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Do amanhecer ao pr-do-sol - Igreja Metodista de Vila Isabel

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III<br />

III<br />

COM OS PÉS NOS CHÃOS DO<br />

BRASIL<br />

Ao iniciar-se a década <strong>de</strong> 1900 as viagens para o<br />

Brasil iam-se tornan<strong>do</strong> mais <strong>de</strong>sejáveis, porém mais<br />

difíceis. A situação na Europa caracterizava-se por<br />

incompatibilida<strong>de</strong>s entre as nações. Uma guerra teria que<br />

acontecer. Os governos trataram <strong>de</strong> acautelar-se. Os<br />

boatos corriam céleres. O temor subiu às alturas,<br />

<strong>de</strong>corri<strong>do</strong> algum tempo, até que Portugal se juntou <strong>ao</strong><br />

grupo <strong>do</strong>s alia<strong>do</strong>s. Entrementes, a luta armada estourou<br />

no ano <strong>de</strong> 1914 e <strong>pr</strong>osseguiu por mais quatro anos,<br />

findan<strong>do</strong>-se no ano <strong>de</strong> 1918. Viajar então, exigia muita<br />

coragem e muita força <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong>. Suce<strong>de</strong>, além <strong>de</strong><br />

tu<strong>do</strong>, que os navios estavam sujeitos a inspeções no altomar<br />

para se verificar a que nações pertenciam e se<br />

conduziam armamentos. Por isso, o temor jazia a bor<strong>do</strong><br />

dia e noite, <strong>ao</strong> passo que comandantes e tripulações<br />

<strong>de</strong>viam manter-se em vigilância.<br />

Minha avó Rosa, a filha Encarnação e o pequeno<br />

Manoel figuravam entre os amedronta<strong>do</strong>s passageiros.<br />

Ela contou-me, anos <strong>de</strong>pois, ainda emocionada, os<br />

sustos que pa<strong>de</strong>ceram até alcançarem o porto <strong>de</strong> Santos,<br />

final <strong>do</strong> pesa<strong>de</strong>lo. Então o regozijo não po<strong>de</strong>ria ser<br />

<strong>de</strong>scrito, mesmo porque diversos familiares os<br />

aguardavam ali, incluin<strong>do</strong>-se o nosso Elias.<br />

Assim, foi imenso o júbilo <strong>de</strong> toda a família, pois não<br />

se viam há muito tempo, tanto que Manoelzinho fora<br />

<strong>de</strong>ixa<strong>do</strong> recém-nasci<strong>do</strong> e agora achava-se bem<br />

<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>. Efetua<strong>do</strong> o <strong>de</strong>sembarque e liberada a<br />

bagagem, dirigiram-se à estação da via férrea, on<strong>de</strong><br />

tomaram a São Paulo Railway com <strong>de</strong>stino <strong>ao</strong> burgo<br />

paulista, no cimo <strong>do</strong> planalto, transpon<strong>do</strong> vales e<br />

beiran<strong>do</strong> <strong>pr</strong>ecipícios. A paisagem era <strong>de</strong> rara beleza. Um<br />

hotel os acolheu em São Paulo, mas no dia seguinte<br />

tiveram que continuar viagem, ruman<strong>do</strong> para o interior <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong>.<br />

A família Salva<strong>do</strong>r <strong>de</strong>stinava-se à cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Barretos,<br />

local <strong>de</strong> moradia <strong>de</strong> Elias e à curta distância <strong>do</strong> lugarejo<br />

<strong>de</strong> nome Frutal, on<strong>de</strong> ficava o acampamento da<br />

Companhia Paulista <strong>de</strong> Estrada <strong>de</strong> Ferro, para a qual<br />

trabalhava fornecen<strong>do</strong> <strong>do</strong>rmentes para o assentamento<br />

<strong>do</strong>s trilhos. Dali po<strong>de</strong>ria visitar os queri<strong>do</strong>s sem<strong>pr</strong>e que<br />

possível, no entanto, seu alvo consistia em mudar-se<br />

para a vila <strong>de</strong> Albuquerque Lins, na região noroeste <strong>do</strong><br />

esta<strong>do</strong>. O intuito era o <strong>de</strong> tornar-se negociante por conta<br />

e risco <strong>pr</strong>ó<strong>pr</strong>ios, visto os ganhos que juntava como<br />

ma<strong>de</strong>ireiro, embora ainda se interessasse pela<br />

construção das vias férreas, nas quais o governo vinha<br />

se empenhan<strong>do</strong>. O estímulo para tanto partia <strong>do</strong>s<br />

ingleses aqui resi<strong>de</strong>ntes ou com negócios à vista. As<br />

iniciativas consumiram anos, até 1852.<br />

A linha entre Santos e Jundiaí, inaugurada em 1867,<br />

foi uma das <strong>pr</strong>imeiras. Em 1868 surgiu o plano da<br />

Companhia Paulista, mas construída a partir <strong>de</strong> 1870, e<br />

na mesma data a Companhia Ituana. Seguiram-se<br />

outras: a Mogiana, a Araraquarense, a Pedro II, e assim<br />

por diante. Algumas enfrentaram sérias dificulda<strong>de</strong>s, <strong>ao</strong><br />

passo que outras venceram. Entretanto, o espaçoso<br />

sertão permanecia quase intacto. Tu<strong>do</strong> isto era zona<br />

<strong>de</strong>sconhecida e habitada por indígenas. A Estrada <strong>de</strong>

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