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chama-nos da selva O cinema de Apichatpong Weerasethakul

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Expos<br />

É a África<br />

que envolve e<br />

assombra José<br />

Pedro Cortes<br />

Distância<br />

sem<br />

distanciamento<br />

Em “Moi, un blanc”,<br />

admirável exposição, não é o<br />

gesto do documentarista que<br />

norteia o olhar <strong>de</strong> José Pedro<br />

Cortes. Mas a ficção inquieta,<br />

quase abstracta,<br />

<strong>de</strong> África. José Marmeleira<br />

Moi, un blanc<br />

José Pedro Cortes<br />

Módulo, Calça<strong>da</strong> dos Mestres 34 A/B Lisboa<br />

mmmmn<br />

Formado na Ar.Co, com um mestrado<br />

em fotografia no Kent Institute of Art<br />

and Design (Inglaterra), José Pedro<br />

Cortes é um artista com um percurso<br />

tão reservado quanto impressivo.<br />

Expõe individualmente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2005,<br />

gere ao lado <strong>de</strong> André Príncipe uma<br />

respeitosa editora <strong>de</strong> livros <strong>de</strong><br />

fotografia (a Pierre von Kleist editions)<br />

e tem apresentado sobre papel ou nas<br />

pare<strong>de</strong>s belíssimas séries <strong>de</strong> trabalhos<br />

como “Silence” (2006), “Like a empty<br />

yard” (2008) ou “Things here and<br />

things still to come”.<br />

A sua obra é habita<strong>da</strong> por<br />

personagens, situações, lugares,<br />

dispostas numa tensão romântica<br />

entre público e privado, interior e<br />

exterior, paisagem e retrato; tensão<br />

que vai <strong>de</strong>socultando a natureza<br />

<strong>de</strong>spercebi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s coisas, <strong>de</strong>rramando<br />

sentidos. Sobre uma qualquer ci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

europeia, um grupo <strong>de</strong> raparigas<br />

americanas a viver em Israel, um<br />

casal <strong>de</strong> namorados, um quarto <strong>de</strong><br />

uma casa ou uma sombra.<br />

“Moi un Blanc”, a mais recente<br />

exposição individual, não se afasta<br />

<strong>de</strong>ssa tensão (que o encontro com o<br />

real anima), e <strong>de</strong>ixa – a começar pelo<br />

título – adivinhar novas imagens.<br />

Cortes afastou-se (momentaneamente?)<br />

do retrato <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> urbana<br />

oci<strong>de</strong>ntal, <strong>de</strong> figuras que lhe eram<br />

próximas ou familiares (ou que assim<br />

se tornavam diante <strong>da</strong> sua câmara<br />

fotográfica), como acontecia nessas<br />

séries, e entrou no Mali, África. Para<br />

trás, ficaram as cores frias, os azuis<br />

pálidos e noctur<strong>nos</strong>, certa intrusão<br />

comovente (que lembrava <strong>de</strong> uma só<br />

vez Goldin, Richard Billingham e<br />

Wolfgang Tillmans). Tinha à espera<br />

Jean Rouch e Malik Sidibé.<br />

São as imagens do cineasta francês<br />

e do artista do Mali que “Moi un<br />

Blanc” evoca. Vê-se a cor satura<strong>da</strong> do<br />

céu, pressente-se vibração ditosa dos<br />

corpos. E aqui e ali, imaginam-se<br />

homens e mulheres retratados por<br />

Sidibé. Mas logo se percebe que<br />

sujeito principal não é o Mali. Não é o<br />

impulso do documentarista ou do<br />

etnógrafo que guia o gesto <strong>de</strong> José<br />

Pedro Cortes.<br />

Há uma distância que o título<br />

sugere. É <strong>de</strong>la que proce<strong>de</strong>m as<br />

formas que criam a estranheza, a<br />

ficção inquieta <strong>da</strong>s imagens. Um<br />

corpo que se confun<strong>de</strong> com a<br />

superfície <strong>de</strong> um muro, outro corpo<br />

que parece ter perdido a cabeça, um<br />

rosto que se escon<strong>de</strong> <strong>da</strong> objectiva. E<br />

por vezes, nem os corpos se dignam a<br />

aparecer, como na fotografia do<br />

estúdio <strong>de</strong> Sidibé, on<strong>de</strong> vemos apenas<br />

uma ca<strong>de</strong>ira sem retratado (como<br />

uma tela ou fresco vazio), ou a entra<strong>da</strong><br />

<strong>de</strong> um quarto parcialmente <strong>de</strong>svela<strong>da</strong><br />

pelo sopro <strong>de</strong> uma ventoinha. Através<br />

<strong>de</strong> um tríptico, a paisagem também<br />

faz parte <strong>de</strong> “Moi un Blanc”:<br />

superfícies rochosas <strong>de</strong> escarpas,<br />

grutas, “esculturas” monumentais.<br />

Outras fotografias insinuam possíveis<br />

“mise en abimes” (uma face pinta<strong>da</strong><br />

sobre chapa, feli<strong>nos</strong> estampado numa<br />

camisa <strong>de</strong> um homem).<br />

Não significa esta distância (a do<br />

artista face ao seu objecto) um<br />

distanciamento. Porque é a África<br />

que envolve e assombra José Pedro<br />

Cortes. E “Moi un Blanc”, embora<br />

passível <strong>de</strong> ser compreendi<strong>da</strong> na sua<br />

condição mais fragmenta<strong>da</strong> (foto a<br />

foto), é também um conjunto <strong>de</strong><br />

imagens que entrelaça narrativas. Há<br />

um homem que olha para uma<br />

mulher, um casal à beira <strong>da</strong> praia, um<br />

homem numa estra<strong>da</strong>.<br />

aMaumMedíocremmRazoávelmmmBommmmmMuito BommmmmmExcelente<br />

Agen<strong>da</strong><br />

Inauguram<br />

Stones To Throw<br />

De Ahmet Öðüt.<br />

Lisboa. Kunsthalle Lissabon.<br />

R. Rosa Araújo, 7-9. Tel.: 918156919.<br />

De 01/04 a 14/05. 5ª a Sáb. <strong>da</strong>s 15h às 19h.<br />

Inaugura hoje às 22h.<br />

Instalação.<br />

Ver texto na pág. 28<br />

Continuam<br />

Fora <strong>de</strong> Escala - Desenho<br />

e Escultura 1960-70.<br />

De Manuel Baptista.<br />

Lisboa. Museu <strong>da</strong> Electrici<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Av. Brasília. T. 210028190.<br />

Até 15/5. 3ª a Dom <strong>da</strong>s 10h às 18h.<br />

Desenho, Escultura.<br />

Escrever Paisagem: Manuel<br />

Baptista - Desenhos 1960-1970<br />

Lisboa. Fun<strong>da</strong>ção Carmona e Costa.<br />

R. Soeiro Pereira Gomes L1 - 6º A/C/D.<br />

Tel.: 217803003. Até 28/05. 4ª a Sáb.<br />

<strong>da</strong>s 15h às 20h.<br />

Desenho.<br />

Snøhetta - Arquitectura -<br />

Paisagem - Interiores.<br />

Lisboa. Museu <strong>da</strong> Electrici<strong>da</strong><strong>de</strong>. Av. Brasília.<br />

T. 210028190. Até 24/4. 3ª a Dom <strong>da</strong>s 10h às 18h.<br />

Arquitectura, Outros.<br />

BES Photo 2010<br />

De Carlos Lobo, Kiluanji Kia Hen<strong>da</strong>,<br />

Manuela Marques, Mário Macilau,<br />

Mauro Restiffe.<br />

Lisboa. Museu Colecção Berardo.<br />

Pç. Império. Tel.: 213612878. Até 13/06. Sáb.<br />

<strong>da</strong>s 10h às 22h. Dom. a 6ª <strong>da</strong>s 10h às 19h.<br />

Fotografia.<br />

Livre Circulação - Obras<br />

<strong>da</strong> Colecção <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção<br />

<strong>de</strong> Serralves<br />

De Alberto Carneiro,<br />

Gerhard Richter, Helena Almei<strong>da</strong>,<br />

entre outros.<br />

Algés. Centro <strong>de</strong> Arte Manuel <strong>de</strong> Brito.<br />

Alam. Hermano Patrone. Tel.: 214111400.<br />

Até 30/06. 3ª a Dom. <strong>da</strong>s 11h30 às 18h.<br />

Pintura, Escultura, Desenho,<br />

Ví<strong>de</strong>o, Outros.<br />

Família<br />

De Vasco Araújo.<br />

Lisboa. Ermi<strong>da</strong> <strong>de</strong> Nossa Senhora<br />

<strong>da</strong> Conceição. Tv. Marta Pinto, 12. Tel.: 213637700.<br />

Até 15/05. 3ª a 6ª <strong>da</strong>s 11h às 17h. Sáb. e Dom.<br />

<strong>da</strong>s 14h às 18h.<br />

Desenho.<br />

1+1+1=3<br />

De Hermann Pitz, Michael Snow,<br />

Bernard Voïta.<br />

Lisboa. Culturgest. R. Arco do Cego.<br />

Tel.: 217905155. Até 08/05. 2ª, 4ª, 5ª e 6ª <strong>da</strong>s 11h<br />

às 19h. Sáb., Dom. e Feriados <strong>da</strong>s 14h às 20h.<br />

Fotografia, Ví<strong>de</strong>o.<br />

Gedi Sibony<br />

Lisboa. Culturgest. R. Arco do Cego.<br />

Tel.: 217905155. Até 08/05. 2ª, 4ª, 5ª e 6ª<br />

<strong>da</strong>s 11h às 19h. Sáb., Dom. e Feriados <strong>da</strong>s 14h<br />

às 20h.<br />

Instalação.<br />

Detritos<br />

De Alexandre Farto.<br />

Porto. Galeria Presença. R. Miguel Bombar<strong>da</strong>, 570.<br />

Tel.: 226060188. Até 23/04. 2ª a 6ª <strong>da</strong>s 10h às<br />

19h30. Sáb. <strong>da</strong>s 15h às 19h30.<br />

Instalação, Outros.<br />

Porto Interior<br />

De Inês d’Orey.<br />

Porto. Centro Português <strong>de</strong> Fotografia. Cp. Mártires<br />

<strong>da</strong> Pátria. Tel.: 222076310. Até 15/05. 3ª a 6ª <strong>da</strong>s<br />

10h às 18h. Sáb., Dom. e Feriados <strong>da</strong>s 15h às 19h.<br />

Fotografia.<br />

Ípsilon • Sexta-feira 1 Abril 2011 • 43

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