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Quem vai cuidar do planeta? - Senac

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Foto: Rebecca J. Moat/U.S. Navy<br />

nos anos de crescimento até a crise<br />

de 2008, <strong>do</strong> que a qualquer ação<br />

decorrente <strong>do</strong>s compromissos então<br />

assumi<strong>do</strong>s. Apesar disso, olhamos<br />

para a Rio-92 e temos uma perspectiva<br />

boa <strong>do</strong> que aconteceu. Porque<br />

ela definiu a agenda, ela teve coragem<br />

de enfrentar os problemas que<br />

o conhecimento humano apontava,<br />

na época, como decisivos. É verdade<br />

que era uma coragem mais fácil <strong>do</strong><br />

que hoje em dia. Eram anos de um<br />

otimismo ingênuo, em que se pensava<br />

que uma agenda de liberalização<br />

da economia global se apresentava<br />

como capaz de solucionar to<strong>do</strong>s<br />

os problemas. Vinte anos depois, o<br />

quadro é muito mais grave.<br />

As mudanças climáticas se apresentam<br />

hoje num cenário muito mais perigoso<br />

para a humanidade. A crise de<br />

biodiversidade é muito mais grave, a<br />

desertificação continuou e enormes<br />

problemas novos apareceram, como<br />

a questão <strong>do</strong>s oceanos. Embora tenha<br />

havi<strong>do</strong> avanços no combate à<br />

pobreza, a desigualdade no <strong>planeta</strong><br />

nunca foi tão grande. E hoje é preciso<br />

mais coragem ainda, porque já<br />

não temos aquele otimismo ingênuo.<br />

Sabemos que mesmo quan<strong>do</strong> o sistema<br />

da Organização das Nações<br />

Unidas consegue um acor<strong>do</strong>, as implicações<br />

em termos de ação e prática<br />

são muito pequenas, quase nulas,<br />

então há um problema de governança<br />

global. E a Rio+20 não <strong>vai</strong> resolver<br />

todas essas questões.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, se tiver coragem de<br />

enfrentá-las e reconhecer a gravidade<br />

das diversas dimensões da crise<br />

ambiental – que isso afetará a luta<br />

contra a pobreza, o crescimento econômico,<br />

e não amanhã, mas hoje –,<br />

ela será um grande momento político.<br />

Se não tiver essa coragem, se fugir<br />

ao reconhecimento da gravidade<br />

da situação, então teremos ti<strong>do</strong> uma<br />

conferência que não deixará uma boa<br />

marca na história.<br />

Mas isso não <strong>vai</strong> acontecer. To<strong>do</strong>s<br />

nós estaremos cobran<strong>do</strong> ação e mudanças,<br />

e isso não ocorre por causa<br />

de conferências. O principal que<br />

vamos cobrar é coragem. Acredito<br />

que, com a participação de to<strong>do</strong>s<br />

nós, a Rio+20 <strong>vai</strong> deixar uma ótima<br />

marca nesse processo histórico.<br />

<strong>Senac</strong> Ambiental: Nos últimos<br />

anos, houve um aumento geral da<br />

conscientização em torno da ideia<br />

de sustentabilidade. Você percebe<br />

da parte <strong>do</strong>s governos uma preocupação<br />

genuína com a questão<br />

ambiental, que afeta sobretu<strong>do</strong> os<br />

mais pobres?<br />

Sérgio Besserman: Houve uma<br />

conscientização maior, mas não<br />

ocorreram as mudanças necessárias.<br />

O mun<strong>do</strong> de 1992 era mais<br />

limita<strong>do</strong>: governos e organizações<br />

não governamentais. Hoje os atores<br />

são muito mais numerosos e numa<br />

abordagem mais profunda. São as<br />

grandes empresas, os empreende<strong>do</strong>res<br />

<strong>do</strong>s mais diversos tamanhos,<br />

redes as mais variadas – de cidades,<br />

de princípios éticos –, as ONGs globais,<br />

os movimentos sociais, enfi m,<br />

o universo de atores preocupa<strong>do</strong>s<br />

com a crise é muito maior, o que é<br />

um aspecto positivo.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, sustentabilidade<br />

passou a ser uma palavra que<br />

abrange tu<strong>do</strong>. É claro que cada aspecto<br />

tem a sua importância, mas<br />

não para mascarar o fato de que a<br />

Foto: Robson Nascimento<br />

Chegada de ajuda humanitária para<br />

vítimas de enchente na Ásia. Mudanças<br />

climáticas afetam principalmente<br />

as populações mais pobres<br />

Sérgio Besserman Vianna<br />

JUNHO/DEZEMBRO 2012 9

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