Quem vai cuidar do planeta? - Senac
Quem vai cuidar do planeta? - Senac
Quem vai cuidar do planeta? - Senac
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Uma rica simbologia<br />
Na Antiguidade era muito difícil obter o sal, e na China apenas o ouro era mais valioso <strong>do</strong> que ele. No Império<br />
Romano, era usa<strong>do</strong> como pagamento, e daí vem a palavra salário. Ele também é símbolo de uma relação em<br />
que se pode confiar. A expressão “pacto de sal” significa um acor<strong>do</strong> que será cumpri<strong>do</strong>. Na Bíblia é muito<br />
conhecida a frase de Jesus Cristo: “Vós sois o sal da terra. Se o sal perder sua força, com que outra coisa se<br />
há de salgar?” Os discípulos de Jesus deveriam ser como o sal, que, em pequena quantidade, tempera grande<br />
volume de alimento.<br />
Na Índia colonial, o governo britânico proibiu a extração de sal e, em 1923, Mahatma Gandhi iniciou uma<br />
marcha de 400 quilômetros em direção às salinas ao norte da cidade de Mumbai (também conhecida como<br />
Bombaim). Milhares de pessoas se juntaram a ele e passaram a ferver a água <strong>do</strong> mar e a vender a substância<br />
que produziam. Gandhi foi preso, mas a marcha e as greves continuaram. Em 1924, o governo autorizou os<br />
indianos a colher ou fabricar sal a partir de fontes disponíveis nos lugares onde moravam e a vender aos vizi-<br />
nhos. O imposto sobre o sal continuou em vigor, mas o monopólio foi venci<strong>do</strong> pela desobediência civil.<br />
José Amaro da Silva tem 63 anos e<br />
puxa o ro<strong>do</strong> debaixo <strong>do</strong> sol forte. Ele<br />
administra um trecho da Salina Santa<br />
Mariana e é um apaixona<strong>do</strong> pelo<br />
seu trabalho:<br />
“Me criei no sal, tentei ir para a cidade,<br />
mas voltei. Estou aposenta<strong>do</strong><br />
e continuo na luta. Para ter bom sal<br />
precisa conhecer as manhas da natureza<br />
e fazer boa distribuição da<br />
água nas quadras.” Ele enche as<br />
mãos <strong>do</strong> sal grosso, exibe sua pureza<br />
e afi rma: “Gosto de trabalhar<br />
aqui e agora vou torcer para não<br />
chover. Destruir a natureza não<br />
está certo e isto aqui é muito bonito.<br />
Numa noite de lua, o sal brilha,<br />
é espetacular.”<br />
Jorge Alves <strong>do</strong>s Santos tem 65 anos<br />
e diz, com bom humor: “Enquanto<br />
tiver salina eu continuo. Tenho boa<br />
saúde, nunca fui a médico e esse<br />
serviço combina com meu sangue.”<br />
Ele trabalha para Hermínio Fernandes<br />
Carvalho, que extrai, compra e<br />
vende sal há 30 anos. Hermínio também<br />
aposta na resistência: “Há 40<br />
anos estão dizen<strong>do</strong> que as salinas<br />
vão acabar e até agora não aconteceu.<br />
Antigamente, os salineiros viviam<br />
na abastança. Hoje os lucros<br />
são menores, mas existem. Num ano<br />
ruim produzo só 500 toneladas, mas<br />
num ano bom, de sol e sem chuvas,<br />
posso fazer 1.500 toneladas e dá<br />
para compensar.”<br />
Trabalha<strong>do</strong>res<br />
das salinas