13.03.2015 Views

chama-nos da selva O cinema de Apichatpong Weerasethakul

chama-nos da selva O cinema de Apichatpong Weerasethakul

chama-nos da selva O cinema de Apichatpong Weerasethakul

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

A<br />

animosi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Fi<strong>de</strong>l para<br />

com Che era<br />

a mesma <strong>de</strong><br />

Che para<br />

com Fi<strong>de</strong>l,<br />

diz-<strong>nos</strong><br />

Fuentes<br />

No alvor <strong>da</strong> revolução, milhares <strong>de</strong><br />

cuba<strong>nos</strong> seguiram Fi<strong>de</strong>l Castro. O guajiro<br />

<strong>de</strong> Birán mostrara combativi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

agili<strong>da</strong><strong>de</strong> oratória e audácia como ninguém<br />

antes. Além disso fizera fugir Batista<br />

e prometia um país igualitário – o<br />

que não era difícil numa ilha marca<strong>da</strong><br />

pela miséria. Norberto Fuentes, miúdo<br />

quando os barbudos entraram em Havana,<br />

foi um dos que o seguiu. Cresceu<br />

com o regime, tornou-se num nome e<strong>de</strong><br />

referência literária, com <strong>de</strong>z livros blicados e o Prémio Casa <strong>de</strong> las Américas,<br />

foi íntimo do po<strong>de</strong>r. Mas <strong>de</strong>sencan-encantou-se,<br />

teve a vi<strong>da</strong> por um fio, no quadro<br />

do mesmo processo que levou<br />

pu-<br />

Arnaldo Ochoa e Antonio <strong>de</strong> la Guardia<br />

ao paredón, sobrevivendo graças as à intervenção<br />

<strong>de</strong> Gabriel García Márquez.<br />

Exilou-se em Miami e um editor propôslhe<br />

que partilhasse os a<strong>nos</strong> <strong>de</strong> convívio<br />

com o fi<strong>de</strong>lismo, <strong>de</strong> que resultou u tobiografia <strong>de</strong> Fi<strong>de</strong>l Castro”, publica<strong>da</strong><br />

em 2007 e agora entre nós pela Casa<br />

<strong>da</strong>s Letras. É o retrato <strong>de</strong> um homem<br />

cheio <strong>de</strong> si, sôfrego <strong>de</strong> protagonismo e<br />

<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, tanto que tudo e todos à sua<br />

volta, como Che, aparecem como peças<br />

<strong>de</strong> um jogo – o <strong>da</strong> revolução, ou o seu,<br />

apresentados como o mesmo. O Ípsilon<br />

falou com Norberto Fuentes para tentar<br />

distinguir o biografado do autor. E <strong>de</strong>scobriu<br />

por <strong>de</strong>trás <strong>da</strong> informação o uma<br />

“Au-<br />

novela.<br />

Como é que começou a<br />

trabalhar para Fi<strong>de</strong>l?<br />

Eu nunca trabalhei para Fi<strong>de</strong>l. Eu trabalhei<br />

com Fi<strong>de</strong>l. Nem ele era patrão<br />

nem eu empregado. O importante era<br />

a <strong>de</strong>dicação à causa com que <strong>nos</strong> tínhamos<br />

comprometido.<br />

Então quando é que se juntou<br />

a ela?<br />

Na mesma madruga<strong>da</strong> do dia <strong>da</strong> ria <strong>da</strong> Revolução, aí pelas 3h20 <strong>de</strong> 1<br />

vitó-<br />

Janeiro <strong>de</strong> 1959.<br />

Descreve o lí<strong>de</strong>r cubano como<br />

uma pessoa calculista, sem<br />

rasgos <strong>de</strong> afecto...<br />

Fi<strong>de</strong>l é um homem <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> matismo, que além disso dirigiu iu um<br />

prag-<br />

país numa confrontacão permanente<br />

e <strong>de</strong>sigual com uma superpotênsecia.<br />

Nessas situações mais vale pragmático, calculista, hábil, flexível<br />

e tudo mais. Quanto aos<br />

seus afectos, creio que se subordinam<br />

obrigatoriamente a isso.<br />

Mas pergunto eu: não é uma<br />

gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> afecto,<br />

<strong>de</strong> paixão, <strong>de</strong> amor <strong>de</strong>smedido,<br />

o <strong>de</strong> Fi<strong>de</strong>l pelos seus objectivos<br />

políticos?<br />

Ele não levou esse pragmatismo<br />

longe <strong>de</strong>mais em relação à<br />

família? Está no seu livro o<br />

distanciamento em relação ao<br />

pai, ao irmãos mais velho, e até<br />

a Raúl...<br />

Vivemos em escalas diferentes do nhecimento e <strong>da</strong>s relações humanas.<br />

William Faulkner dizia que um artista,<br />

na prossecução <strong>da</strong> sua obra, podia<br />

chegar a ser <strong>de</strong>sapie<strong>da</strong>do. A um artis-<br />

cota<br />

aparentemente po<strong>de</strong> perdoar-se-lhe<br />

a sua conduta. O político tem <strong>de</strong> li<strong>da</strong>r<br />

“Parece um vício cubano:<br />

todos querem<br />

ser como Fi<strong>de</strong>l!”<br />

Norberto Fuentes serviu Fi<strong>de</strong>l antes <strong>de</strong> o enfrentar.<br />

E agora meteu-se na sua pele. “O maior gozo que tive foi o <strong>de</strong> me<br />

instalar no posto <strong>de</strong> comando privilegiado que é o seu cérebro.”<br />

“Autobiografia <strong>de</strong> Fi<strong>de</strong>l Castro” é o retrato <strong>de</strong> um homem<br />

cheio <strong>de</strong> si, sôfrego <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r. Fernando Sousa<br />

Norberto<br />

Fuentes<br />

foi um dos<br />

que seguiu<br />

Fi<strong>de</strong>l. Cresceu<br />

com o regime,<br />

foi íntimo do<br />

po<strong>de</strong>r. Mas<br />

<strong>de</strong>sencantouse<br />

e teve<br />

a vi<strong>da</strong> por<br />

um fio<br />

18 • Sexta-feira 1 Abril 2011 • Ípsilon

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!