Quem vai cuidar do planeta? - Senac
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Uma breve história das normas internacionais<br />
A ISO (International Organizanômicas<br />
à natureza. Em 1993, a<br />
tion for Standardization) é um<br />
organização reuniu diversos pro-<br />
organismo normatiza<strong>do</strong>r funda<strong>do</strong><br />
fissionais e criou um comitê para<br />
em 1947, com sede em Genebra,<br />
desenvolver as normas da série<br />
na Suíça. No final <strong>do</strong>s anos 1980,<br />
14000. A mais famosa delas viria<br />
a ISO lançou a primeira geração<br />
a ser ISO 14001 – inspirada na in-<br />
das normas da série 9000, que foglesa<br />
BS 7750 – que estabelece as<br />
ram difundidas em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong><br />
diretrizes para o desenvolvimento<br />
como referência de excelência em<br />
de um sistema de gestão ambien-<br />
Sistemas de Qualidade. Naquele<br />
tal dentro das empresas.<br />
momento, todas as atenções es-<br />
A evolução das normas refletia o<br />
tavam voltadas para os clientes.<br />
gradual fortalecimento <strong>do</strong> concei-<br />
Na década seguinte, após a reto<br />
de “desenvolvimento sustenalização<br />
da Rio-92, no Rio de<br />
tável”, tema que vem ganhan<strong>do</strong><br />
Janeiro, passou a ser premente<br />
peso no universo acadêmico e na<br />
o desenvolvimento de normas<br />
sociedade civil e começa, ainda<br />
específicas para a questão am-<br />
que timidamente e com diferenbiental<br />
dentro das empresas, de<br />
tes matizes, a ser incorpora<strong>do</strong> à<br />
maneira a minimizar os danos<br />
gestão de alguns governos. Nes-<br />
causa<strong>do</strong>s pelas atividades ecose<br />
contexto, o mun<strong>do</strong> empresarial<br />
não poderia ficar indiferente.<br />
Era hora de atitudes proativas no<br />
campo da sustentabilidade.<br />
A partir <strong>do</strong>s anos 2000, cresce a<br />
percepção de que, junto com a<br />
imperativa necessidade de utilizar<br />
os recursos naturais de forma<br />
mais racional e consequente, era<br />
necessário também melhorar os<br />
índices de pobreza e desigualdade<br />
social em to<strong>do</strong> o <strong>planeta</strong>, para<br />
tornar possível a meta de alcançar<br />
o desenvolvimento sustentável. O<br />
bem-estar <strong>do</strong> ser humano – entendi<strong>do</strong><br />
em uma visão mais global<br />
– entrava em foco e o mun<strong>do</strong><br />
corporativo precisava evoluir mais<br />
uma vez. A partir daí, o caminho<br />
começou a ser trilha<strong>do</strong> para a ISO<br />
26000.<br />
“O tema da responsabilidade social<br />
já dá sinais de ser um fator de decisão<br />
na escolha <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r. A<br />
ISO vem com um peso diferencia<strong>do</strong>,<br />
devi<strong>do</strong> ao seu reconhecimento. O<br />
la<strong>do</strong> bom é que, certamente, muitas<br />
empresas vão aplicá-lo. O risco é a<br />
sua utilização para fins de melhorar a<br />
imagem. Mas é um risco de todas as<br />
ferramentas de divulgação de ações<br />
das empresas”, avalia a pesquisa<strong>do</strong>ra<br />
<strong>do</strong> Ibase, Claudia Mansur.<br />
O economista Clóvis Scherer, supervisor<br />
<strong>do</strong> Dieese, acredita que<br />
o desenvolvimento econômico no<br />
Brasil virá a reboque da norma,<br />
mas de maneira indireta. “Ao seguirem<br />
a norma, as empresas estarão<br />
contribuin<strong>do</strong> para o desenvolvimento<br />
social e ambiental <strong>do</strong> país.<br />
Um ambiente de maior respeito aos<br />
direitos e à preservação da sustentabilidade<br />
ambiental gera um clima<br />
favorável também para as atividades<br />
econômicas”, comentou. Clóvis cita<br />
ainda que tanto o comércio quanto<br />
os fluxos fi nanceiros têm cada vez<br />
mais requisitos sociais e ambientais<br />
incorpora<strong>do</strong>s para abrir merca<strong>do</strong>s e<br />
fontes de fi nanciamento.<br />
Segun<strong>do</strong> o pesquisa<strong>do</strong>r, a ISO<br />
26000, junto com outras referências<br />
igualmente importantes, pode<br />
também influenciar debates na sociedade<br />
e nas instituições públicas<br />
e, desta forma, ser incorporada em<br />
algum momento, total ou parcialmente,<br />
às leis, aos regulamentos e<br />
aos programas de ação de natureza<br />
pública e privada.<br />
Mas Clóvis acredita que será lenta<br />
sua incorporação à prática das empresas.<br />
“Justamente pela sua abrangência.<br />
Se fosse menos exigente,<br />
a ISO poderia ser mais facilmente<br />
difundida, só que à custa de deixar<br />
lacunas e fazer simplificações inaceitáveis.<br />
Como um guia, e não uma<br />
regra rígida, a chave será acumular<br />
experiências adaptadas a cada situação,<br />
cada tipo de empresa, setor,<br />
local etc.”, fi naliza.<br />
JUNHO/DEZEMBRO 2012 41