Quem vai cuidar do planeta? - Senac

com um simples resfriado. Rotina.
Não são incomuns casos de adultos
que já contraíram mais de 30 ou 40
malárias ao longo da vida. A doença
é endêmica na região de Água Branca,
apesar dos esforços de heroicos
e isolados agentes de saúde.
Segundo a médica Rita de Cássia
Barata, os garimpos que visitamos
- e todos os demais garimpos
chamados “abertos” - são áreas de
alta incidência de malária por causa
da facilidade de exposição, uma
vez que os garimpeiros trabalham
com pouca roupa e nos horários de
maior atividade vetorial. Também
contribuem a multiplicidade de criadouros,
decorrentes da forma como
o espaço é alterado pela presença
do garimpo, e a existência de muitos
portadores assintomáticos.
O problema da malária não se restringe
à área dos garimpos. As novas
zonas de colonização na Amazônia
têm incidências altíssimas,
tendo em vista as condições favoráveis
de transmissão, principalmente
nas etapas de ocupação iniciais,
em que a derrubada da mata é feita
para plantio ou pecuária.
Segundo a doutora Rita de Cássia,
em um trabalho da sua autoria
apresentado em 1995, nas zonas de
colonização mais antiga, a incidência
tende a estabilizar-se, em níveis
baixos, em decorrência da melhoria
nas habitações, da presença de animais
domésticos – diversificando as
fontes alimentares para os insetos
– e das ações de controle praticadas
pelos próprios moradores ou
órgãos públicos.
Outro fantasma que ronda os garimpeiros
é a leishmaniose, doença
transmitida por um mosquito
comum na região. A leishmaniose
é uma das doenças catalogadas
pela Organização Mundial da Saúde
(OMS) como “extremamente negligenciada”,
porque não há interesse
por parte da indústria farmacêutica
foto: Ricardo Funari/Brazil Photos
Garimpagem
em galeria
subterrânea
JUNHO/DEZEMBRO 2012 81