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Marlene Dumas - Fonoteca Municipal de Lisboa

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mo as etapas do processo <strong>de</strong> integração,<br />

apresentam processos semelhantes<br />

entre diferentes tipos <strong>de</strong> or<strong>de</strong>ns.<br />

Aos votos religiosos correspon<strong>de</strong>m,<br />

por exemplo, os graus maçónicos ou<br />

os diferentes processos <strong>de</strong> integração<br />

profissional.<br />

“São processos <strong>de</strong>calcados da experiência<br />

monástica, mais evi<strong>de</strong>ntes<br />

no caso da maçonaria”, diz o investigador.<br />

No caso das or<strong>de</strong>ns civis ou<br />

honoríficas, é o tipo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ário que as<br />

organiza — seja regra, constituição ou<br />

estatuto — que se assemelha ao das<br />

or<strong>de</strong>ns religiosas. “O religioso continua<br />

a mo<strong>de</strong>lar muitas experiências<br />

sociais contemporâneas”, diz José<br />

Eduardo Franco. Mas esta diversida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> instituições evi<strong>de</strong>ncia também<br />

um mundo que mudou: <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong><br />

“unificada pelo religioso”<br />

para uma era <strong>de</strong> secularização e <strong>de</strong><br />

autonomização da vida social em relação<br />

ao sagrado.<br />

Apesar <strong>de</strong>ssa evolução, percebe-se<br />

a relação <strong>de</strong> diálogo ou tensão em que<br />

estas instituições se foram estabelecendo<br />

com o restante corpo social.<br />

Bastará, aliás, folhear a obra num primeiro<br />

olhar para se perceber essa<br />

relação na diversida<strong>de</strong> dos factores:<br />

a influência na arquitectura ou nas<br />

artes, os fundos patrimoniais, a acção<br />

social ou caritativa, a participação em<br />

<strong>de</strong>bates culturais ou políticos da socieda<strong>de</strong><br />

portuguesa…<br />

Deslizes e excessos<br />

O rigor factual, histórico e documental<br />

das entradas é apreciável. Mas há pequenos<br />

<strong>de</strong>slizes <strong>de</strong> linguagem que <strong>de</strong>veriam<br />

ter sido evitados: a utilização<br />

<strong>de</strong> expressões como “Santo Padre”<br />

(mais própria do interior do catolicismo)<br />

em vez <strong>de</strong> Papa, por exemplo (p.<br />

662); ou a adjectivação por vezes utilizada,<br />

sobretudo quando se fala da actualida<strong>de</strong><br />

e não existe ainda suficiente<br />

distância histórica (“gran<strong>de</strong> figura <strong>de</strong><br />

referência espiritual”, p. 644).<br />

Aliás, no que respeita aos mais recentes<br />

movimentos católicos, a controvérsia<br />

que essas instituições ainda hoje<br />

levantam é quase omitida. É o exemplo<br />

da entrada sobre a Comunhão e<br />

Libertação, grupo nascido nos meios<br />

universitários italianos, que se i<strong>de</strong>ntifica,<br />

entre outras coisas, pelo anúncio<br />

militante do cristianismo, pela afirmação<br />

da unida<strong>de</strong> em torno do Papa e<br />

pela a<strong>de</strong>são à moral tradicional veiculada<br />

pela hierarquia católica.<br />

Noutro caso como a Opus Dei, apenas<br />

se apresentam as críticas genéricas<br />

que se fazem à instituição e os<br />

argumentos <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa que esta costuma<br />

utilizar: o secretismo confundido<br />

com o recato, o conservadorismo<br />

e as elites contra o trabalho em “todos<br />

os meios sociais”, o po<strong>de</strong>r económico<br />

versus “os orçamentos muito mo<strong>de</strong>stos”<br />

<strong>de</strong> parte dos membros, as críticas<br />

a “O Código Da Vinci” que “erradamente<br />

fantasia e colabora” para a<br />

“lenda negra” da Opus Dei… Mas tudo<br />

isto é enumerado sem qualquer aprofundamento<br />

<strong>de</strong> dados que sustentem<br />

os argumentos evocados.<br />

Se a distância é mais difícil em relação<br />

a aspectos actuais, a adjectivação<br />

ou a formulação genérica sem os<br />

factos que a fundamentem <strong>de</strong>veriam<br />

ter sido evitadas.<br />

Estes movimentos e associações<br />

contemporâneas são aqui apresentados<br />

também com razões que se justificam<br />

na respectiva introdução — e<br />

que se aceitam. Elas “são her<strong>de</strong>iras,<br />

Diferentes grupos e<br />

sectores que<br />

estiveram em conflito<br />

estão, agora, juntos<br />

num mesmo volume.<br />

Esta diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

instituições evi<strong>de</strong>ncia<br />

um mundo que<br />

mudou: <strong>de</strong> uma<br />

socieda<strong>de</strong> “unificada<br />

pelo religioso” para<br />

uma era <strong>de</strong><br />

autonomização da<br />

vida social em relação<br />

ao sagrado<br />

ou comungam, <strong>de</strong> elementos representativos,<br />

colhidos na milenar experiência<br />

ascética e institucional do<br />

monaquismo católico”.<br />

Se há excessos em alguns casos,<br />

noutros, como na entrada respeitante<br />

ao Gran<strong>de</strong> Oriente Lusitano, pecase<br />

por <strong>de</strong>feito, ficando-se com a sensação<br />

<strong>de</strong> que muito ficou por dizer.<br />

Com tudo o que já há publicado sobre<br />

a instituição e a sua história, a entrada<br />

respectiva <strong>de</strong>veria ser mais completa.<br />

Durante este ano serão ainda publicados<br />

os primeiros <strong>de</strong> oito dicionários<br />

reunindo os diferentes temas:<br />

or<strong>de</strong>ns católicas; or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> inspiração<br />

franciscana; or<strong>de</strong>ns maçónicas;<br />

or<strong>de</strong>ns honoríficas; or<strong>de</strong>ns profissionais;<br />

or<strong>de</strong>ns hindus e budistas; or<strong>de</strong>ns<br />

esotéricas; or<strong>de</strong>ns templárias.<br />

Cada um <strong>de</strong>stes volumes a publicar<br />

em separado terá entradas mais <strong>de</strong>senvolvidas<br />

em relação à versão original.<br />

A Aletheia acaba <strong>de</strong> publicar<br />

também um volume <strong>de</strong>dicado apenas<br />

à Or<strong>de</strong>m dos Pregadores, ou Dominicanos,<br />

da responsabilida<strong>de</strong> do mesmo<br />

Gabinete <strong>de</strong> Estudos das Or<strong>de</strong>ns criado<br />

para assegurar a continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes<br />

projectos.<br />

Este Dicionário das Or<strong>de</strong>ns terá<br />

uma outra continuação: entre os dias<br />

2 e 5 <strong>de</strong> Novembro próximo, um gran<strong>de</strong><br />

congresso internacional aprofundará<br />

a “Memória, Presença e Diásporas”<br />

das or<strong>de</strong>ns e congregações religiosas<br />

em Portugal. A dimensão po<strong>de</strong><br />

medir-se também pelo facto <strong>de</strong>, inicialmente,<br />

o congresso estar previsto<br />

para dois dias. Há 200 intervenções<br />

já previstas entre 700 participantes<br />

inscritos, sobre áreas tão distintas<br />

quanto a história da arte, a assistência,<br />

a cultura, a missionação ou a relação<br />

com a política.<br />

A última etapa será, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> publicados<br />

os diferentes volumes, a disponibilização<br />

da informação em suporte<br />

digital, com actualização permanente.<br />

Uma nota sobre a iconografia e o<br />

tratamento gráfico: como, em muitos<br />

casos, a ilustração esteve <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

dos arquivos das instituições, acabam<br />

por coexistir bons exemplos <strong>de</strong><br />

tratamento (icono)gráfico, a par <strong>de</strong><br />

outros menos interessantes.<br />

No primeiro caso, estão sobretudo<br />

as or<strong>de</strong>ns mais antigas, on<strong>de</strong> é possível<br />

recorrer a peças <strong>de</strong> arte, monumentos<br />

ou símbolos mais marcantes<br />

(é o caso <strong>de</strong> algumas or<strong>de</strong>ns religiosas,<br />

mas também maçónicas). No segundo,<br />

<strong>de</strong>vem referir-se sobretudo<br />

instituições mais contemporâneas,<br />

como suce<strong>de</strong> com as or<strong>de</strong>ns profissionais.<br />

Por exemplo, o friso <strong>de</strong> bastonários<br />

da Or<strong>de</strong>m dos Médicos Veterinários<br />

era evitável. Deveria mesmo<br />

ter-se optado por não reproduzir fotos<br />

<strong>de</strong> actuais dirigentes das diferentes<br />

instituições, evitando o aspecto<br />

“<strong>de</strong>sactualizado” que a obra po<strong>de</strong>rá<br />

aparentar assim que um <strong>de</strong>sses dirigentes<br />

mu<strong>de</strong>.<br />

Esta limitação reflecte-se também<br />

no <strong>de</strong>senho gráfico <strong>de</strong> algumas páginas,<br />

menos cuidadoso. E não ajuda o<br />

facto <strong>de</strong> a bibliografia não aparecer<br />

num corpo <strong>de</strong> letra diferente do resto<br />

do texto — o que marcaria uma ruptura<br />

mais evi<strong>de</strong>nte entre as diferentes<br />

entradas.<br />

Outro pormenor: em alguns casos,<br />

as legendas <strong>de</strong> fotos ou ilustrações<br />

<strong>de</strong>notam falta <strong>de</strong> edição: on<strong>de</strong> se lê<br />

apenas “Fundador” ou um mais extenso<br />

“Soberano Gran<strong>de</strong> Comendador<br />

do Supremo Conselho <strong>de</strong> Portugal”<br />

<strong>de</strong>veriam, antes, ler-se os nomes<br />

respectivos.<br />

Nota final: fala-se, ainda, em instituições<br />

“dicionarizadas” e em “siglários”.<br />

Numa época em que a língua<br />

portuguesa é tão pontapeada em tantos<br />

lados, uma obra como esta <strong>de</strong>veria<br />

ter tido a cautela <strong>de</strong> evitar neologismos<br />

feios e <strong>de</strong>snecessários.<br />

Pormenores, todos eles, a merecer<br />

revisão nas futuras edições parciais,<br />

mas que só reafirmam o ineditismo,<br />

relevância e abrangência <strong>de</strong>sta obra.<br />

Livros<br />

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22:00 PRAÇA | € 15<br />

Camané tem feito um percurso<br />

singular como intérprete <strong>de</strong><br />

eleição do fado contemporâneo.<br />

Foram muitos os prémios que<br />

recebeu e muitas as colaborações<br />

com músicos das áreas mais<br />

diversas. Com um novo álbum na<br />

calha, esta voz fundamental da<br />

música portuguesa apresenta<br />

um concerto recheado <strong>de</strong><br />

êxitos <strong>de</strong> carreira.<br />

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No dicionário<br />

agora<br />

publicado<br />

predominam<br />

as or<strong>de</strong>ns<br />

religiosas<br />

católicas<br />

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Ípsilon • Sexta-feira 9 Julho 2010 • 17

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