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Francisco, 2011 - IESE

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(TVM) em Dezembro de 2003, justificou a derrota a partir da fraude organizada<br />

pela Renamo, que tinha mobilizado eleitores dos distritos vizinhos para votarem<br />

em Nacala Porto, e afirma:<br />

Os resultados foram planificados muito antes das eleições. Quando algumas pessoas<br />

anunciam a vitória antes do jogo, isso quer dizer que existiam planos concretos no terreno<br />

… Se a Renamo ganhou em Nacala Porto é porque ela fez vir pessoas de Memba,<br />

de Nacala-a-Velha, Itoculo e de Mossuril … Os dados da nossa contagem paralela são<br />

muito diferentes dos resultados oficiais anunciados pela comissão distrital de eleições. Os<br />

números constantes nos editais em nossa disposição são completamente diferentes dos<br />

resultados oficiais, … ninguém compreende o que se passou”.<br />

Se considerarmos válida a hipótese de fraude evocada pela Frelimo, a questão<br />

que se coloca é saber como é que, num sistema de poder dominante 9 , o Estado-<br />

-Frelimo não pôde impedir essa fraude De facto, a Frelimo domina e monopoliza<br />

todas as instituições políticas e administrativas, incluindo as comissões eleitorais<br />

a todos os níveis.<br />

Mas se o município de Nacala Porto tinha sido considerado pelas autoridades<br />

centrais como um dos exemplos de sucesso do primeiro processo de municipalização<br />

em Moçambique (1998-2003), o que explica a mudança de comportamento<br />

e orientação de voto neste município, desta vez em favor da Renamo Terá sido o<br />

papel exercido pela campanha eleitoral Ou as trajectórias sócio-políticas económicas<br />

e as relações estabelecidas ente o Estado-Frelimo e as populações e elites locais<br />

PORQUÊ VOTAR NA RENAMO<br />

EFEITOS DA CAMPANHA ELEITORAL<br />

Como é que se desenrolou a campanha eleitoral da Renamo, esse momento<br />

privilegiado, onde podemos observar uma mobilização significativa de recursos<br />

políticos As campanhas são ocasiões para medir a importância dada aos temas<br />

e argumentos nacionais/locais e onde a «oferta» política que é feita aos eleitores<br />

comporta uma boa dose de solicitações deslocalizadas - momentos fortes da vida<br />

9<br />

Por “poder dominante” Carothers (2002) entende um poder fundamentalmente caracterizado<br />

pela dificuldade de se distinguir o Estado do partido no poder. Nesse sistema, o Estado, enquanto<br />

fonte de recursos financeiros, de empregos, de serviços de informação pública e com o controlo<br />

que exerce sobre a polícia, é gradualmente posto ao serviço do partido no poder. Sobre o regresso<br />

ao partido-Estado Frelimo, veja-se a carta pastoral dos padres católicos de Moçambique em<br />

http//oficina de sociologia.blogspot.com/2008/06/bispos-denunciam-partidarizaçao-do-Estado.html<br />

(acedido a 26 de Junho de 2008).<br />

Descentralização em Contexto de Partido “Dominante” Desafios para Moçambique <strong>2011</strong> 65

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