<strong>30</strong> histór ia u n i m e d vitór ia <strong>30</strong> a n o se n t r e v i s t aAlexandre RuschiNos últimos <strong>anos</strong>, a história da <strong>Unimed</strong> Vitória foimarcada por grandes avanços, muitos deles lidera<strong>do</strong>spor Alexandre Augusto Ruschi Filho, presidenteda singular desde março de 2003. Atualmente emseu segun<strong>do</strong> mandato, na entrevista abaixo ele traçaum panorama sobre o desenvolvimento da cooperativae os projetos para o futuro.Quais os desafios enfrenta<strong>do</strong>s na época de implantaçãoda <strong>Unimed</strong> Vitória e nos dias de hoje?A <strong>Unimed</strong> Vitória foi fundada 12 <strong>anos</strong> depois de constituída aprimeira <strong>Unimed</strong> <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>; nós somos a 80ª <strong>Unimed</strong>. Aqueleera um momento em que a questão da atividade mercantil damedicina e a proliferação das medicinas de grupo eram muitovigorosas. O surgimento da <strong>Unimed</strong> Vitória veio dentro <strong>do</strong>contexto de seguir um movimento nacional, que começou emSantos, veio ascenden<strong>do</strong> em to<strong>do</strong> o <strong>Brasil</strong>, e nos pegou aquiem 1979. Esse grupo de médicos já começava a perceber quehavia a necessidade de buscar uma alternativa que nos desseum conforto maior <strong>do</strong> ponto de vista da ética, da responsabilidadee da relação com o cliente. Foi o modelo cooperativistao escolhi<strong>do</strong>.Então o cooperativismo médico nasceu como uma reaçãoa esse modelo?Sim, são duas coisas. Essa era a mais forte, porque o médicosempre teve no exercício da atividade liberal um princípio. Talvezseja a profissão mais liberal de todas e, naquele momento,<strong>30</strong> <strong>anos</strong> atrás, essa atividade era liberal mesmo. O movimentomercantil assustou muito o médico, quan<strong>do</strong> ele começou ater um empresário intermedian<strong>do</strong> a atividade dele. E o que eletinha além disso era o Sistema Público de Saúde, que naquelemomento se desordenou demais, modifican<strong>do</strong> muito o perfilda relação <strong>do</strong> médico com a sociedade. Nesse momento,o cooperativismo ocupou um espaço em que o médico podianovamente se colocar como intermedia<strong>do</strong>r, mas através deuma estrutura empresarial que dava a ele condições de competitividadeem relação a outras empresas. Isso obviamente foise aperfeiçoan<strong>do</strong> na medida em que o modelo exigiu. Ultimamente,mais ainda, não somente pela questão da competitividade,mas da regulamentação <strong>do</strong> setor, que veio dar o incrementofinal a essa atividade. As empresas mercantis sofrerammais com isso que as cooperativas, e muitas desapareceram.A partir daí, o movimento de regulação se tornou tão intensoque as cooperativas tiveram que aprimorar de forma definitivaseu sistema de gestão, no senti<strong>do</strong> de criar uma estruturaempresarial que desse suporte à operação, com investimentosem recursos próprios.Quais os principais marcos na história da singular?Duas coisas são relevantes. Uma foi a opção pela verticalizaçãoe a segunda foi a profissionalização da gestão.A <strong>Unimed</strong> Vitória é a primeira empresa de assistência médica<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> a entrar para o Hall of Fame no Gerenciamentoda Estratégia. Como se chegou à excelência nessa área?
histór ia u n i m e d vitór ia <strong>30</strong> a n o s 31O início foi há 13 <strong>anos</strong>, quan<strong>do</strong> entendemos que a empresaprecisava assumir uma postura de planejar para atingir seusobjetivos. Em 1996, a singular começou a conhecer o queera planejamento estratégico e a discutir sobre isso. Numdetermina<strong>do</strong> momento, entendemos que tínhamos alcança<strong>do</strong>maturidade na gestão da estratégia, solidificada porferramentas bem contemporâneas de acompanhamento eplanejamento, que nos davam a oportunidade de sermostesta<strong>do</strong>s. Foi aí que nos candidatamos a sermos examina<strong>do</strong>spelos idealiza<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Balanced Scorecard (BSC), nos submetemosa um procedimento de auditoria, e fomos contempla<strong>do</strong>scom a premiação. Realmente é um marco importanteporque nos inserimos num grupo seletíssimo deempresas no mun<strong>do</strong> to<strong>do</strong> que conseguiram fazer com queessa ferramenta, reconhecida mundialmente, se adaptassebem ao negócio.A que atribuiu o crescimento da <strong>Unimed</strong> ao longo <strong>do</strong>súltimos <strong>30</strong> <strong>anos</strong>?Hoje, são mais de 250 mil clientes. Acho que ao reconhecimentoda sociedade capixaba à proposta de modelo <strong>do</strong> negócioque a <strong>Unimed</strong> se propõe a fazer, adequada a atenderaos seus objetivos, e que caminha no senti<strong>do</strong> de acompanharos movimentos contemporâneos. Além disso, a estruturaçãoda empresa agregou valor e trouxe um aumento cadavez maior no número de clientes. O processo de regulamentaçãofoi outro marco relevante, que veio no senti<strong>do</strong> de homologara decisão de que a empresa tem de estar focadaem uma estrutura sólida para se estabelecer, algo que já estavasen<strong>do</strong> feito aqui dentro.Em sua missão, a <strong>Unimed</strong> Vitória destaca a importância <strong>do</strong>atendimento humaniza<strong>do</strong> e da contribuição para o desenvolvimentoda sociedade. Como a empresa tem trabalha<strong>do</strong>para alcançar essas metas?Nenhum outro ator desse negócio é capaz de entregar oserviço da forma que nós entregamos, porque nossos cercade 2.200 médicos, que são os <strong>do</strong>nos da cooperativa, serelacionam com os clientes. Qualquer outra empresa desseramo sempre se coloca através de um intermediário. Já temosum diferencial <strong>do</strong> ponto de vista da humanização queninguém consegue superar. O segun<strong>do</strong>: o modelo <strong>do</strong> cooperativismotem como um <strong>do</strong>s seus princípios fundamentaisa questão da solidariedade, da relação com a comunidade.A singular investe em atividades sociotransforma<strong>do</strong>ras,elegen<strong>do</strong> como prioridades três das oito Metas <strong>do</strong> Milêniodefinidas pela Organização das Nações Unidas (ONU): Reduçãoda Mortalidade Infantil, Melhoria da Saúde Maternae Qualidade de Vida e Respeito ao Meio Ambiente. Quan<strong>do</strong>a empresa começou a investir nessas ações e quais asprincipais estratégias desenvolvidas?Há uns oito <strong>anos</strong>, entendemos que a área de ResponsabilidadeSocial precisava perder o caráter puramente filantrópicoe promocional para se tornar um setor que desenvolvesseações transforma<strong>do</strong>ras junto à sociedade. Em outra etapa,a empresa entendeu que essa área deveria estar diretamenteligada à presidência da empresa, por conta de sua relevância.Compreendemos também que o melhor caminho ase seguir era a<strong>do</strong>tar questões vistas como impactantes nomun<strong>do</strong> inteiro, ou seja, as Metas <strong>do</strong> Milênio, buscan<strong>do</strong> aquelasque têm mais identidade com o perfil de nossa empresa,de saúde. Procuramos desenvolver ações que impactamo cotidiano na sociedade, e não apenas aquelas que amenizam,num determina<strong>do</strong> momento, uma ansiedade.A <strong>Unimed</strong> já estabeleceu metas para o futuro, dentre elasa melhoria da satisfação da clientela e <strong>do</strong>s coopera<strong>do</strong>s, afidelização <strong>do</strong>s antigos e a incorporação de novos clientes,além da redução de custos, por meio da gestão eficiente.Como a singular pretende chegar lá?Hoje fazemos três pesquisas anuais, monitoradas pelo InstitutoFutura, para analisar a satisfação <strong>do</strong>s nossos públicos –internos e externos: coopera<strong>do</strong>s, trabalha<strong>do</strong>res, clientes. Anoa ano, os indica<strong>do</strong>res são bons, e não há tendência de queda.Trabalhar pl<strong>anos</strong> estratégicos que envolvem os quatro<strong>anos</strong> da gestão e revisá-los anualmente é uma prática naempresa. Para isso, utilizamos um diagnóstico que envolveos cenários interno e externo. E essa questão <strong>do</strong> estabelecimentode metas passa pelo modelo de gestão estratégicaa<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> pela empresa.A <strong>Unimed</strong> está investin<strong>do</strong> em uma nova política comercial,focada na venda de Pl<strong>anos</strong> para Pequenas e Médias Empresas(PME). Como esses processos se davam antes e quala tendência buscada?Isso mostra uma vertente da <strong>Unimed</strong> que fica um poucosegregada, porque as pessoas acham que é um plano desaúde inacessível às pequenas empresas. Nossa estratégia émostrar que o fato de não termos um intermediário torn<strong>anos</strong>so plano mais barato, e nossa preocupação com uma remuneraçãoética, digna e transparente de nosso médico émuito importante, pois de nada adianta vender algo baratose quem vai prestar o serviço vai atender mal por estar receben<strong>do</strong>mal. Basta as empresas entenderem o nosso princípio,que não é apenas vender, mas também entregar um bom