Quem vai cuidar do planeta? - Senac
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Garimpeiro usa mangueira<br />
para remover sedimentos<br />
está “acorrenta<strong>do</strong>” a uma busca<br />
que, para a esmaga<strong>do</strong>ra maioria,<br />
jamais terá fim. Porém, sem outras<br />
opções para mudar de vida, seguirá<br />
em frente. Poucas histórias de<br />
sucesso alimentam os sonhos de<br />
muitos. Exatamente como acontece<br />
em algumas outras profissões que<br />
já consagraram internacionalmente<br />
vários brasileiros, como a de joga<strong>do</strong>r<br />
de futebol e modelo fotográfico.<br />
Todas exigem muito trabalho e suor.<br />
As semelhanças acabam aí. Estas<br />
últimas requerem um talento incomum<br />
ou um <strong>do</strong>m. A primeira, uma<br />
sorte quase divina.<br />
foto: J. R. Ripper/Brazil Photos<br />
Clezival<strong>do</strong>, por exemplo, tem uma<br />
história que caminha entre as fronteiras<br />
<strong>do</strong> Brasil e da Guiana Francesa.<br />
Seguiu o irmão e alguns amigos,<br />
tentan<strong>do</strong> “enricar” no garimpo.<br />
Com 27 anos, ficou três anos mergulha<strong>do</strong><br />
no mato e foi para o Garimpo<br />
Gurupa, em Maripassula, na<br />
Guiana Francesa, através <strong>do</strong> rio Regina,<br />
se esconden<strong>do</strong> nas matas <strong>do</strong><br />
último município brasileiro: o Oiapoque,<br />
no esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amapá. “Peguei<br />
malária brava, mas o rio estava<br />
seco e demorei seis dias para voltar.<br />
Fraqueza <strong>do</strong> nosso corpo por causa<br />
da força <strong>do</strong> mosquito. Mas ano<br />
passa<strong>do</strong>, bom de saúde, quan<strong>do</strong> o<br />
rio secou na grande seca da Amazônia,<br />
fiz tu<strong>do</strong> andan<strong>do</strong>. Com as<br />
forças das minhas pernas, caminhei<br />
sete dias”.<br />
Muitas vezes, Clezival<strong>do</strong> e seus<br />
amigos tiveram de comprar medicamentos<br />
no chama<strong>do</strong> merca<strong>do</strong><br />
paralelo <strong>do</strong> ouro. Compraram injeções<br />
de pentacarinat. Mas ele não é<br />
o único a viver em condições tão<br />
precárias. Da região de onde Clezival<strong>do</strong><br />
veio, revezan<strong>do</strong> entre Brasil e<br />
Guiana Francesa, calcula-se que há<br />
mais de 600 brasileiros.<br />
Mas o garimpo não é feito só de garimpeiros.<br />
Jucelino Chaves da Silva<br />
é um homem apaixona<strong>do</strong> por seu<br />
trabalho. É agente de saúde, responsável<br />
pelo posto da Comunidade<br />
Garimpeira de Água Branca, no<br />
município de Itaituba, no Pará. Jucelino<br />
ama o que faz: <strong>cuidar</strong> <strong>do</strong> outro.<br />
Maranhense de Paulo Ramos,<br />
foi para o esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Pará com 7<br />
anos. Hoje tem 31, <strong>do</strong>s quais 19 no<br />
garimpo. “Já devo ter colhi<strong>do</strong> sangue<br />
de to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. To<strong>do</strong> dia tem<br />
resulta<strong>do</strong> positivo de malária. Escuto<br />
as histórias, as verdades e as<br />
mentiras. Ensino como se prevenir<br />
da malária, encaminho os casos de<br />
leishmaniose ou mesmo quem está<br />
muito mal da malária para Santarém<br />
ou para Itaituba. Tem <strong>do</strong>ente<br />
de tu<strong>do</strong>: osso quebra<strong>do</strong>, barranco<br />
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SENAC AMBIENTAL