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chama-nos da selva O cinema de Apichatpong Weerasethakul

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Discos<br />

aMaumMedíocremmRazoávelmmmBommmmmMuito BommmmmmExcelente<br />

Murray traça um po<strong>de</strong>roso e vibrante retrato<br />

<strong>da</strong>s ligações cubanas <strong>de</strong> Nat King Cole, na tradição<br />

do melhor jazz cubano, com a participação<br />

lumi<strong>nos</strong>a <strong>da</strong> Sinfonieta <strong>de</strong> Sines<br />

Jazz<br />

De Cuba para<br />

Sines<br />

Com uma ligação fortíssima<br />

à ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Sines, David<br />

Murray <strong>de</strong>dica o seu mais<br />

recente projecto à música <strong>de</strong><br />

Nat King Cole. Em espanhol.<br />

Rodrigo Amado<br />

David Murray Cuban Ensemble<br />

Plays Nat King Cole<br />

3D Family, Universal<br />

mmmmn<br />

David Murray é um<br />

dos gigantes do<br />

saxofone. Membro<br />

fun<strong>da</strong>dor dos<br />

World Saxophone<br />

Quartet e com<br />

cerca <strong>de</strong> uma centena <strong>de</strong> álbuns<br />

editados em nome próprio, é um dos<br />

gran<strong>de</strong>s estilistas do saxofone tenor e<br />

possui um som inconfundível que<br />

tem tanto <strong>de</strong> Albert Ayler e Archie<br />

Shepp como <strong>de</strong> Ben Webster ou<br />

Coleman Hawkins. Nome<br />

incontornável quando se falava em<br />

jazz <strong>de</strong> vanguar<strong>da</strong> <strong>nos</strong> a<strong>nos</strong> 70 e 80,<br />

passou a ser progressivamente mais<br />

influenciado pelo swing e pelo bop,<br />

revelando enorme talento como<br />

compositor e arranjador. Para este<br />

novo projecto, uma interpretação <strong>de</strong><br />

algumas <strong>da</strong>s canções grava<strong>da</strong>s por<br />

Nat King Cole <strong>nos</strong> seus dois álbuns <strong>de</strong><br />

58 e 62, cantados em Espanhol,<br />

Murray seguiu uma sugestão <strong>da</strong> sua<br />

mulher. “A i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong>ste disco foi <strong>da</strong><br />

minha mulher, Valérie. Ela procurava<br />

conhecer um pouco mais <strong>da</strong>s suas<br />

raízes e fomos a Cuba, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> é<br />

originário o seu avô. Nos estúdios<br />

Egrem vimos uma foto <strong>de</strong> Nat King<br />

Cole, tira<strong>da</strong> lá em 1958. Foi aí que<br />

<strong>de</strong>cidimos avançar com o projecto.”<br />

Reunindo alguns dos melhores<br />

instrumentistas cuba<strong>nos</strong> <strong>da</strong> nova<br />

geração – entre eles, Roman Filiu,<br />

Mario Felix Hernan<strong>de</strong>z Morrejon ou<br />

Jose “Pepe” Rivero – e juntando-lhes<br />

a Sinfonieta <strong>de</strong> Sines e o carismático<br />

vocalista Melingo, Murray traça um<br />

po<strong>de</strong>roso e vibrante retrato <strong>da</strong>s<br />

ligações cubanas <strong>de</strong> Nat King Cole, no<br />

qual surpreen<strong>de</strong> sobretudo a<br />

naturali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos arranjos, na<br />

tradição do melhor jazz cubano, e a<br />

participação lumi<strong>nos</strong>a <strong>da</strong> Sinfonieta<br />

<strong>de</strong> Sines, ci<strong>da</strong><strong>de</strong> com a qual Murray<br />

mantém uma ligação estreita. Nas<br />

palavras do próprio; “A minha ligação<br />

a Sines é antiga. Tenho lá muito bons<br />

amigos e acabei por comprar casa na<br />

ci<strong>da</strong><strong>de</strong>. Vivo em Paris, mas quando<br />

“Chopped & Screwed” não causa espanto.<br />

A espaços soa algo insular, distante. Mas recompensa<br />

quero passar um bom bocado,<br />

<strong>de</strong>scontrair, vou para Sines.” Mas a<br />

ligação do saxofonista a Sines não se<br />

resume a uns momentos bem<br />

passados. Murray encontrou na<br />

ci<strong>da</strong><strong>de</strong> uma comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> dinâmica,<br />

na qual <strong>de</strong>staca o excelente trabalho<br />

<strong>de</strong>senvolvido durante a<strong>nos</strong> pelo<br />

Presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Câmara, Manuel<br />

Coelho. Um trabalho <strong>de</strong> referência<br />

que <strong>de</strong>u origem à Escola <strong>da</strong>s Artes e à<br />

primeira Sinfonieta <strong>de</strong> Sines, para<br />

além, está claro, do mais famoso dos<br />

festivais <strong>de</strong> músicas do mundo do<br />

<strong>nos</strong>so país. “A razão pela qual<br />

optámos por incluir a Sinfonieta é<br />

exactamente para que as pessoas<br />

saibam que há algo <strong>de</strong> novo e especial<br />

a acontecer em Sines.”<br />

E há realmente uma energia<br />

especial que se espalha por versões<br />

notáveis <strong>de</strong> “El bo<strong>de</strong>guero”, “Quizás,<br />

quizás, quizás”, ou “A media luz”,<br />

com solos exuberantes <strong>de</strong> Murray,<br />

Filiu ou Morrejon, e po<strong>de</strong>rosas<br />

interpretações vocais <strong>de</strong> Melingo (nas<br />

2 últimas). Mas é em “No me<br />

platiques”, instrumental marcado<br />

pelos arranjos expressivos <strong>da</strong><br />

Sinfonieta, que explo<strong>de</strong> to<strong>da</strong> a<br />

expressivi<strong>da</strong><strong>de</strong> e criativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Murray, num fenomenal solo que<br />

evoca o melhor <strong>da</strong> sua obra.<br />

Pop<br />

Etno fantasia<br />

Devaneios <strong>de</strong> um produtor<br />

alemão convertido em<br />

explorador dos sons<br />

tradicionais do Quénia. Luís<br />

Maio<br />

Sven Kacirek<br />

The Kenya Sessions<br />

Pingipung, distri. Compact<br />

mmmmn<br />

Percussionista e<br />

produtor <strong>de</strong> música<br />

electrónica, o<br />

alemão Sven Kacirek<br />

<strong>de</strong>sembarcou pela<br />

primeira vez em<br />

Nairobi há dois a<strong>nos</strong>. Foi participar<br />

num espectáculo <strong>de</strong> <strong>da</strong>nça, mas a sua<br />

actuação a solo encantou os locais,<br />

Sven Kacirek<br />

ao ponto <strong>de</strong> convencer Johannes<br />

Hossfeld, director do Goethe Institut<br />

Kenia, <strong>de</strong> que era o homem indicado<br />

para um projecto que tinha em<br />

mente. A sua i<strong>de</strong>ia era gravar<br />

reportório ancestral <strong>da</strong>s tribos<br />

Nyanza, instala<strong>da</strong>s à beira do lago<br />

Victoria, mas o projecto evoluiu para<br />

uma viagem mais ampla entre essa<br />

ponta oci<strong>de</strong>ntal do país e a oriental,<br />

que beija o oceano Pacífico, assim<br />

cobrindo os dois extremos <strong>da</strong> música<br />

e <strong>da</strong> cultura do país <strong>da</strong> África <strong>de</strong><br />

Leste.<br />

Esse trabalho <strong>de</strong> campo foi a base,<br />

mas as resultantes “The Kenya<br />

Sessions”, subintitula<strong>da</strong>s “Barabara”<br />

(“Na Estra<strong>da</strong>”), não têm na<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

recolha etnográfica, nem se pautam<br />

por qualquer purismo tradicionalista.<br />

No lugar disso, Sven Kacirek pegou<br />

no material recolhido no Quénia,<br />

sobretudo vozes, gaitas e percussões<br />

e empregou-o como um interlocutor<br />

para a sua própria música. Uma<br />

música acústica, singela e <strong>de</strong>lica<strong>da</strong>,<br />

<strong>de</strong>sempenha<strong>da</strong> em piano, xilofone e<br />

percussões, que parece repercutir e<br />

está no mesmo comprimento <strong>de</strong><br />

on<strong>da</strong> – antes dizia-se “vibração” – dos<br />

quenia<strong>nos</strong> que entretanto foi<br />

gravando. É evi<strong>de</strong>nte a bagagem<br />

electrónica <strong>de</strong> Sven, que faz entrar e<br />

sair na mistura as gravações <strong>de</strong><br />

campo numa lógica <strong>de</strong> corte e<br />

colagem e vai construindo os temas à<br />

luz <strong>de</strong> uma dinâmica <strong>de</strong> sucessivos<br />

picos <strong>da</strong>nçantes.<br />

“The Kenya Sessions” não é,<br />

porém, um disco <strong>de</strong> baile <strong>de</strong> fusão,<br />

mas um em que a sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>da</strong>nçante está sempre implícita,<br />

oferecendo novas asas à música <strong>da</strong>s<br />

raízes do Quénia. Nesse sentido é<br />

me<strong>nos</strong> Fre<strong>de</strong>ric Galliano que Michael<br />

Hart ou Stewart Copeland: um disco<br />

que parte <strong>de</strong> sonori<strong>da</strong><strong>de</strong>s étnicas<br />

para alimentar a fantasia, ou melhor,<br />

que sonha na mesma medi<strong>da</strong> em que<br />

contempla e integra a alteri<strong>da</strong><strong>de</strong>. E<br />

funciona excelentemente, tanto<br />

como narrativa sónica, como uma<br />

espécie <strong>de</strong> ban<strong>da</strong> sonora para um<br />

romance <strong>de</strong> viagem passado algures<br />

na África Oriental, como um disco<br />

ambiental, que proporciona<br />

<strong>de</strong>scanso e massaja o espírito, na<br />

medi<strong>da</strong> em que combina loops e<br />

texturas com sabores exóticos.<br />

A orquestra Micachu<br />

Micachu & The Shapes<br />

Chopped & Screwed<br />

Rough Tra<strong>de</strong>; distri. Popstock<br />

mmmnn<br />

“Chopped &<br />

Screwed” não é o<br />

sucessor oficial <strong>de</strong><br />

“Jewellery”, o<br />

álbum <strong>de</strong> estreia <strong>de</strong><br />

Micachu & The<br />

Shapes que tanta alegria <strong>nos</strong> <strong>de</strong>u em<br />

2009: uma tangente pop <strong>de</strong>linea<strong>da</strong><br />

com tanta imaginação e espírito<br />

38 • Sexta-feira 1 Abril 2011 • Ípsilon

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