Do amanhecer ao pr-do-sol - Igreja Metodista de Vila Isabel
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XIII<br />
XIII<br />
O INTERSTÍCIO DE 1970 A 1977<br />
Afasta<strong>do</strong>, compulsivamente, <strong>de</strong> minha cátedra na<br />
Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Teologia, e achan<strong>do</strong>-me licencia<strong>do</strong> para<br />
escrever a História <strong>do</strong> Metodismo no Brasil, mas, visto<br />
que, também, as autorida<strong>de</strong>s eclesiásticas não me <strong>de</strong>ram<br />
condições a fim <strong>de</strong> <strong>pr</strong>osseguir a obra, integrei-me no<br />
pastora<strong>do</strong>. Por <strong>de</strong>cisão episcopal passei a dirigir a<br />
paróquia <strong>de</strong> Campo Belo nos arre<strong>do</strong>res <strong>de</strong> São Paulo, a<br />
qual aliás, era freqüentada por bom número <strong>de</strong> ex-alunos<br />
da referida Faculda<strong>de</strong>, por elementos <strong>de</strong> cultura e<br />
posição social, e, inclusive, por avia<strong>do</strong>res da Varig, como<br />
Abel Flores, cujo avião fora sequestra<strong>do</strong> para Cuba; Elio<br />
Victal Ferreira e Juarez Sieburger, irmão <strong>de</strong> ex-aluno<br />
meu.<br />
Irrita<strong>do</strong> com o <strong>pr</strong>ocedimento para comigo, no caso <strong>do</strong><br />
afastamento da cátedra, apelei à Comissão <strong>de</strong> justiça da<br />
<strong>Igreja</strong> e <strong>ao</strong> Conselho Diretor da Faculda<strong>de</strong>, mas to<strong>do</strong>s<br />
respon<strong>de</strong>ram mais ou menos <strong>de</strong> igual mo<strong>do</strong>, dizen<strong>do</strong>:<br />
“Não é <strong>de</strong> nossa competência”. Afinal, <strong>de</strong>ixaram-me na<br />
mesma categoria <strong>de</strong> quantos pa<strong>de</strong>ceram por culpa da<br />
greve <strong>de</strong> 1968.<br />
Naturalmente, fiquei entristeci<strong>do</strong> e abala<strong>do</strong> com a<br />
injustiça no momento que melhor po<strong>de</strong>ria servir à<br />
instituição. Ninguém explicou-me até hoje a causa da<br />
mudança. Todavia, passa<strong>do</strong>s alguns meses, Clory <strong>de</strong><br />
Oliveira, <strong>de</strong>signa<strong>do</strong> para estruturar a Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Ciências Humanas, a <strong>pr</strong>imeira <strong>do</strong> IMS, veio pedir- me<br />
para ajudá-lo, o que fiz imediatamente, aceitan<strong>do</strong>,<br />
inclusive, as ca<strong>de</strong>iras <strong>de</strong> História e <strong>de</strong> Geografia, bem<br />
como, mais tar<strong>de</strong>, a <strong>de</strong> Antropologia Cultural. Assim,<br />
continuei no Instituto <strong>Metodista</strong> por mais oito anos, sem,<br />
porém, afastar-me da USP, visto que os <strong>pr</strong>ofessores <strong>do</strong><br />
<strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> História queriam o meu ingresso como<br />
adjunto, mas, para isso, eu <strong>de</strong>veria <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r uma<br />
segunda tese. Suce<strong>de</strong> que, <strong>de</strong> permeio, o Instituto <strong>de</strong><br />
Cultura Portuguesa se inteirou <strong>do</strong> assunto e me ofereceu<br />
uma bolsa <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s através <strong>de</strong> sua embaixada, coisa<br />
que muito me agra<strong>do</strong>u.<br />
Face, agora, à situação, <strong>pr</strong>ocurei o Bispo da Terceira<br />
Região, <strong>ao</strong> qual expus o <strong>pr</strong>oblema e pedi licença para<br />
viajar. À vista <strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento oficial, respon<strong>de</strong>u<br />
imediatamente: “É da minha competência; po<strong>de</strong> aceitar”.<br />
Contu<strong>do</strong>, alguns dias <strong>de</strong>pois, chamou-me para dizer:<br />
“A<strong>pr</strong>esentei o seu pedi<strong>do</strong> <strong>ao</strong> Conselho Regional e este é<br />
contrário a sua saida, alegan<strong>do</strong> falta <strong>de</strong> pastores e<br />
carência <strong>de</strong> recursos financeiros; consentiremos porém,<br />
se você abrir mão <strong>do</strong>s seus direitos na <strong>Igreja</strong>”.<br />
Eu jamais <strong>sol</strong>icitei qualquer ajuda pecuniária,<br />
a<strong>de</strong>mais, a atribuição era exclusivamente <strong>do</strong> sr. Bispo,<br />
por isso achei revoltante a mudança no <strong>pr</strong>ocedimento;<br />
tanto mais, porque <strong>do</strong>is colegas, superinten<strong>de</strong>ntes<br />
distritais, apoiaram a <strong>de</strong>cisão, achan<strong>do</strong>-se eles<br />
com<strong>pr</strong>ometi<strong>do</strong>s, impunemente, com a aquisição <strong>de</strong><br />
residências para si com as verbas <strong>de</strong> aluguel fornecidas<br />
pela tesouraria regional. As casas foram com<strong>pr</strong>adas.<br />
Ambos fixaram-se nelas e nas mesmas continuaram a<br />
residir, evitan<strong>do</strong> assim o <strong>pr</strong>oblema <strong>de</strong> sua itinerância na<br />
<strong>Igreja</strong> <strong>Metodista</strong>. Ao que eu me pergunto agora, após<br />
tantos anos: “Houve justiça e honestida<strong>de</strong> para comigo?”.<br />
Na mesma oportunida<strong>de</strong> perguntei <strong>ao</strong> sr. Bispo: “Se a<br />
competência é apenas <strong>de</strong> V. Revma., por que consultou<br />
outros? Além disso, já respondi à embaixada<br />
afirmativamente. Que lhes direi agora, e em que situação