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Francisco, 2011 - IESE

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de ownership, podem ser tantas e tão diversificadas como as que se seguem: o quão<br />

estreitamente ligado estão a escala dos fluxos da ajuda com os indicadores e condicionalismos<br />

da reforma; o poder de negociação do receptor em face dos doadores; o compromisso<br />

dos doadores em relação à reforma e os interesses estabelecidos desafiados<br />

pela reforma; o grau de assimetria de informação entre o receptor e doadores; o grau<br />

de resistência à reforma enfrentado pelo receptor; a vontade e capacidade políticas do<br />

receptor de confrontar essa resistência e de implementar a reforma; o grau de crença<br />

na reforma por parte da agência receptora; a percepção, da agência receptora, sobre<br />

vantagens, a curto e médio prazo, que nada têm a ver com os objectivos iniciais da<br />

reforma política.<br />

A experiência da privatização em Moçambique é uma boa ilustração deste ponto.<br />

Se o sucesso é medido pelo número de activos privatizados e o tempo levado a privatizá-los,<br />

então a experiência moçambicana é uma história de grande sucesso: mais<br />

de 1.500 grandes, médias e pequenas empresas foram privatizadas para investidores<br />

nacionais e estrangeiros em menos de 10 anos. Uma vez que se assuma que ownership<br />

pode ser medido pelo compromisso, e que este é medido pelo grau de implementação<br />

das reformas, então o sucesso das privatizações em Moçambique (conforme definido<br />

acima) é atribuível a ownership do governo sobre o programa.<br />

De facto, a privatização é um interessante caso de ownership múltipla e com<br />

interesses em conflito numa área altamente disputada. As pressões para privatizar<br />

eram internas e externas. Internamente, a pressão para privatizar veio de três fontes.<br />

A nova burguesia nacional emergente, que iria herdar a maior parte dos activos<br />

(e também dos problemas desses activos), reivindicava activos públicos produtivos<br />

baratos e entendia a necessidade de adquirir tais activos antes que os investidores estrangeiros<br />

se estabelecessem em Moçambique. Os sindicatos estavam convencidos de<br />

que a privatização traria novos investimentos e, com isso, oportunidades de emprego<br />

seguras e alargadas, esquemas de formação, níveis de produtividade mais altos e melhores<br />

salários (conforme lhes havia sido prometido por um governo que, na altura,<br />

ainda era visto como garante dos interessasses dos trabalhadores, embora apregoasse<br />

a retórica do capitalismo). Se este fosse o caso, a rápida privatização seria preferível<br />

à morte lenta de muitas empresas no princípio dos anos 1990. O governo estava interessado<br />

em aumentar os fluxos de recursos para o orçamento: a curto prazo, através<br />

da venda das empresas; e a médio prazo, através do aumento das receitas a partir dos<br />

ganhos da eficiência esperados ao nível das empresas, resultantes da privatização. O<br />

governo estava também interessado em atrair, para uso produtivo, activos financeiros<br />

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Desafios para Moçambique <strong>2011</strong> Dependência de Ajuda Externa

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