Marlene Dumas - Fonoteca Municipal de Lisboa
Marlene Dumas - Fonoteca Municipal de Lisboa
Marlene Dumas - Fonoteca Municipal de Lisboa
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Flash<br />
Sumário<br />
<strong>Marlene</strong> <strong>Dumas</strong> 6<br />
A aventura <strong>de</strong> uma pintora<br />
atenta à realida<strong>de</strong><br />
Vergílio Ferreira 12<br />
O que ele não publicou, mas<br />
também não <strong>de</strong>struiu<br />
Dave Eggers 14<br />
Escritor com causas<br />
São José Almeida 18<br />
Abriu o armário da<br />
homossexualida<strong>de</strong> na<br />
ditadura<br />
Mi Ami 22<br />
O rock como celebração<br />
tribal<br />
Miles Cleret 26<br />
O homem que reinventou<br />
África para o século XXI<br />
Charlotte Rampling 28<br />
Entrevista com a actriz<br />
Ficha Técnica<br />
Directora Bárbara Reis<br />
Editor Vasco Câmara, Inês Nadais<br />
(adjunta)<br />
Conselho editorial Isabel<br />
Coutinho, Óscar Faria, Cristina<br />
Fernan<strong>de</strong>s, Vítor Belanciano<br />
Design Mark Porter, Simon<br />
Esterson, Kuchar Swara<br />
Directora <strong>de</strong> arte Sónia Matos<br />
Designers Ana Carvalho, Carla<br />
Noronha, Mariana Soares<br />
Editor <strong>de</strong> fotografia Miguel<br />
Ma<strong>de</strong>ira<br />
E-mail: ipsilon@publico.pt<br />
Alguém adopta um<br />
Hitchcock mudo?<br />
A iniciativa foi já experimentada em<br />
diferentes áreas, nomeadamente<br />
em museus, bibliotecas e... jardins<br />
zoológicos. Trata-se <strong>de</strong> propor a<br />
alguém — uma empresa ou um<br />
privado — que, ao abrigo do<br />
mecenato, “adopte” e cui<strong>de</strong> do<br />
restauro ou da sobrevivência <strong>de</strong> um<br />
quadro antigo, <strong>de</strong> um livro raro ou<br />
<strong>de</strong>... um animal da sua estimação.<br />
Coube agora ao British Film<br />
Institute (BFI) recorrer a este<br />
expediente para tentar restaurar os<br />
primeiros filmes <strong>de</strong> Alfred<br />
Hitchcock (1899-1980). Com o mote<br />
“Adopte um Hitchcock”, a<br />
campanha arranca com uma lista<br />
<strong>de</strong> nove títulos, entre os quais está<br />
“The Lodger: A Story of the London<br />
Fog”, tido como obra-prima na<br />
altura do seu lançamento (1926). Os<br />
outros oito são igualmente filmes da<br />
fase inicial da carreira do gran<strong>de</strong><br />
mestre do suspense, ainda em<br />
versão muda e realizados em<br />
Inglaterra, e que têm em comum<br />
estarem a precisar <strong>de</strong> restauro para<br />
po<strong>de</strong>rem voltar a ser visionados<br />
com mais qualida<strong>de</strong>. Os restantes<br />
títulos em causa são “The Pleasure<br />
Gar<strong>de</strong>n”, (1925), “The Ring” (1927),<br />
“Downhill” (1927), “Easy Virtue”<br />
(1927), “The Farmers Wife” (1927),<br />
“Champagne” (1928), “The<br />
Manxman” (1929) e “Blackmail”<br />
(1929).<br />
O montante <strong>de</strong>sta operação é<br />
estimado pelo BFI em cerca <strong>de</strong> 1,2<br />
milhões <strong>de</strong> euros, e po<strong>de</strong>-se ace<strong>de</strong>r<br />
a mais informação sobre a<br />
campanha no “site” do BFI:<br />
(www.bfi.org.uk/nationalarchive/<br />
hitchcock), on<strong>de</strong> todo o tipo <strong>de</strong><br />
contribuições são “most welcome”.<br />
Por exemplo, um quarto <strong>de</strong> libra<br />
(30 cêntimos) chega para restaurar<br />
50 centímetros <strong>de</strong> filme; uma<br />
contribuição <strong>de</strong> 5 mil libras (6 mil<br />
euros) já dá direito a que o nome do<br />
dador passe a figurar nos créditos<br />
<strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cimento; 100 mil libras<br />
(120 mil euros) chega para restaurar<br />
todo um filme, diz o BFI, que<br />
consi<strong>de</strong>ra os nove títulos <strong>de</strong><br />
Hitchcock “uma parte crucial da<br />
história britânica”. E sublinha:<br />
Hitchcock<br />
Afinal,<br />
Bacon<br />
<strong>de</strong>senhavaa<br />
Francis Bacon dizia que não<br />
sabia <strong>de</strong>senhar. Mas os<br />
cerca <strong>de</strong> 41 <strong>de</strong>senhos da<br />
autoria do pintor angloirlandês<br />
(1909-1992) que<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o dia 5 po<strong>de</strong>m ser<br />
vistos na Fundação Eugénio<br />
Almeida, em Évora, na<br />
exposição “Bacon: A Ponta<br />
do Iceberg”, <strong>de</strong>smentem<br />
essa i<strong>de</strong>ia. São os<br />
chamados “Desenhos<br />
Italianos”, produzidos nos<br />
anos 1980 por um Bacon<br />
já septuagenário, e<br />
oferecidos a um jovem<br />
jornalista italiano,<br />
Cristiano Ravarino, com<br />
o qual Bacon manteve uma<br />
relação durante um período<br />
que passou em Itália.<br />
Despreocupado,<br />
<strong>de</strong>scontraído, longe da<br />
fama e das atenções que o<br />
incomodavam em<br />
Inglaterra, Bacon<br />
<strong>de</strong>senhava — e distribuía os<br />
seus <strong>de</strong>senhos por<br />
Ravarino, mas também por<br />
“homens e mulheres que<br />
não podiam sequer<br />
imaginar o valor do<br />
presente, donos <strong>de</strong> bares,<br />
restaurantes e pequenas<br />
pousadas, ao que parece<br />
como pedido <strong>de</strong> <strong>de</strong>sculpa<br />
pelos seus estados <strong>de</strong><br />
embriaguez”, conta<br />
Alessandro Riva num texto<br />
do catálogo.<br />
O inglês Eduard Lucie-<br />
Smith, comissário da<br />
exposição e um dos<br />
principais estudiosos <strong>de</strong><br />
Bacon, explicou ao Ipsílon<br />
que existiu uma gran<strong>de</strong><br />
controvérsia sobre a<br />
autenticida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes<br />
<strong>de</strong>senhos, em parte<br />
motivada pelo facto <strong>de</strong> o<br />
pintor ter assumido<br />
publicamente,<br />
variadíssimas vezes, não<br />
<strong>de</strong>senhar, mas também por<br />
ser normal <strong>de</strong>itar fora<br />
trabalhos ou oferecê-los a<br />
amigos, entre os quais o<br />
Os <strong>de</strong>senhos <strong>de</strong> Francis Bacon não eram feitos para<br />
escritor ven<strong>de</strong>r. O pintor distribuía-os por donos <strong>de</strong> bares<br />
Steven<br />
como pedido <strong>de</strong> <strong>de</strong>sculpa pela sua embriaguez<br />
Spen<strong>de</strong>r e<br />
oactor<br />
Paul<br />
Danquah.<br />
Segundo<br />
Lucie-<br />
Smith, a<br />
Ravarino<br />
terá dado<br />
“250<br />
<strong>de</strong>senhos,<br />
talvez mais”.<br />
São<br />
<strong>de</strong>senhos em<br />
vários<br />
formatos <strong>de</strong><br />
papel, a cores<br />
e a preto e<br />
branco, a<br />
maior parte<br />
<strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />
dimensão,<br />
assinados e<br />
autónomos.<br />
Os <strong>de</strong>senhos <strong>de</strong><br />
célebre<br />
Bacon não<br />
retrato do Papa Inocêncio X<br />
eram feitos para ven<strong>de</strong>r, (a partir <strong>de</strong> Velázquez),<br />
pelo contrário: uma gran<strong>de</strong> crucificações e autoretratos.<br />
parte do trabalho foi<br />
escondida do público. Sendo hoje evi<strong>de</strong>nte que a<br />
“Alguns <strong>de</strong>senhos repensam obra <strong>de</strong> Bacon é fértil em<br />
e recapitulam” trabalhos <strong>de</strong>senhos, o que se po<strong>de</strong><br />
anteriores, explica ainda o <strong>de</strong>duzir da repetida<br />
comissário. “Mais velho e afirmação do pintor, e <strong>de</strong><br />
com mais experiência”, outros, <strong>de</strong> que nunca criou<br />
Bacon regressa a temas que qualquer tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho?<br />
já tinha trabalhado, como o Maria <strong>Lisboa</strong><br />
Ípsilon • Sexta-feira 9 Julho 2010 • 3