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Francisco, 2011 - IESE

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A teoria demográfica e outras ciências sociais possuem uma extensa literatura<br />

sobre a transição da mortalidade e da fecundidade em íntima ligação com os<br />

mecanismos adaptativos e possíveis causas explicativas das mudanças. Aprofundar<br />

este assunto requereria igual ou maior espaço do que o que já foi ocupado por este<br />

texto, mas pelo menos é possível referir alguns dos principais factores determinantes<br />

que permitam responder às questões enunciadas no início deste capítulo. Para<br />

além dos factores biológicos já referidos (os que afectam os intervalos entre nascimentos),<br />

existem factores socioeconómicos que afectam o número de nascimentos<br />

e a proporção do período reprodutivo dedicado aos cuidados parentais dos<br />

filhos: idade do casamento, formas de casamento e outros mecanismos tradicionais<br />

de regulação da criação e desenvolvimento das crianças. Em última análise,<br />

os factores biológicos e socioeconómicos determinam a eficácia e a eficiência da<br />

reprodução humana, as quais, por sua vez, moldam, incentivam ou condicionam<br />

as formas e o desempenho da PSD.<br />

Se entendermos a eficácia da estratégia de reprodução como a capacidade de<br />

a população alcançar a sua principal finalidade - isto é, a sobrevivência -, a descrição<br />

anterior sobre a enorme variabilidade da fecundidade moçambicana não deixa<br />

qualquer dúvida. A população moçambicana é uma das populações do mundo que<br />

tem alcançado, com sucesso, a sua estratégia de sobrevivência. Nesta perspectiva,<br />

a maximização da procriação com vista a compensar e superar minimamente o<br />

nível de mortalidade é uma estratégia eficaz.<br />

Tal estratégia será também eficiente Eficiente, no sentido da capacidade da<br />

população de alcançar a sua finalidade de forma competente, com o menor desperdício<br />

possível. Em outras palavras, o desempenho eficiente da reprodução é em função<br />

da forma como a população combina a componente ligada à eficácia (o número<br />

de filhos necessários para que a sobrevivência seja garantida) com a componente<br />

ligada à eficiência (a maneira ou o tipo de investimento no cuidado parental).<br />

UMA ESTRATÉGIA REPRODUTIVA EFICAZ, MAS INEFICIENTE<br />

A implicação analítica da anterior distinção, entre eficácia e eficiência, deve<br />

começar a ficar evidente. Primeiro, o sucesso da estratégia de uma população, em<br />

termos de crescimento, depende da íntima inter-dependência entre sobrevivência e<br />

reprodução. Neste sentido, o número que importa considerar, quando se lida com<br />

o número de crianças ou de filhos nascidos de mulheres, não é o número total de<br />

filhos que nascem mas o número de filhos que efectivamente sobrevivem até à ida-<br />

Ter Muitos Filhos Desafios para Moçambique <strong>2011</strong> 257

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