong>vi pautar-me pelo<br />
evangelho <strong>de</strong> Cristo.