13.03.2015 Views

chama-nos da selva O cinema de Apichatpong Weerasethakul

chama-nos da selva O cinema de Apichatpong Weerasethakul

chama-nos da selva O cinema de Apichatpong Weerasethakul

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

aMaumMedíocremmRazoávelmmmBommmmmMuito BommmmmmExcelente<br />

personagens, arquétipos sem<br />

substância que preenchem os<br />

requisitos exigidos pelo teatro <strong>de</strong><br />

marionetas que Sny<strong>de</strong>r montou. Que<br />

as suas actrizes consigam emprestarlhes<br />

espessura e emoção é algo que<br />

só fica bem, sobretudo a Emily<br />

Browning, Abbie Cornish, Jena<br />

Malone e Carla Gugino; que o filme,<br />

apesar <strong>de</strong>ssa frieza quase<br />

arquitectural que se admira sem <strong>nos</strong><br />

agarrar, se aguente ain<strong>da</strong> assim como<br />

um objecto íntegro é ain<strong>da</strong> mais<br />

espantoso. Não fazemos i<strong>de</strong>ia do que<br />

vai acontecer nas bilheteiras a<br />

“Mundo Surreal”, mas o que<br />

po<strong>de</strong>mos dizer para já é que<br />

dificilmente Hollywood vai correr<br />

outro risco tão fora do baralho como<br />

esta fantasia esgrouvia<strong>da</strong> que traz<br />

“culto” estampado em tudo o que é<br />

imagem. Jorge Mourinha<br />

Continuam<br />

Mel<br />

Bal<br />

De Semih Kaplanoglu,<br />

com Bora Altas, Er<strong>da</strong>l Besikçioglu,<br />

Tülin Özen . M/12<br />

MMnnn<br />

Lisboa: Me<strong>de</strong>ia King: Sala 1: 5ª Domingo 3ª 4ª<br />

13h10, 15h15, 17h20, 19h25, 21h30 6ª Sábado 2ª<br />

13h10, 15h15, 17h20, 19h25, 21h30, 24h<br />

Porto: Me<strong>de</strong>ia Cine Estúdio do Teatro Campo<br />

Alegre: Cine-Estúdio: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª<br />

4ª 18h30, 22h 3ª 18h30<br />

Urso <strong>de</strong> Ouro em Berlim 2010, “Mel”<br />

revela em Portugal o cineasta turco<br />

Semih Kaplanoglu, que encerra com<br />

este filme uma trilogia livremente<br />

autobiográfica inicia<strong>da</strong> com<br />

“Yumurta” (2007) e “Süt” (2008).<br />

Percebe-se que o júri <strong>de</strong> Werner<br />

Herzog se tenha <strong>de</strong>ixado levar pela<br />

natureza contemplativa, idílica, com<br />

que Kaplanoglu conta a sua história<br />

<strong>de</strong> uma infância rural <strong>de</strong> um menino<br />

<strong>de</strong> seis a<strong>nos</strong>, filho <strong>de</strong> camponeses:<br />

“Mel” imerge-<strong>nos</strong> numa espécie <strong>de</strong><br />

É<strong>de</strong>n intocado on<strong>de</strong>, apesar <strong>da</strong> luz<br />

eléctrica e dos telefones, é a tradição<br />

que coman<strong>da</strong>. Mas o olhar ao nível<br />

<strong>da</strong> criança que Kaplanoglu consegue<br />

recuperar, o lado quase etnográfico<br />

que, em conjunto, criam por<br />

acumulação um ambiente quase<br />

mágico, sensorial, com algo <strong>da</strong><br />

inocência pastoral <strong>de</strong> um Terrence<br />

Malick, embate na vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

construir uma narrativa para<br />

“segurar as pontas” - e é aí que o<br />

filme se afun<strong>da</strong>, com a sensação <strong>de</strong><br />

que Kaplanoglu sabe exactamente o<br />

que quer filmar, mas não sabe<br />

exactamente o que quer contar. Isso<br />

não invali<strong>da</strong> que haja aqui<br />

belíssimos momentos <strong>de</strong> <strong>cinema</strong>,<br />

sobretudo quando se projecta uma<br />

memória sensorial <strong>da</strong> <strong>de</strong>scoberta do<br />

mundo. J. M.<br />

Camino<br />

De Javier Fesser,<br />

com Nerea Camacho, Carme Elias,<br />

Mariano Venancio, Manuela Vellés.<br />

M/12<br />

Mnnnn<br />

Lisboa: Me<strong>de</strong>ia Monumental: Sala 1: 5ª 6ª Sábado<br />

Domingo 2ª 3ª 4ª 13h30, 16h20, 19h, 21h40, 00h15<br />

Citando um <strong>nos</strong>so mestre, “não me<br />

importo que me manipulem, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

que o façam com jeitinho”. Ora,<br />

jeitinho é coisa que “Camino”<br />

dispensa: do primeiro ao último<br />

plano é manipulação, manipulação,<br />

manipulação, e à bruta. Por ca<strong>da</strong> vez<br />

que Javier Fesser mostra um gran<strong>de</strong><br />

plano <strong>da</strong> miu<strong>da</strong> protagonista a sorrir<br />

estabelece-se um novo padrão para a<br />

pornografia sentimental; e nem o<br />

facto <strong>de</strong> “Camino” tratar <strong>de</strong> uma<br />

história basea<strong>da</strong> num tipo <strong>de</strong><br />

chantagem semelhante (chamemoslhe:<br />

um caso <strong>de</strong> pornografia religiosa)<br />

serve <strong>de</strong> atenuante, pelo contrário.<br />

Espécie <strong>de</strong> “Amélie Poulain nas<br />

Garras <strong>da</strong> Opus Dei”, o filme <strong>de</strong><br />

Fesser não dá tréguas: voltefaces<br />

dig<strong>nos</strong> <strong>de</strong> telenovela, beatas e padres<br />

sinistos, e muitos “sonhos” como<br />

medi<strong>da</strong> <strong>da</strong> “inocência” <strong>da</strong> miu<strong>da</strong>. A<br />

intenção, parece, era contribuir para<br />

o mau nome <strong>da</strong> Opus Dei, mas quem<br />

sai pior é o <strong>cinema</strong>, e especialmente<br />

um dos seus géneros mais nobres, o<br />

melodrama. L.M.O.<br />

Potiche - Minha Rica<br />

Mulherzinha<br />

Potiche<br />

De François Ozon,<br />

com Catherine Deneuve, Gérard<br />

Depardieu, Fabrice Luchini, Karin<br />

Viard, Judith Godrèche, Jérémie<br />

Rénier. M/12<br />

MMnnn<br />

Lisboa: Atlânti<strong>da</strong>-Cine: Sala 1: 5ª 6ª 2ª 3ª 4ª<br />

15h30, 21h30 Sábado Domingo 15h30, 18h15,<br />

21h30; Castello Lopes - Cascais Villa: Sala 5: 5ª 2ª<br />

3ª 4ª 15h50, 18h40, 21h40 6ª 15h50, 18h40, 21h40,<br />

00h20 Sábado 13h30, 15h50, 18h40, 21h40, 00h20<br />

Domingo 13h30, 15h50, 18h40, 21h40; CinemaCity<br />

Classic Alvala<strong>de</strong>: Sala 2: 5ª Domingo 2ª 3ª 4ª<br />

13h30, 15h35, 17h40, 19h45, 21h45 6ª Sábado 13h30,<br />

15h35, 17h40, 19h45, 21h45, 23h50; UCI Cinemas - El<br />

Corte Inglés: Sala 13: 5ª 6ª Sábado 2ª 3ª 4ª<br />

14h10, 16h40, 19h10, 21h35, 00h05 Domingo 11h30,<br />

14h10, 16h40, 19h10, 21h35, 00h05; ZON<br />

Lusomundo Amoreiras: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª<br />

3ª 4ª 12h50, 15h20, 17h50, 20h50, 23h20<br />

Porto: Arrábi<strong>da</strong> 20: Sala 17: 5ª 6ª Sábado<br />

“Camino”: espécie<br />

<strong>de</strong> “Amélie Poulain<br />

nas Garras <strong>da</strong> Opus Dei”...<br />

Domingo 2ª 13h50, 16h35, 19h20, 21h55, 00h45 3ª<br />

4ª 16h35, 19h20, 21h55, 00h45; Arrábi<strong>da</strong> 20: Sala<br />

18: 5ª 6ª 2ª 13h50, 16h35, 19h20, 21h55, 00h45<br />

Sábado Domingo 21h55, 00h45 3ª 4ª 16h35, 19h20,<br />

21h55, 00h45; ZON Lusomundo Dolce Vita Porto: 5ª<br />

6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 18h, 21h, 23h40<br />

Se Ozon tem alguma gran<strong>de</strong><br />

habili<strong>da</strong><strong>de</strong>, ela está na pré-fabricação<br />

(mais até do que na pre-visão) dos<br />

espectadores dos seus filmes e,<br />

sobretudo, na condução do percurso<br />

que ele <strong>de</strong>seja que os espectadores<br />

façam através dos filmes.<br />

Continuamos a dizer: Ozon é um<br />

hitchcockiano (mas um<br />

hitchcockiano barato). “Minha Rica<br />

Mulherzinha” continua a ser isso:<br />

sinais cui<strong>da</strong>dosamente distribuídos,<br />

reenvio permanente, “referências” e<br />

cotoveladinhas, um filme que se faz<br />

pelas pistas <strong>de</strong> leitura que ele próprio<br />

cria (e sem as quais não seria na<strong>da</strong>).<br />

Não é nem mais nem me<strong>nos</strong> grotesco<br />

do que outras coisas que Ozon já fez,<br />

embora, <strong>de</strong> facto, num registo<br />

cómico minimamente<br />

<strong>de</strong>sempoeirado a coisa se suporte um<br />

pouco melhor. Ain<strong>da</strong> que em<br />

ambivalência: é tão fácil elogiar a<br />

maneira como Deneuve e Depardieu<br />

se prestam a brincar com o seu<br />

estatuto simbólico no <strong>cinema</strong> francês<br />

como ter vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> gritar “basta, já<br />

fizeram isto 50 vezes, inventem lá<br />

outra coisa”. L.M.O.<br />

Copacabana<br />

De Marc Fitoussi,<br />

com Isabelle Huppert, Lolita<br />

Chammah, Aure Atika, Jurgen<br />

Delnaet. M/12<br />

MMnnn<br />

Lisboa: Me<strong>de</strong>ia King: Sala 3: 5ª Domingo 3ª 4ª<br />

13h20, 15h30, 17h40, 19h50, 22h 6ª Sábado 2ª<br />

13h20, 15h30, 17h40, 19h50, 22h, 00h15; Me<strong>de</strong>ia<br />

Sal<strong>da</strong>nha Resi<strong>de</strong>nce: Sala 5: 5ª 6ª Sábado<br />

Domingo 2ª 3ª 4ª 14h20, 16h50, 19h20, 21h50,<br />

00h20<br />

Ou <strong>de</strong> como um filme anódino se<br />

torna um bocadinho me<strong>nos</strong> anódino<br />

por causa <strong>de</strong> uma actriz. Sem Isabelle<br />

Huppert não se <strong>da</strong>ria na<strong>da</strong> por<br />

“Copacabana”, exemplo <strong>de</strong> um<br />

<strong>cinema</strong> correcto e “profissional” que<br />

não tem mais para <strong>da</strong>r, nem <strong>de</strong>seja<br />

mais, do que reiterar e reproduzir as<br />

suas características – o que não tem<br />

na<strong>da</strong> <strong>de</strong> mal, nem na<strong>da</strong> <strong>de</strong> bom. Com<br />

Huppert, mesmo a trabalhar em<br />

modo prazenteiro, acrescenta-se uma<br />

cama<strong>da</strong> extra, ao filme e à sua<br />

protagonista (e até o “gimmick” <strong>de</strong> a<br />

pôr a contracenar com a filha traz<br />

algum sentido). E “Copacabana”<br />

torna-se, até certo ponto ou a partir<br />

<strong>de</strong> certo ponto, num filme sobre o<br />

trabalho <strong>de</strong> uma actriz. Que se possa<br />

vê-lo como tal não é, apesar <strong>de</strong> tudo,<br />

uma quali<strong>da</strong><strong>de</strong> negligenciável. L.M.O.<br />

Somewhere - Algures<br />

Somewhere<br />

De Sofia Coppola,<br />

com Stephen Dorff, Elle Fanning. M/12<br />

Mnnnn<br />

Lisboa: Me<strong>de</strong>ia Sal<strong>da</strong>nha Resi<strong>de</strong>nce: Sala 6: 5ª 6ª<br />

Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 13h30, 15h30, 17h30,<br />

19h30, 21h30, 24h; UCI Cinemas - El Corte<br />

Inglés: Sala 5: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 4ª 22h,<br />

00h20 3ª 00h20<br />

Porto: Arrábi<strong>da</strong> 20: Sala 5: 5ª 6ª Sábado Domingo<br />

2ª 3ª 4ª 19h<br />

A questão com Sofia po<strong>de</strong> continuar<br />

a colocar-se: um filme sobre o vazio<br />

ou um filme vazio?; um filme<br />

superficial ou um filme sobre<br />

superfícies? Mas julgamos que<br />

“Algures” respon<strong>de</strong>. Quer dizer:<br />

expõe Sofia. Que aqui, tentanto ir<br />

para além <strong>da</strong> bolha atmosférica – e é<br />

justo dizer que ela aguentou todo um<br />

filme, “As Virgens Suici<strong>da</strong>s”, numa<br />

espécie <strong>de</strong> leveza doentia, e isso é<br />

obra –, aventurando-se pela<br />

“malaise” existencialista, em modo<br />

Wen<strong>de</strong>rs ou Antonioni, dá um passo<br />

maior do que as pernas, nunca<br />

levantando o filme acima <strong>da</strong><br />

caricatura e do “cliché”. Há pe<strong>da</strong>ços<br />

<strong>de</strong>sastrosos (todo o episódio<br />

italiano), a <strong>de</strong>ambulação pai/filha é<br />

uma oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> perdi<strong>da</strong><br />

(passámos o filme a pensar em “Alice<br />

nas Ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s”, <strong>de</strong> Wen<strong>de</strong>rs), o<br />

Chateau Marmont <strong>de</strong> Los Angeles é<br />

apenas um cenário, nunca inquieta a<br />

câmara. Lembrámo-<strong>nos</strong> <strong>de</strong> Sofia,<br />

actriz no “Padrinho III”, exposta pelo<br />

pai, Francis: qualquer coisa próximo<br />

do incómodo. Vasco Câmara<br />

Ípsilon • Sexta-feira 1 Abril 2011 • 37

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!