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Francisco, 2011 - IESE

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Ownership de política por parte do país receptor, estruturada em torno do mais<br />

alto interesse nacional, exige, para além do espaço político, que as percepções de crise,<br />

prioridades e opções, que definem o conteúdo e direcção do pacote de reformas, sejam<br />

partilhadas e aceites por todas as forças sociais dinâmicas, articuladas e influentes na<br />

sociedade: o capital estrangeiro e nacional, grandes e pequenas empresas, trabalhadores<br />

qualificados e não qualificados, sistemas e agentes económicos formais e informais,<br />

habitantes do campo e da cidade, camponeses, comerciantes, trabalhadores, capitalistas,<br />

gestores, funcionários públicos, académicos, etc. Contudo, em cada caso em que<br />

tais interesses específicos são articulados e expressos com suficiente detalhe e substância<br />

política, social e económica 24 , nenhum deles, ou nenhuma combinação deles,<br />

emerge como interesse nacional. Se eles forem articulados e expressos em torno de um<br />

grupo de interesse claramente dominante (grupo política, económica e socialmente<br />

dominante), então eles serão menos vulneráveis à disputa política, social e económica<br />

e, portanto, à influência democrática. Assim, ownership e liderança parecem estar<br />

ligados ao poder, disputa de poder e capacidade de articular e exercer o poder, e alto<br />

interesse nacional não é mais que uma articulação ideológica e retórica desse poder.<br />

NOTAS PARA A CONSTRUÇÃO DA ECONOMIA POLÍTICA DE<br />

OWNERSHIP<br />

AGENTES E OWNERSHIP DISPUTADO<br />

Da discussão apresentada nas secções anteriores, fica claro que ownership é uma<br />

área de disputa e conflito, que reflecte o poder e as relações de poder, tanto em torno<br />

da definição dos problemas e acções, como em torno da sua implementação e ava-<br />

24<br />

Obviamente, se o interesse nacional é descrito de forma tão ampla e vaga como, por exemplo,<br />

“redução da pobreza” ou “crescimento acelerado”, então é possível ter todos os grupos e organizações<br />

sociais incluídos no mesmo interesse. No entanto, uma tal definição do interesse<br />

nacional seria inútil do ponto de vista de ownership, liderança e empenho, porque não ofereceria<br />

qualquer ponto de referência para a direcção política, social e económica concreta. Por exemplo,<br />

“redução da pobreza” pode ser definido em termos meramente individuais, como o faz o discurso<br />

presidencial de Guebuza em Moçambique, conduzindo a ideias como enriquecimento pessoal<br />

com base na privatização das rendas sociais dos recursos naturais ou outros meios, ou mudança<br />

da atitude miserabilista dos pobres (Brito, 2010); ou em termos dos padrões de acumulação,<br />

conduzindo a argumentos sobre a mudança dos padrões e estruturas sociais de produção e de<br />

apropriação e utilização social das rendas dos recursos (Castel-Branco, 2010a). A questão de<br />

fundo, portanto, não é “redução de pobreza”, com a qual todos concordam, mas o entendimento<br />

da questão e os processos políticos e económicos antagónicos que emergem desse entendimento.<br />

Dependência de Ajuda Externa Desafios para Moçambique <strong>2011</strong> 443

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